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SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em baixa firme, próxima de 10 pontos-base em alguns vencimentos, com o mercado reagindo a números fracos do emprego privado nos EUA e à decisão de política monetária do Federal Reserve, enquanto aguarda o anúncio sobre juros do Banco Central do Brasil.
A “superquarta” começou a pegar tração com a divulgação dos dados de emprego privado nos EUA. O Relatório Nacional de Emprego da ADP mostrou que em dezembro foram criados 107 mil postos de trabalho no setor privado norte-americano, bem abaixo dos 145 mil postos esperados por economistas consultados pela Reuters. Para completar, os dados de dezembro foram revisados para baixo, mostrando 158 mil empregos criados, em vez dos 164 mil informados anteriormente.
Os dados da ADP foram o gatilho para uma baixa firme dos rendimentos dos Treasuries, em meio às apostas — naquele momento — de que o Fed poderá, de fato, iniciar o ciclo de corte de juros em março.
No Brasil, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) acompanharam. A taxa do contrato para janeiro de 2027 chegou a cair cerca de 11 pontos-base às 11h48, já após os números da ADP.
À tarde, o Fed anunciou a manutenção de sua taxa de juros de referência na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano — como era largamente esperado – mas após a decisão houve certa volatilidade nos mercados de juros futuros, como de costume. Os rendimentos dos Treasuries recuperaram parte da força, com reflexos também nas taxas dos DIs.
Fed mantém taxa de juros nos EUA pela 4ª reunião seguida e evita sinalizar cortes
Segundo o comunicado do Fomc, o Comitê não espera que seja apropriado reduzir o intervalo da meta até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%
EUA: setor privado cria 107 mil vagas em janeiro, abaixo do esperado, mostra ADP
Economistas consultados pela Reuters previam ganho de 145 mil postos de trabalho
Em sua comunicação, o Fed descartou a possibilidade de novos aumentos de juros e, ao mesmo tempo, adotou uma postura cautelosa em relação ao início do ciclo de cortes.
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“Tem uma passagem ali (no comunicado do Fed) que é bem clara, em que dizem que (os membros da instituição) não estão confortáveis ainda em reduzir os juros, enquanto não tiverem confiança de que a inflação vai para 2%”, pontuou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala. “Com isso, o Fed empurra o corte de juros de março para maio.”
Segundo Gala, o mercado “se empolgou” anteriormente com a ideia de que o Fed poderia iniciar o ciclo de cortes em março, mas o comunicado desta quarta-feira teria deixado claro que isso ficará mais para frente.
Como a fala do chair do Fed, Jerome Powell, tendo ocorrido depois das 16h30 — horário do fechamento dos negócios regulares com juros futuros — eventuais ajustes adicionais na curva de juros brasileira ficam para quinta-feira.
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No Brasil, as atenções se voltam agora para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que divulgará o novo patamar da taxa básica Selic após as 18h30. A expectativa majoritária do mercado é de que o BC corte novamente a taxa em 0,50 ponto percentual, de 11,75% para 11,25% ao ano, como vem sendo sinalizado pela instituição.
Assim como no caso do Fed, o foco estará na mensagem do BC no comunicado, que pode dar pistas sobre os próximos passos da instituição.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 9,96%, ante 9,993% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,64%, ante 9,7% do ajuste anterior.
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Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,79%, ante 9,869%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,06%, ante 10,141%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,48%, ante 10,572%.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em queda após a decisão do Fed.
Às 16:36 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 8,60 pontos-base, a 3,9709%.