Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11): Analistas falam em queda do preço de celulose e defendem cautela com ações do setor

Apesar de demanda na China crescente, a oferta deve subir com novas plantas e melhoras na cadeia de produção

Vitor Azevedo

Setor de papel e celulose (Shutterstock)
Setor de papel e celulose (Shutterstock)

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Se há uma tendência de otimismo entre especialistas para a maioria das commodities em 2023, principalmente por conta da perspectiva de crescimento da China, para a celulose o clima não é o mesmo. Em relatórios recentes, diversas casas, pelo contrário, pregaram que investidores têm de ter um pé atras com esse setor.

“Continuamos cautelosos com as ações de papel e celulose em 2023, em meio a um maior excesso de oferta do mercado e avaliações pouco atraentes para este ponto do ciclo”, dizem os analistas do Bradesco BBI, liderados por Thiago Lofiego, em relatório publicado nesta sexta-feira (20).

De acordo com eles, a demanda por celulose vinda da China, assim como no caso do minério de ferro e do petróleo, deve crescer em até 1,2 milhão de toneladas neste ano, por conta da diminuição das restrições impostas pela política de Covid Zero e pela retomada do crescimento. Porém, há, também, um crescimento do lado da oferta.

Contudo, apontam, a demanda crescente deve ser significativamente ofuscada por um salto de 3,2 milhões de toneladas no lado da oferta, com novos projetos relevantes (MAPA, Paso de los Toros), capacidades de dissolução de celulose de madeira para celulose de papel, uma vez que os preços foram significativamente corrigidos e reversão de interrupções de produção.

O Morgan Stanley, em publicação também de hoje, vai no mesmo caminho.

“Os preços da fibra longa na China subiram em janeiro, mas esperamos que os preços da celulose continuem caindo”, pontua a equipe liderada por Jens Spiess. “O movimento levantou questões sobre se os preços da celulose irão reverter sua trajetória de queda e se há uma leitura positiva para a fibra curta. Achamos que a resposta em ambos os casos é não”.

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Os especialistas destacam ainda que, por conta da alta dos preços, muito provavelmente produtores de papel, que compram celulose, usarão seus estoques, que estão elevados, antes de voltar ao mercado atrás da commodity.

“A demanda sazonal silenciosa e a melhoria da logística podem desencadear um ciclo de redução de estoque de curto prazo”, debatem. “Nossa visão é que os preços líquidos de BHKP [fibra curta] na China atingiram um pico de aproximadamente US$ 865 a tonelada em dezembro e continuarão caindo ao longo de 2023”.

Do lado positivo, o Bank of America, em relatório, destaca que as ações da Suzano (SUZB3) são papéis ainda atraentes, pois estão descontados mesmo levando em consideração o possível recuo do preço da commodity.

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“Nosso player preferido no setor continua sendo a Suzano, pois vemos o mercado precificando uma correção excessiva nos preços de celulose neste ano, mas rebaixamos a Klabin devido às pressões consideráveis de custos, preocupações com a alocação de capital e potencial revisão de investimentos para cima”, afirmam.

A instituição financeira americana tem, agora, recomendação underperform (desempenho abaixo média do mercado, equivalente à venda) para as ações unitárias da Klabin, com preço-alvo em R$ 21, ainda com potencial de alta de 5% frente ao preço de abertura desta sexta-feira. Para as ações ordinárias da Suzano, a recomendação é de compra, com preço-alvo em R$ 90, com potencial de alta de 82,9%.

O Bradesco BBI vê, porém, a Suzano como underperform, com preço-alvo em R$ 54, com potencial de alta de  9,7%, e a Klabin como neutra, com preço-alvo em R$ 25, com potencial de alta de 25%.

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Por volta das 12h desta sexta, as ações unitárias da Klabin caem 1,79%, a R$ 19,73, e as ordinárias da Suzano, 1,60%, a R$ 48,55.