Taxas de juros curtas sobem e traduzem 44% de chance de alta de 100 pb da Selic

Com o movimento do dia a probabilidade de alta de 100 pontos-base da Selic este mês aumentou para mais de 44% na curva termo

Reuters

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As taxas dos DIs de curto prazo subiram nesta quarta-feira, refletindo a percepção do mercado de que a economia brasileira está operando com potencial inflacionário, enquanto as taxas de longo prazo cederam em meio a ajustes técnicos, a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o pacote fiscal do governo e à perda de força dos rendimentos dos Treasuries.

Com o movimento do dia a probabilidade de alta de 100 pontos-base da Selic este mês aumentou para mais de 44% na curva termo.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,763%, ante 11,695% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,105%, em alta de 6 pontos-base ante o ajuste de 14,042%.

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Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,93%, ante 13,976% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,78%, em baixa de 3 pontos-base ante 13,814%.

Os investidores ainda reagiam nesta quarta-feira aos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil divulgados na véspera, que mostraram a economia crescendo 0,9% no terceiro trimestre deste ano, um número sólido apesar da desaceleração em relação ao avanço de 1,4% registrado no período anterior.

Com o dado do PIB, somado ao patamar alto do dólar e à aceleração recente do IPCA, agentes financeiros projetavam que o Banco Central precisará subir mais os juros que o previsto anteriormente, o que impulsionava as taxas dos contratos mais curtos.

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“A curva de juros tem uma mensagem clara para o que está acontecendo internamente, tanto em aquecimento econômico quanto na questão cambial… As taxas curtas estão refletindo esse cenário inflacionário, com o crescimento forte e o dólar alto”, disse Harrison Gonçalves, CFA e sócio da CMS Invest.

No caso das taxas longas, Gonçalves indicou que as quedas desta quarta-feira ocorreram em meio a ajustes técnicos, após os fortes avanços recentes.

A parte longa da curva também exibiu certo alívio após declarações de Haddad. O ministro fez críticas à forma como parte do mercado financeiro recebeu o pacote fiscal lançado na semana passada e disse que as medidas anunciadas são suficientes para o momento, prevendo a aprovação no Congresso ainda este ano, sem descartar a possibilidade de mais ações se necessário.

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No exterior, os rendimentos dos Treasuries perderam força após a divulgação de números sobre a economia norte-americana. Dados da ADP mostraram que foram gerados 146.000 empregos no setor privado dos EUA em novembro, após avanço revisado para baixo de 184.000 em outubro. Já o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor não manufatureiro caiu para 52,1 no mês passado, depois de ter subido a 56,0 em outubro.

Apesar do alívio na ponta longa da curva brasileira, o atual cenário fiscal seguia como barreira para quedas mais profundas nas taxas.

“A ponta longa já está precificando um cenário fiscal ruim, mas com alguns ajustes de posição, sem nada estrutural. Para cair mais, vamos precisar que BC e governo recuperem a credibilidade do país”, completou Gonçalves.

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Perto do fechamento a curva brasileira precificava 44% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da taxa básica Selic este mês, contra 56% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 25% e 75%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 11,25% ao ano.

“Se pegamos o início de novembro, as apostas estavam em uma alta de 50 pontos-base em dezembro. Os 75 pontos eram marginais. Hoje o cenário preponderante é o aumento de 75 pontos, mas o mercado já joga com uma possível alta de 100”, pontuou João Ferreira, sócio da One Investimentos. “Atribuo isso ao anúncio do pacote fiscal do governo, que está longe de chegar ao que se esperava.”

Às 16h34, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 4 pontos-base, a 4,176%.

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