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SÃO PAULO – Um experiente assessor de investimentos e um novato na Bolsa faturaram o Campeonato de Traders realizado durante a oitava edição da Expert 2018, que ocorreu no último fim de semana em São Paulo.
Suíço radicado no Brasil, Apostolos Demadis, 43, é CEO e fundador da Demadis Invest, venceu na categoria exclusiva para assessores de investimentos, batendo 60 rivais. Já o engenheiro de Londrina (PR) Carlos Barbosa Andreo, 42, venceu entre o público geral, superando 200 traders.
Enquanto Demadis é um veterano do mercado financeiro com experiência internacional e uma vitória em uma competição da antiga BM&FBovespa, Andreo é um trader novato, aluno da empresa da Leandro&Stormer Educação, do Grupo L&S. Em comum, ambos demonstraram um bem executado trabalho de observação e decisões tomadas nos últimos momentos dos trades para faturarem os respectivos títulos.
Como prêmio pelo desempenho, cada um deles ganhou um fim de semana em um resort com direito a levar acompanhante.
As regras da competição
O campeonato foi disputado na Arena de Trading e pôde ser acompanhado por qualquer visitante da Expert 2018. Mais de mil pessoas passaram pela arena ao longo dos três dias.
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Antes de cada bateria, era feito um sorteio dos pregões em que os traders teriam de operar, envolvendo as ações de Petrobras e Itaú e, também, contratos futuros de mini-dólar e índice cheio.
No caso de Petrobras e Itaú, era permitido um operacional de até 5 mil ações. Já no caso de mini-dólar e índice cheio, o teto eram 20 contratos de negociação.
Até oito traders disputavam baterias de dez a 15 minutos cada uma, saindo vencedor quem conseguisse o melhor resultado.
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Coube à Nelogica, que atua no fornecimento de informações e no desenvolvimento de aplicações avançadas para operações e análise do mercado financeiro, cuidar da parte operacional, incluindo as soluções tecnológicas para a realização do campeonato ? que aconteceu dentro da Expert de forma oficial pela primeira vez.
Mudando o mindset do longo para o curtíssimo prazo
O ganhador da primeira etapa do Campeonato de Traders – Expert 2018 veio da Suíça, mas mora no Brasil desde 2009 e atua no mercado financeiro como agente autônomo de investimentos desde 2013.
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Apostolos Demadis possui, ainda, mestrado em ciências políticas na Universidade de Genebra e experiência internacional como gestor de ativos em diferentes instituições.
Utilizando a plataforma aberta de produtos financeiros da XP Investimentos, sua empresa, a Demadis Invest ? que tem R$ 43 milhões sob gestão ? oferece investimentos em renda fixa, renda variável e fundos multimercados, com foco no longo prazo. “Eu aplico 95% da carteira em fundos de investimento”, informa.
Esse, aliás, foi o principal empecilho que ele enfrentou durante a disputa. “O nível de dificuldade é grande, porque você tem que operar, em um intervalo de minutos, contratos futuros do índice Ibovespa ou do dólar e acertar o movimento grande, como se fossem ondas de Elliot no curtíssimo prazo”, compara.
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“É incrível como tem bastante adrenalina, até porque boa parte dos concorrentes tem o hábito de operar diariamente”, frisa.
A partir da esquerda, Lucas Guedes, da Nelogica, Alison Correia, da Rico Investimentos, Roberto Indech, do Grupo XP, Apostolos Demadis, campeão da 1ª etapa do Campeonato de Traders – Expert 2018, e Lucas Chagas, também da Nelogica
Sobreviver à crise de 2008 foi fundamental para o triunfo
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Por outro lado, Demadis trazia uma carta na manga: a experiência de ter atravessado a crise financeira mundial de 2008. “Ali”, rememora ele, “aprendi a fazer tanto a gestão de patrimônio de grandes fortunas quanto trading com os clientes mais sofisticados”.
Trazia também uma experiência vitoriosa em outro concurso. “Em 2012, participei do simulador da BM&FBovespa durante um ano, com mais de 7 mil participantes, e ganhei com um desempenho de mais de 900% em uma estratégia de míni contratos no Ibovespa, no dólar e no café”, diz.
O fator decisivo para sair vitorioso da competição, no entanto, foi “manter a calma e concentração máxima”, diz ele, reforçando que sem a experiência internacional e um importante trabalho de observação diário dos gráficos de vários índices, no exterior e no Brasil, incluindo a evolução das diferentes moedas, seria impossível obter êxito.
