Suzano: ação desaba após notícia sobre oferta bilionária por ativos da IP; por quê?

Analistas viram operação como cara e sem tantas sinergias; empresas não comentaram notícias

Equipe InfoMoney

Floresta plantada pela Suzano em Mucuri, na Bahia (Foto: Divulgação)
Floresta plantada pela Suzano em Mucuri, na Bahia (Foto: Divulgação)

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As ações da Suzano (SUZB3) registraram forte queda na sessão desta terça-feira (7) após notícia da Reuters de que a companhia de papel e celulose brasileira contatou a International Paper (IP) sobre uma oferta toda em dinheiro que pode ser avaliada em quase US$ 15 bilhões, segundo fontes ouvidas pela agência. O papel SUZB3 teve baixa de 12,27%, a R$ 52,18, liderando as perdas do Ibovespa. Já as ações da International Paper negociadas em Wall Street subiam 5,20%, a US$ 38,84.
O contato ocorreu menos de um mês depois que a IP acertou acordo para comprar a produtora britânica de embalagens DS Smith por US$ 7,2 bilhões. A transação, que tem previsão de ser concluída no quarto trimestre deste ano, pode ser interrompida pela oferta da Suzano.

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A Suzano, que tem um valor de mercado de US$ 15,2 bilhões, fez a comunicação da oferta equivalente a US$ 42 por ação verbalmente ao conselho de administração da IP e pode submeter uma proposta formal nos próximos dias, disseram as fontes.

A International Paper está preparada para rejeitar a oferta da Suzano como inadequada, disse uma das fontes.

A Suzano, que é a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, está em negociações para uma linha de financiamento que possa apoiar sua oferta e informou a IP que a proposta é condicionada ao abandono da compra da DS Smith, disseram as fontes.

Representantes da IP não comentaram o assunto de imediato e a Suzano afirmou que não vai se manifestar.

A tentativa da Suzano sobre a IP ocorre alguns anos depois que a Klabin (KLBN11) anunciou a compra de operações de papelão ondulado e papéis para embalagens da companhia norte-americana no Brasil, em um negócio de R$ 330 milhões.

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No ano passado, a irlandesa Smurfit Kappa fez acordo para comprar a norte-americana WestRock em um negócio de US$ 20 bilhões.

A IP disse no mês passado que a transação com a DS Smith aumentaria sua penetração na Europe e poderia gerar sinergias anuais antes de impostos de pelo menos US$ 514 milhões.

A combinação com a IP faria da Suzano um grupo relevante no mercado global de embalagens de papel.

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Em nota enviada ao mercado após o fechamento, a Suzano informou que está permanentemente analisando oportunidades de mercado e investimentos alinhados com a sua estratégia. “Nada obstante, a companhia esclarece que, até a presente data, inexiste qualquer documento formal ou celebração de qualquer acordo, vinculante ou não, por parte da Suzano, tampouco qualquer decisão ou deliberação de seus órgãos de administração em relação à potencial operação veiculada pela mídia”, destacou. Além disso, a empresa informou ainda ter realizado apurações internas pertinentes e inquiriu os seus administradores sobre a notícia veiculada na mídia antes de prestar o presente esclarecimento. “A companhia reitera o seu compromisso em manter o mercado devidamente informado a respeito de qualquer informação relevante”, finalizou.

Poucas sinergias

Para o Morgan Stanley, o investimento potencial relatado daria à Suzano exposição a embalagens em um mercado maduro e reduziria a volatilidade de seus lucros – a empresa já manifestou interesse em integrar o downstream no passado.

“Dito isto, embora os negócios da IP sejam periféricos aos da Suzano, não conseguimos ver sinergias significativas. O principal negócio da IP são embalagens industriais, que utilizam principalmente celulose de fibra longa e fibras recicladas (a Suzano produz apenas celulose de fibra curta). A IP também possui operações de celulose, mas a IP produz principalmente celulose de fibra longa. Além disso, o valor relatado do negócio é substancial e quase corresponde ao valor de mercado atual da Suzano (cerca de US$ 15,3 bilhões)”, ressalta o Morgan.

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Assumindo um valor de transação hipotético de US$ 14,6 bilhões, o banco calcula uma dívida líquida/Ebitda (dos últimos doze meses) pro forma de 5,4 vezes (versus indicador reportado no 4T23 de 3,1 vezes). Usando a sua previsão de Ebitda para os próximos doze meses e estimativas de consenso para a IP, a alavancagem líquida pró-forma diminuiria para cerca de 5,2, mas ainda estaria bem acima do limite da política de dívida líquida/Ebitda da empresa durante determinados períodos dos ciclos de investimento de 3,5 vezes.

“De acordo com a política de endividamento da Suzano, caso o índice seja descumprido temporariamente devido a alterações abruptas de fatores externos, a empresa poderá adotar um limite temporário de 4,0 vezes por até dois trimestres. Além disso, calculamos que o valor da transação implica um múltiplo EV/Ebitda nos últimos doze meses de 9,0 vezes versus 7,2 vezes da Suzano”, avalia o banco.

(com Reuters)