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A aceleração dos rendimentos dos Treasuries de prazos mais longos fez as taxas longas dos DIs passarem a subir no Brasil durante a tarde desta terça-feira, 28, enquanto as taxas curtas ainda sustentaram leves baixas na esteira da inflação favorável medida pelo IPCA-15 de maio, divulgado pela manhã.
Na prática, o resultado do dia foi a inclinação da curva a termo brasileira.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,37%, ante 10,371% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,685%, ante 10,715% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 11,01%, ante 11,028%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,31%, ante 11,295%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,72%, ante 11,668%.
Na primeira metade do dia, as taxas futuras recuavam em toda a curva brasileira, influenciadas pelos números de inflação no Brasil.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15(IPCA-15) subiu 0,44% em maio, depois de ter avançado 0,21% em abril. Apesar da aceleração, o aumento em maio foi inferior à expectativa de alta de 0,48% da pesquisa da Reuters.
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Além disso, nos 12 meses até maio o índice passou a acumular alta de 3,70%, ante 3,77% no mês anterior e expectativa de 3,72%.
Ainda que o acumulado em 12 meses siga acima da meta de inflação de 3%, o IPCA-15 foi bem recebido por boa parte dos analistas. Entre os pontos positivos, a média dos núcleos de inflação desacelerou de maio para abril, assim como o índice de difusão.
Em reação, a taxa para o DI de janeiro de 2027 — um dos mais líquidos — atingiu o valor mínimo de 10,895% às 9h53, em queda de 13 pontos-base ante o ajuste do dia anterior.
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Até o início da tarde houve certa recuperação nas taxas dos DIs, mas ainda assim o viés era negativo em toda a curva. O cenário mudou após os rendimentos dos Treasuries com prazos mais longos acelerarem os ganhos no início da tarde, reagindo a declarações cautelosas de uma autoridade do Federal Reserve a dados econômicos positivos dos EUA e a um leilão de títulos norte-americanos de cinco anos.
Pela manhã, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que o banco central dos EUA deve esperar por um progresso significativo na inflação antes de reduzir sua taxa de juros. Já o Conference Board informou que seu índice de confiança do consumidor aumentou para 102,0 este mês, de 97,5 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice cairia para 95,9.
No início da tarde, os yields dos Treasuries de cinco anos atingiram o maior nível desde o início de maio logo após o leilão de títulos. Com isso, os rendimentos dos Treasuries de dez anos também aceleraram.
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Com o movimento visto no mercado norte-americano, as taxas dos DIs com prazos mais longos migraram para o positivo no meio da tarde e sustentaram ganhos até o fechamento. Na ponta curta, o viés de baixa trazido pelo IPCA-15 foi praticamente apagado pela influência do exterior.
“Tinha tudo para a curva estar fechando aqui hoje, porque tivemos um IPCA-15 abaixo das expectativas, com serviços subjacentes desacelerando, mas o cenário externo acabou impactando”, comentou durante a tarde Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.
Ainda assim, as taxas curtas sustentaram leves baixas no fechamento, sob influência do IPCA-15.
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“Nossa curva já estava embutindo dificuldade de mais cortes (da taxa básica Selic). Agora, com os números de inflação, há um pouco de dúvida sobre isso”, comentou Sueishi.
Na véspera, as taxas já haviam reagido em queda a comentários considerados mais brandos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre as expectativas de inflação. Apesar de destacar que as expectativas de inflação voltaram a subir, ele afirmou em evento em São Paulo que “no longo prazo isso deve se estabilizar e voltar a melhorar”.
Perto do fechamento desta terça-feira a precificação da curva a termo indicava 82% de chances de manutenção da Selic em 10,50% ao ano em junho, contra 18% de probabilidade de corte de 25 pontos-base.
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No exterior, os yields seguiam em alta na ponta longa.
Às 16h39, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 7 pontos-base, a 4,54%. Já o retorno do papel de 30 anos avançava 8 pontos-base, a 4,656%.