Suzano (SUZB3): aquisição “modesta” diminui riscos de uma temida compra da IP?

Bradesco BBI avalia que sim e vê notícia positiva após forte queda dos ativos; já para o BBA, notícia é neutra

Lara Rizério

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A Suzano (SUZB3) fez uma aquisição – mas não foi da especulada International Paper. A companhia de papel e celulose anunciou uma compra de uma fatia minoritária de 15% da austríaca Lenzing, por valores bem mais modestos do que os rumores que pagaria pela IP. A empresa austríaca produz celulose solúvel (dissolving pulp) e tecidos, marcando sua estreia no mercado têxtil, pelo valor de cerca de R$ 1,3 bilhão. A Suzano ainda terá o direito de alterar o controle da Lenzing mediante aquisição de uma
participação adicional de 15% de ações da Lenzing detidas pela B&C

Na visão do Itaú BBA, a notícia é neutra. A operação é pequena para a Suzano, mas com possibilidades se abrindo pela frente.

“Embora o acordo não seja material do ponto de vista financeiro/de alavancagem, permitirá à Suzano compreender melhor a estrutura do mercado (consumidores, concorrentes, cadeia de fornecimento, etc.) antes de tomar uma decisão mais ousada”, apontam os analistas do banco.

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A empresa terá direito ainda a dois assentos no conselho da Lenzing. Além disso, o BBA vê que a Suzano poderia contribuir com expertise para ajudar na recuperação de algumas operações industriais da Lenzing.

Sobre o mercado da nova adquirida, o BBA ressalta que as aplicações da viscose na indústria têxtil têm aumentado nos últimos anos, principalmente na região Ásia-Pacífico, em parte devido ao seu apelo ESG mais ecológico quando comparado às fibras têxteis sintéticas.

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“Na nossa opinião, o negócio faz sentido do ponto de vista estratégico, dado que a Lenzing é um dos maiores produtores integrados de viscose (da pasta solúvel à viscose) fora da China, num mercado com importantes barreiras de entrada, uma vez que já é dominado por grandes players”, avalia o BBA.

Redução de riscos?

O Bradesco BBI reforça que o acordo com a Lenzing surge após cerca de um mês de especulações sobre se a Suzano poderia adquirir a International Paper (as discussões eram de uma oferta inicial de US$ 15 bilhões pela IP). Desde então, os preços das ações da Suzano caíram 18%, dado o risco de alavancagem pela International Paper e a visão de maiores desafios do que benefícios em uma potencial aquisição.

Neste sentido, o BBI questiona se este evento de compra da Lenzing pode representar uma redução de risco. “Com a Suzano anunciando uma nova aquisição estratégica, que inclui uma estrutura que demonstra disciplina em sua estratégia de alocação de capital, acreditamos que os investidores poderiam atribuir uma menor probabilidade de a Suzano pagar a mais pelos ativos da International Paper. Como resultado, acreditamos que o acordo com a Lenzing poderia sim ser visto como um evento de redução de risco para a Suzano”, avalia

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O banco destaca que o acordo com a Lenzing (i) terá impacto limitado na alavancagem da Suzano; (ii) poderia oferecer sinergias interessantes, já que a Lenzing possui uma operação de celulose solúvel no Brasil (500 mil ktpa, ou mil toneladas por ano, através de uma joint venture com a Dexco DXCO3); e (iii) agrega um portfólio de produtos de valor agregado e de nicho à Suzano.

O BBI destacou a notícia como positiva, uma vez que o acordo com a Lenzing reforça que a administração manterá uma estratégia disciplinada de alocação de capital. “Observamos que o mercado rapidamente precificou uma alta probabilidade de a Suzano pagar a mais por ativos de propriedade intelectual – após a recente liquidação, vemos a Suzano negociando com um rendimento de fluxo de caixa livre de 17%”, avalia. O BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 72,50, ou potencial de alta de 48%; o BBA também tem a mesma recomendação, mas com preço-alvo maior, de R$ 75 (upside de 53%).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.