Suzano amarga queda com novela sobre IP; investir em SUZB3 se tornou caso “8 ou 80”?

Notícias sobre insistência da Suzano em comprar IP têm afetado as ações, mas analistas veem cenário melhor se IP seguir recusa em se unir à companhia

Equipe InfoMoney

Floresta plantada pela Suzano em Mucuri, na Bahia (Foto: Divulgação)
Floresta plantada pela Suzano em Mucuri, na Bahia (Foto: Divulgação)

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A novela sobre se a Suzano (SUZB3) irá comprar ou não comprar a International Paper continua, afetando as ações em Bolsa.

Na véspera, a Bloomberg informou que o CEO da International Paper, Andrew Silvernail, viajou para Londres para se encontrar com o CEO da DS Smith, Miles Robert, para reafirmar o seu compromisso em fechar a fusão entre os dois gigantes das embalagens, minimizando a oferta de aquisição da Suzano. O acordo de 5,8 bilhões de libras (US$ 7,4 bilhões) foi fechado em abril e uma aquisição pela Suzano poderia inviabilizar essa transação. Porém, enquanto isso, foi veiculado que a Suzano ainda está trabalhando em uma oferta pela IP, o que fez com que SUZB3 caísse 3,26%, em meio às preocupações de um forte aumento de alavancagem e de falta de sinergias se a operação for efetivada.

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Conforme destaca o Bradesco BBI, as ações da International Paper subiram mais de 20% desde que surgiram as primeiras notícias sobre o potencial negócio, em 6 de maio, tendo fechado ontem a US$ 45,50 por ação.

Enquanto isso, para a Suzano, embora os preços da celulose mais fortes por mais tempo devam ajudar a desbloquear um FCF (fluxo de caixa) forte e um balanço patrimonial forte para a companhia em 2025, o banco ainda vê mais desafios do que benefícios.

Para os analistas, deve-se considerar que: (i) não é o melhor momento, já que a Suzano ainda precisa executar o ramp-up (inicio das operações) do projeto Cerrado e avançar com o seu processo de desalavancagem, (ii) parece haver sinergias limitadas entre as duas empresas, e (iii) é um negócio maior do que o esperado, uma vez que os investidores esperavam iniciativas de fusões e aquisições que poderiam ser mais fáceis de digerir. “Embora reconheçamos que a Suzano poderia arcar com o negócio, preferiríamos ver a Suzano avançando com iniciativas de crescimento que sejam mais fáceis de digerir”, avalia.

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A Genial ressalta que os investidores não se alegraram, acreditando em uma potencial nova oferta mais alta e obstinação da companhia na aquisição. “Do lado racional, acreditamos que a IP não renunciará à compra da DS Smith, e que, portanto, ficaria muito difícil a Suzano chegar a um valor justo pelo ‘combo’ IP + DS Smith, o que inviabilizaria a proposta da Suzano”, aponta a casa de research.

Case binário?

Os analistas da Genial ressaltam as reações bastante negativas do mercado para SUZB3 desde o dia 7 de maio, após a Reuters ter divulgado a potencial aquisição da International Paper (IP) pela Suzano por US$ 15 bilhões (equivalente ao seu próprio Market Cap, antes do anúncio). As ações sofreram uma queda acumulada de 20% em cerca 25 dias, e o cenário carece de catalisadores consistentes de alta no curto prazo, uma vez que a incerteza perante a alocação de capital criou um ruído (overhang) nas ações, avaliam os analistas.

No dia 22 de maio, como consequência da alta volatilidade das ações, a Suzano veio a público confirmar que possui interesse nos ativos da IP, mas que segue sem ter feito uma proposta oficial para a aquisição. O CEO da IP, Andy Silvernail, declarou no dia 23 de maio que a companhia não está engajada na potencial oferta da Suzano para a aquisição e que segue focada na compra da DS Smith (maior companhia de embalagens da Europa), esperada para o 4T24, em acordo que está avaliado em cerca de US$ 10 bilhões, o que foi reforçado neste início de mês.

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No entanto, no mesmo dia, a Bloomberg divulgou uma matéria mencionando que a Suzano está em conversas com bancos japoneses (Mizuho, Nomura e Mitsubishi UFJ), para adquirir um empréstimo-ponte e preparar uma oferta oficial, elevando a alavancagem, justamente o grande temor dos investidores. A transação ocorreria em um formato similar ao da Fibria em 2018, envolvendo (i) dinheiro e (ii) troca de ações.

Para a Genial, um percentual relevante de queda de SUZB3 já aconteceu, então parte da negatividade que o mercado enxerga na aquisição já foi precificado. Assim, embora julgue que as ações possam cair um pouco mais mediante o anúncio oficial (se ele vier), procura não rebaixar a recomendação neste momento, devido a uma possibilidade (que ainda existe), de o acordo não acontecer, uma vez que a IP não está interessada em se desfazer da aquisição da DS Smith e que a Suzano não parece possuir estrutura para fazer uma oferta que englobe a IP + DS Smith juntas.

“Entendemos que se o acordo for confirmado as ações continuarão amargando perdas, dessa vez em níveis mais suaves, e ficarão sem catalisadores de alta mesmo com estreia de Cerrado. Por outro lado, o fluxo comprador voltaria para as ações caso o IP negue consistentemente o interesse em aceitar a oferta da Suzano”, aponta a Genial.

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Nesse caso, avalia, as ações poderiam subir bastante nos próximos meses, aponta a Genial, que ressalta que investir em Suzano se tornou “8 ou 80”.

“Os investidores esperavam: (i) desalavancagem, (ii) forte geração de caixa, (iii) apreciação das ações e (iv) distribuição de dividendos. Por outro lado, se a companhia der sequência com uma oferta para adquirir os ativos da IP, inevitavelmente levaria à realavancagem e situação acaba colocando em dúvida a alocação de capital eficaz que a companhia mostrou nos últimos anos”, aponta a Genial.

Os analistas veem que focar em uma diversificação geográfica através da potencial negociação com a IP talvez não seja o ideal, no momento, avaliando que o melhor seria uma aquisição menor, mais parecida com a feita com a Kimberly-Clark (K-C), mesmo que fora do Brasil.

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Do lado de fundamentos, na última semana a Suzano comunicou um novo aumento nos preços de celulose de fibra curta (BHKP) para pedidos de junho e será o sexto reajuste em 2024. Além disso, mesmo que haja uma desconfiança acerca da adição de capacidade de celulose, a Genial vê que, no curto prazo, os problemas de oferta na Finlândia e crise no Mar Vermelho ainda possam guiar os preços de celulose a um cenário positivo. A casa de análise aponta que o preço das ações parece não refletir a melhoria dos indicadores da Suzano pós início do Projeto Cerrado no segundo semestre, dando mais atenção ao possível acordo com a IP, e desconsiderando o lado operacional da companhia, que está em um momento positivo.