Soma (SOMA3) prevê planos ousados para Hering e aceleração da integração, diz CEO; ações fecham em alta de 2,8% em sessão pós-balanço

Hering possui problemas estruturais nas cadeias para atender demandas do mercado, que devem ser ajustados na integração com Soma

Felipe Alves

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A integração da Hering ao Grupo Soma (SOMA3) neste ano vai passar por uma série de iniciativas para gerar eficiência, segundo declarou em teleconferência com analistas o seu CEO, Roberto Luiz Jatahy Gonçalves. Entre elas está a expansão da cadeia de fornecimentos, priorizando atender aos pedidos que existem.

Em um segundo momento, o Grupo Soma vai focar em aumentar os novos pedidos da Hering para, por fim, ampliar a omnicanalidade. A plataforma digital da Hering deve passar por uma reformulação até o segundo trimestre, que não é algo simples, mas essencial para a parte digital do negócio, segundo Jatahy, CEO do Grupo Soma.

Outro desafio é diminuir o atraso médio de entrega dos produtos da Hering, que hoje é de 18 dias, enquanto no Grupo Soma é de 9 dias. Dentro de tudo isso, está a aceleração da integração com Hering, que deverá ocorrer neste ano.

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Segundo Gonçalves, a Hering possui problemas de cadeia estruturais com o desafio de atender as demandas do mercado, e que estes ajustes deverão ser feitos este ano para gerar uma cooperação efetiva com a Soma.

Além disso, diretores do Grupo Soma vão acumular posições de operações, tecnologia e planejamento comercial na Hering durante seis meses para tocar essas áreas dentro da Hering e liderar esses departamentos. “Para que a gente atinja um patamar de eficiência o mais rápido possível”, explicou Roberto.

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Conforme ele, a expectativa é estabilizar a cadeia até o meio do ano, com indicativos de vendas muito mais fortes. “Vamos ter um período de crescimento de topline (receita), mas talvez não consigamos reestruturar a margem como queríamos, se continuarmos crescendo assim”, disse ele.

O Grupo Soma deve fazer uma análise profunda de sortimentos da Hering, com foco em dimensionar corretamente a cadeia de produtos. A empresa quer ampliar suas lojas para o Norte e Nordeste do país.

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Marcas têm muito espaço para crescer

Algumas das principais marcas do Grupo Soma (SOMA3) ainda têm muitas avenidas para se fortalecer, segundo o CEO, Roberto Luiz Jatahy Gonçalves.

A Farm Brasil, que cresceu em receita bruta 46% em 2021 sobre 2020, é uma “marca com crescimento exponencial”, diz Roberto. Há um pipeline de abertura de mais 50 lojas para os próximos anos.

“A operação cresce muito no digital, tem muita oportunidade nas lojas físicas e nos canais multimarcas”, disse ele. A projeção é que o segmento internacional da Farm também deva expandir de forma célere nos próximos anos.

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A NV, que registrou mais 74% da receita bruta em 2021 sobre 2020 (para R$ 276 milhões), tem uma “margem altíssima, tem venda por metro quadrado enorme e temos oportunidade de crescimento muito grande”, afirmou Jatahy.

Segundo ele, houve antecipação de produção o ano inteiro, e no 4TRI21, com a demanda maior do que o planejado, os estoques só foram recompostos parcialmente no trimestre, afetando os resultados.

Já a Foxton está ganhando cenário nacional e tem perspectiva muito grande de crescimento na visão do CEO do Grupo Soma.

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Com o avanço da pandemia em 2021 a falta de previsibilidade no ano, a diretoria optou por não abrir todas as lojas previstas para o ano.

Balanço de Soma e ações

Após a divulgação do balanço, as ações do Grupo Soma (SOMA3) fecharam com alta de 2,80%, a R$ 12,48.

Para o Itaú BBA, a empresa reportou números ligeiramente positivos no 4T21, com resultados praticamente em linha com as projeções de receita, refletindo a continuidade do sólido crescimento orgânico visto nos últimos trimestres, bem como o crescimento saudável das vendas da Hering.

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O destaque do trimestre foi a margem Ebitda acima do esperado para a Hering. Na visão consolidada, porém, se as despesas de participação nos lucros da Soma forem consideradas na lucratividade, o Ebitda ficou bastante em linha com as estimativas, embora abaixo da previsão de consenso de mercado.

Itaú BBA mantém classificação outperform para Grupo Soma, com preço-alvo de R$ 20.

Resultados surpreendentes

Para Roberto Luiz Jatahy Gonçalves, o Grupo Soma teve resultados “altamente surpreendentes”, mesmo diante de um cenário extremamente desafiador. Na teleconferência, o CEO disse que a expectativa era de que 2021 teria de 20% a 25% de receita bruta maior sobre 2019.

Entretanto, houve uma “surpresa altamente positiva nos resultados, demonstrando a força incontestável das nossas marcas, assim como boa estratégia da companhia durante a pandemia”, afirmou ele, citando ainda a incorporação da Hering no período.

Atacado

No mais, Gabriel Silva Lobo Leite, diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, afirmou que, diferente do que imaginado antes, o atacado deverá impulsionar a companhia nos próximos anos.

Apesar de problemas como inflação, juros e na cadeia de suprimentos este ano, Leite enxerga uma captura muito grande de market share (participação de mercado) para o Grupo Soma em 2022. “Estamos muito otimistas”, disse ele na teleconferência com analistas.

O foco no varejo vem de uma combinação de fatores. Segundo ele, o Grupo Soma tem marcas de alto desejo, alta demanda por escassez (como a Farm), um mercado altamente fragilizado e sem capacidade de investimento.

“Esses fatores têm feito com que a gente tenha uma competição mais branda e vem acelerando nosso market share”, pontua.

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