Substituição de CEO da Petrobras (PETR4) é discutida no governo, diz Reuters; ações perdem força e fecham quase estáveis

O Palácio do Planalto disse que não procede a informação sobre a substituição do CEO; a Petrobras não comentou o assunto imediatamente

Reuters

Lula e Jean Paul Prates (Foto: Ricardo Stuckert)
Lula e Jean Paul Prates (Foto: Ricardo Stuckert)

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Integrantes do governo brasileiro têm conversado sobre uma possível substituição do presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, já que estão descontentes com os rumos da empresa, e a relação do executivo com gente do alto escalão estaria ruim, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

As notícias sobre o tema rondaram as ações da Petrobras nos últimos dias. Os ativos da estatal, que operavam em alta durante a tarde, tiveram piora após a publicação da reportagem, por volta das 16h30 (horário de Brasília). No fechamento, os ativos PETR3 tiveram queda de 0,33%, a R$ 39,39, enquanto PETR4 subia 0,08%, a R$ 36,74.

O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estaria satisfeito com a atuação do CEO da estatal em alguns pontos. Lula pediu a Prates mudanças no plano de investimento da Petrobras em reunião neste mês, conforme reportou a Reuters com base em fontes com conhecimento do assunto, na última sexta-feira.

O plano de investimento está em elaboração com previsão de ser divulgado ainda este mês, mas antes disso Prates deverá ser chamado a Brasília nesta semana, após voltar de uma viagem de negócios pela Europa, segundo uma das fontes.

Lula quer mais contratações no Brasil para a construção de embarcações que serão usadas pela Petrobras, para que a empresa colabore com uma maior geração de empregos no país. Além disso, o presidente defende que a estatal retome antes obras do setor de fertilizantes, produto que o Brasil tem ampla dependência de importações, embora seja uma potência agrícola.

“Deve haver mudanças” na presidência da Petrobras, disse nesta segunda-feira uma fonte à Reuters.

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Uma segunda fonte próxima das discussões, que também falou na condição de anonimato, acredita que Prates deverá ser substituído em algum momento, mas ainda não há substituto pronto para assumir o posto.

O Palácio do Planalto disse que não procede a informação sobre a substituição do CEO. A Petrobras não comentou o assunto imediatamente.

Nesta segunda-feira, o jornal O Globo publicou que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, vai apresentar nesta semana a Lula uma sugestão de substituto para Prates, “com quem vem travando uma guerra interna no governo já há alguns meses”.

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Costa gostaria de emplacar no lugar de Prates uma pessoa de confiança. Segundo o jornal, ela seria o secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Marcus Cavalcanti, que foi secretário de Infraestrutura da Bahia em sua gestão como governador do Estado.

Em resposta à reportagem de O Globo, Costa disse na rede social X que as informações citadas em seu nome na matéria “não são verdadeiras”.

“Apesar de ser citado nesta matéria, quero informar que não fui procurado e nem ouvido antes da publicação”, disse ele.

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Em relatório mais cedo, o Bradesco BBI apontou que, se ocorrer uma mudança na alta administração da estatal, isso traria instabilidade às ações. “A atual gestão. tem conseguido equilibrar a governança interna da empresa e as pressões do governo”, afirma o banco.

A questão sobre os preços de combustíveis também tem gerado alguma tensão na relação de Prates com o governo.

Após o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, cobrar uma redução do preço de combustíveis, afirmando na GloboNews que “já está na hora de puxarmos de novo a orelha da Petrobras”, o CEO fez um post longo sobre o assunto na rede social X.

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No final de semana, Prates afirmou que a Petrobras avançou com uma nova estratégia comercial que prioriza o não repasse da volatilidade do mercado internacional do petróleo.

Em determinado momento do post, Prates destacou que, “para que o MME (Ministério de Minas e Energia), órgão da União, possa orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente, será necessário seguir a Lei 13.303/16 e o Estatuto Social (art. 3o, parágrafo 4o e seguintes)”.

Ele citou que, pelas regras, para a União determinar preços mais baixos da Petrobras, uma série de medidas deveriam ser tomadas.

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E afirmou que uma proposta de orientação da União deveria ser submetida ao Comitê de Investimentos e ao Comitê de Minoritários, “que avaliará se as condições a serem assumidas pela Petrobras requerem que a União compense a Petrobras pela diferença” de preços.

O BBI também comentou o assunto e afirmou que a Petrobras está correta ao seguir suas próprias práticas de governança. “A estatal poderia até baixar o preço dos combustíveis, mas estamos entrando em um período de inverno nos EUA com os menores estoques de diesel dos últimos 30 anos, o que poderia trazer volatilidade considerável no mercado internacional. Além disso, a redução dos preços devido a pressões políticas seria um mau sinal para a governança da Petrobras”, reforçou.

(com Reuters)