Stone e PagBank: Morgan vê “fim do crescimento”, corta a venda e ações caem até 8,5%

Brasil está na iminência de se tornar a primeira economia mundial a atingir a saturação nos pagamentos digitais, diz o banco

Felipe Moreira

(Shutterstock)
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Em meio a iminência do Brasil se tornar a primeira economia mundial a atingir a saturação nos pagamentos digitais, impulsionado pelo extraordinário sucesso do PIX, o uso generalizado de parcelamentos sem juros nos cartões de crédito e a onda de inclusão financeira impulsionada por fintechs, o Morgan Stanley, em relatório chamado “fim do crescimento”, rebaixou a recomendação para os papéis da Stone (BDR: STOC31), , negociada na Nasdaq, e da PagBank (BDR: PAGS34), negociada na NYSE, de equalweight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro) para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda).

O banco também promoveu um corte severo no preço-alvo de Stone de US$ 16,50 para US$ 7 e no da PagBank de US$ 14 para US$ 6,50, uma vez que prevê uma queda de 50% a 40% nos preços dos ativos. As ações de ambas as companhias tiveram forte queda nesta quinta-feira (5), com STNE em baixa de 6,42% (US$ 11,80) e PAGS em queda de 8,49% (US$ 9,70).

Com os pagamentos digitais provavelmente representando cerca de 94% das despesas de consumo pessoal até o final de 2024, o Brasil terá a maior taxa de penetração global e alcançará efetivamente a saturação. “As ramificações desse marco no ecossistema de pagamentos são muitas, principalmente o crescimento e a rentabilidade da aquisição de clientes, que provavelmente enfrentarão pressão significativa daqui para frente”, destacam os analistas.

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Na avaliação do banco, o mercado está subestimando a saturação do mercado de pagamentos no Brasil ou superestimando os ganhos de participação de mercado para ambas as empresas.

Além do crescimento de volume mais lento, segundo o Morgan, as receitas devem enfrentar pressão da queda de preços em taxa de desconto (MDR) e pré-pagamento, devida à excessiva e injustificada lucratividade do produto. Os modelos do banco projetam que os preços do pré-pagamento diminuirão entre 20% e 25% nos próximos seis anos.

Mesmo com essa redução, o produto ainda entregará um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) ajustado ao risco altamente atraente.

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O Morgan ainda ressalta que o consenso está excessivamente otimista, ao projetar uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de volume total de pagamentos (TPV) de 6 anos de 13% para PagBank e 12% para Stone, enquanto vê uma CAGR de 9% para ambos.

Com relação aos níveis de alavancagem, os analistas comentam que o negócio de pagamentos digitais se beneficia de uma alavancagem operacional considerável devido à sua alta porcentagem de custos fixos, o que leva a custos mais baixos por transação à medida que a receita cresce. Por outro lado, quando os preços ou volumes diminuem, as margens de lucro caem rapidamente.

Dadas as estimativas de receita excessivamente otimistas embutidas no consenso, as margens de lucro líquido são projetadas para expandir significativamente nos próximos seis anos — uma suposição que o Morgan disse ser “difícil de apoiar”. Enquanto o lado vendedor prevê uma melhoria de 170 pontos básicos na margem líquida na PagBank até 2030 e uma melhoria de 390 pontos básicos na Stone, o banco antecipa uma contração de 400 a 600 pontos bases em vez disso.