Na disputa, o suíço realizou 20 trades dos contratos futuros respectivos, totalizando um ganho de R$ 3.675. “Eu ganhei com Ibovespa caindo, porque estava vendido nesses contratos”, explica.
Detalhando as operações, ele conta que, em primeiro lugar, vendeu 15 contratos e, então, ao ver que a tendência de baixa ia se confirmar, fechou a posição desses 15 contratos depois de nove minutos. “Esperei um pouco para ver se ia cair mais, mesmo, e vendi mais cinco contratos, fechando a posição um minuto antes de o tempo do campeonato acabar.”
Agora, ele tem duas preocupações básicas. “Quero aproveitar meu prêmio com a minha esposa. E, como agente autônomo, ajudar no crescimento da XP”, diz. “Somos uma força importante nesse processo”, acredita.
“Uma estratégia para cada bateria”
O vencedor da segunda etapa do Campeonato de Traders – Expert 2018 tem uma origem completamente diferente do agente suíço. Engenheiro formado pela Universidade de São Paulo (USP), Carlos Barbosa Andreo vive em Londrina, onde é membro do conselho de administração de uma empresa de venda de insumos e grãos.
“Minha função sempre foi levantar riscos e fazer o hedge (proteção), atuando no mercado futuro de dólar, milho e soja. Mas não sabia nada sobre análise técnica, o que só aconteceu de dois anos para cá, quando fiz alguns cursos e comecei a operar na Bolsa”, narra ele.
“Como sou menos experiente, tive de me basear em uma estratégia de competição, e não só em uma estratégia de trading. Acho que isso foi determinante para eu sair ganhador”, prossegue Andreo. “Tive uma estratégia para cada bateria”, reforça.
Assim, ele optou por ser agressivo na primeira rodada, em que operou mini-dólar. “Eu sabia que, se fosse ficar esperando algum sinal de compra ou de venda, teria uma chance menor. Então, saí comprado. O mercado subiu, zerei a posição, fiquei com resultado positivo de R$ 800 e esperei os competidores correrem atrás”, descreve.
Aconteceu de o mercado reverter para baixo, com o dólar rompendo a mínima do dia e também do dia anterior. Com isso, diz Andreo, “fui obrigado a pôr uma ordem de compra e esperar o mercado reverter novamente, o que só aconteceu nos últimos 30 segundos da bateria, finalizando com saldo de R$ 1.100”.
Da esquerda para a direita, Raony Rossetti e Roberto Indech, do Grupo XP, Thiago Bisi, do Grupo L&S, Carlos Barbosa Andreo, ganhador da 2ª etapa da disputa, Alexandre Wolwacz, Marcel Laste e Jonas Tolotti, também da L&S, escritório que assessora o campeão
Vitória veio com trade “na contramão”
Na semifinal, com 13 participantes, o engenheiro preferiu seguir uma estratégia distinta. Observou o comportamento dos demais concorrentes antes de efetuar uma operação que lhe deu resultado praticamente nulo, mas que o qualificou entre os oito primeiros para a grande final. “A maioria tinha errado a mão e estava no negativo”, justifica.
Já na final, notando que os demais concorrentes tinham experiência em trading, ele adotou uma terceira estratégia. “Operamos dólar novamente, e a moeda estava muito esticada para baixo, com ‘cara’ de que iria subir e voltar para as médias”, afirma.
Com muita gente se posicionando em um cenário que parecia ser de compra, Andreo preferiu aguardar o momento ideal para entrar no trade. “Vi que o mercado não subia, só andava de lado, e pensei: ‘Vou na contramão. Porque, se esse mercado não subir e tiver um rompimento falso, ele vai descer’”, relembra.
Foi o que aconteceu: o mercado desceu e, faltando cerca de três minutos para o fim da bateria, coube a Andreo administrar a venda dos ativos “até o último segundo”. “Foi uma final turbulenta, porque o mercado andou bastante nos últimos segundos, e a minha virada foi em cima da hora, quando coloquei uma ordem de compra para zerar a posição.”
O resultado, da forma como ocorreu, reitera a opinião do trader de que se trata de “um campeonato muito dinâmico, cheio de viradas”. Até por isso, ele diz que, a partir de agora, pretende “estudar um pouco mais a parte técnica para ter uma sensibilidade maior e também para se expor mais no mercado aberto”.
A dica vale para quem quiser concorrer na próxima edição da Expert.