Tarifa, imigração e petróleo devem ditar falas e normas iniciais de Trump, diz Megale

Economista-chefe da XP vê essas três frentes como as principais de impacto nos mercados globais

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Caio Megale, economista-chefe da XP, comandou o programa Morning Call da XP desta segunda (20), dia da posse do presidente eleito do Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, a expectativa é que o republicano venha com uma série de decretos para começar a colocar as promessas de campanha em vigor.

A economia aponta três frentes importantes a observar no primeiro de Trump discurso como presidente e os decretos iniciais a serem assinados por ele.

Brasil pode ser afetado

“O primeiro é tarifas e impostos. Isso inclui tarifa internacional, principalmente com relação a China, mas tem outros parceiros comerciais como México e Canadá”, disse.

Segundo Megale, o Brasil pode ser afetado em alguns setores. “Não há uma expectativa que ele já hoje fale em números, o tamanho do aumento de tarifas, mas esse deve ser o primeiro tema que ele deve sinalizar no seu discurso de posse ou nos decretos que vão sair”, avaliou.

Para Megale, tarifa de importação “não é bom”. “Isso leva a uma guerra comercial, diminui o crescimento global, aumenta pressões inflacionárias. Mas, por outro lado, muito desse risco de aumento de tarifa está nos preços. Talvez tenha uma simetria nesse tema. Se o Trump não soar muito duro, talvez o mercado dê uma melhorada em resposta a isso”, comentou.

Inflação de serviços

O segundo tema é a imigração. “Isso é muito relevante para as relações internacionais e inflação doméstica nos Estados Unidos. A gente sabe que inflação de serviços está muito pressionada e é baseada em salários”, disse.

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“Um movimento de deportação em larga escala poderia gerar problema no mercado de trabalho (nos EUA) ao longo do tempo, tendo mais pressões inflacionárias”, complementou.

O terceiro tema importante apontado por Caio Megale são as diretrizes para a retomada da produção de petróleo nos Estados Unidos. “O governo que toma posse tem falado do protagonismo de retomar a produção energética”, pontou o economista.

Ele explicou que embora nas últimas semanas o Brent tenha recuperado o preço, ficando acima de US$ 80 o barril, ele chegou a bater perto de US$ 70. “Apesar dele pressionar a inflação, é positivo para o Brasil tanto para exportações como pela arrecadação de impostos”, disse.

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Megale citou que o petróleo se tornou um elemento importante na balança comercial do Brasil dado o aumento de produção dos últimos anos no país. Nesse cenário, tornou-se necessário agora observar as medidas dos Estados Unidos no setor.