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As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira (14) em queda firme no Brasil, superior a 20 pontos-base em alguns vencimentos, com investidores realizando parte dos lucros recentes após reportagem da Reuters informar que o governo se prepara para apresentar medidas de contenção de gastos após as eleições municipais.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,132%, ante 11,146% do ajuste anterior.
A taxa para janeiro de 2026 estava em 12,545%, ante o ajuste de 12,656%, e o vencimento para janeiro de 2027 marcava 12,655%, ante 12,85%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,58%, ante 12,783%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,51%, ante 12,695%.
Nas três sessões anteriores as taxas dos DIs haviam registrado ganhos fortes em meio a preocupações com a capacidade do governo Lula de equilibrar as contas públicas. Algumas taxas chegaram a tocar os 12,90% na sexta-feira (11), o que deixava espaço para uma realização de lucros caso surgissem gatilhos para isso nesta segunda-feira.
Durante a manhã as taxas dos DIs já cediam na esteira de comentários do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, que reforçou o compromisso da autarquia com a meta de inflação de 3%.
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Em sua primeira fala pública após ter tido sua indicação para assumir a presidência do BC em 2025 aprovada pelo Senado, Galípolo também reiterou que a desancoragem das expectativas de inflação segue preocupando.
“A taxa de juros básica aqui está se movendo basicamente observando o que está acontecendo do ponto de vista da atividade e olhando para as projeções da inflação dentro do horizonte relevante”, disse, em evento promovido pelo Itaú BBA.
Mas o principal gatilho para a queda das taxas dos DIs surgiu no início da tarde, em matéria da Reuters informando que o governo prepara medidas de contenção de gastos obrigatórios, a serem apresentadas após a realização do segundo turno das eleições municipais, no fim deste mês.
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Segundo duas autoridades do Ministério da Fazenda, o tema é tratado com mais prioridade dentro da pasta do que o aumento da isenção do Imposto de Renda (IR) para os trabalhadores que ganham até R$ 5.000 mensais.
Um primeiro pacote buscará tratar pontualmente de gastos específicos, iniciativa que deve ser acompanhada de um segundo eixo com propostas mais estruturais e “mais duras”.
“As taxas já estavam cedendo um pouco, mas o movimento ganhou tração com a matéria, com o real indo bem também”, comentou durante a tarde o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano.
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A taxa do DI para janeiro de 2031 — um dos mais líquidos — atingiu a mínima de 12,58% às 15h56 e oscilou perto deste nível até o fechamento, em baixa de 20 pontos-base ante o ajuste da sexta-feira, com investidores eliminando prêmios da curva na esteira da notícia sobre o pacote de cortes.
A redução de prêmios foi maior na ponta longa da curva, justamente o trecho mais afetado pelo risco fiscal. Na ponta curta, porém, também houve redução de prêmios, o que se refletiu em apostas um pouco menores de que o Banco Central poderá subir a taxa básica Selic em 75 pontos-base em novembro.
Perto do fechamento desta segunda-feira a curva precificava 98% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em novembro, contra apenas 2% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram de 91% e 9%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.
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Pela manhã, também no evento do Itaú BBA, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo ainda está na etapa de análise para elaboração do projeto de reforma do Imposto de Renda, com estudos que incluem avaliação sobre a eficácia das deduções atuais, além da análise de modelos internacionais de tributação de dividendos.
Haddad pontuou ainda que o governo pode rever mais uma vez a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto em 2024. Em setembro o governo elevou sua projeção de alta para o PIB de 2,5% para 3,2%.
Também pela manhã, o Banco Central informou que o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado um sinalizador do PIB, avançou 0,2% em agosto sobre o mês anterior, em dado dessazonalizado. A leitura foi um pouco melhor do que a expectativa de estabilidade em pesquisa da Reuters, marcando uma retomada ante a queda de 0,6% de julho, em dado revisado.
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O recuo forte das taxas dos DIs nesta segunda-feira contrastava com o movimento dos rendimentos dos Treasuries no exterior, que oscilavam próximos da estabilidade. Às 16h39, o rendimento do Treasuries de 10 anos estava em alta, a 4,0963%, ante 4,073% no pregão anterior.