Taxas de juros longas despencam enquanto Haddad negocia medidas fiscais em Brasília

A queda das taxas no Brasil também está em sintonia com o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior

Equipe InfoMoney

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As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira com fortes baixas, de 25 pontos-base em alguns vencimentos longos, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelar viagem à Europa e indicar que as novas medidas fiscais do governo devem ser anunciadas nesta semana.

A queda das taxas no Brasil também está em sintonia com o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, depois de uma pesquisa mostrar a candidata presidencial democrata, Kamala Harris, à frente do republicano Donald Trump no Estado de Iowa — tradicional reduto republicano nos EUA.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,324%, ante 11,328% do ajuste anterior. A taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 12,895% ante 13,081%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,97%, em queda de 25 pontos- base ante o ajuste de 13,219%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,88%, ante 13,124%.

Após a forte alta da sexta-feira, as taxas futuras no Brasil já começaram o dia com baixas firmes, reagindo positivamente ao cancelamento da viagem de Haddad à Europa para se dedicar a “temas domésticos”, conforme nota divulgada pelo ministério no domingo.

O otimismo dos investidores foi reforçado no fim da manhã após Haddad afirmar que as medidas fiscais discutidas pelo governo estão “adiantadas” e que teria uma reunião sobre o tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda nesta segunda-feira. Haddad deixou a Fazenda e foi para o Planalto no meio da tarde para discutir as medidas a serem adotadas. Os ministros Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão) também participam da reunião com o presidente.

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Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que, mesmo que as medidas não sejam anunciadas nesta segunda-feira, a permanência de Haddad em Brasília já foi um sinal positivo emitido pelo governo, trazendo alívio à curva.

O exterior era outro fator favorável. No fim de semana, pesquisa mostrou Kamala com 47% das intenções de voto em Iowa, contra 44% de Trump. O resultado está dentro da margem de erro, de 3,4 pontos percentuais, mas ajudou na desmontagem de parte do “Trump trade” — as apostas no mercado de que o republicano vencerá a corrida eleitoral.

Como Trump é visto como um candidato com políticas mais inflacionárias, a pesquisa favorável a Kamala fez os rendimentos dos Treasuries de dez anos cederem para abaixo de 4,30% durante a sessão, o que também pesou sobre a curva a termo brasileira.

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O trecho curto da curva traduziu o aumento das apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevará a taxa básica Selic em 50 pontos-base na próxima quarta-feira — um dia após a eleição nos EUA e um dia antes da decisão do Federal Reserve sobre juros.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava 95% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic na quarta, contra 5% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram de 88% e 12%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 6 pontos-base, a 4,305%.