Suzano (SUZB3): mercado comemora desistência de compra da IP e ações saltam 12%

Ações registravam forte queda desde primeiros rumores por temor com alavancagem e dificuldades de sinergias

Lara Rizério

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 A notícia de que a Suzano (SUZB3), após algumas tratativas, desistiu de comprar a International Paper, reverberou positivamente no mercado, que tinha reagido mal às tentativas da grande compra por ver desafios de sinergia e temer pela alavancagem da companhia brasileira. Assim, antes mesmo da abertura da B3, às 9h07 (horário de Brasília), os ADRs (recibo de ações, ou papéis da Suzano negociados na Bolsa de Nova York) SUZ saltavam 14,72%, a US$ 10,57. Já na B3, o dia foi de fortes ganhos durante toda a sessão: na máxima do dia, os ativos chegaram a saltar 16,30%, a R$ 59,09, fechando com ganhos de 12,18%, a R$ 57.

A Suzano disse alcançou o que entendeu ser “o preço máximo para que a transação gerasse valor” para si, mas que não houve engajamento da IP, conforme fato relevante.

“Portanto, em observância ao seu compromisso com a disciplina de capital, a Suzano formaliza que não seguirá na busca de uma transação envolvendo a aquisição da International Paper”, afirmou a produtora de papel e celulose no comunicado.

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“Sempre foi condição da Suzano para a concretização desta transação que houvesse o engajamento entre as partes em bases privadas, confidenciais e amigáveis. Não tendo sido possível avançar dessa forma, a Suzano optou por encerrar as tratativas.”

Em maio, veículos como a Reuters noticiaram que a Suzano havia contatado a International Paper para expressar interesse em uma aquisição, toda em dinheiro, que poderia ser avaliada em quase 15 bilhões de dólares, de acordo com fontes. Posteriormente, a Reuters publicou que a companhia brasileira discutia com seus assessores a possibilidade de melhorar a oferta pela IP. O contato ocorreu em meio a acordo da IP para comprar a produtora britânica de embalagens DS Smith por US$ 7,2 bilhões.

Em relatório da noite de ontem, o Morgan Stanley ressaltou que, com as ações SUZB3 caindo 14% desde os primeiros relatórios sobre a transação potencial (versus baixa de 5% do Ibovespa), já se esperava que as ações tivessem uma reação positiva às notícias, especialmente dado o ceticismo dos investidores em relação às potenciais sinergias decorrentes de uma potencial combinação entre Suzano e IP, bem como a geração de valor de qualquer transação desse tipo. “No entanto, acreditamos que a possibilidade de a Suzano adquirir uma empresa com ticket semelhante aos IPs permanecerá pendente e deverá limitar o desempenho das ações, mas ponderando não ter conhecimento de qualquer transação desse tipo ocorrendo”.

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Após a notícia, o Bradesco BBI reforçou a Suzano como a sua top pick (preferida) do setor de papel e celulose. “Embora os investidores ainda possam buscar mais visibilidade sobre os potenciais alvos da Suzano, acreditamos que a decisão reforça o compromisso da empresa com a disciplina de capital. Como também destacamos em relatórios anteriores acreditamos que a recente liquidação (queda de 22% em dólares desde o início de maio versus queda de 3% de pares e de 13% do MSCI LatAm) rapidamente precificou o risco de Suzano pagando a mais pelos ativos de IP”, avalia.

O JPMorgan apontou gostar de celulose e continuar acreditando que o negócio de celulose da Suzano tem sido o principal impulsionador da criação histórica de valor para os acionistas, reiterando overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para a ação.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.