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Duas das maiores vozes do universo de traders do Brasil, João Homem e Eduardo Garufi, hoje sócios na SST (Special Squad Traders), uma das principais comunidades de traders do Brasil, apontam que a atividade vem ganhando má fama por conta de muitos conteúdos que vendem um mundo de ilusões a respeito do Day Trade nas redes sociais.
Os chamados day traders atuam comprando e vendendo ações ao longo do dia na bolsa. Em poucos minutos é possível obter ganhos ou perdas substanciais. Segundo Garufi, a ‘demonização’ já existe há algumas décadas. No entanto, ela ganhou força com falsas promessas de lucros fáceis e rápidos.
Nessa entrevista ao MoneyLab, a dupla fala da importância de certos cuidados ao iniciar na atividade e de como criou uma comunidade para a troca de experiências e a formação contínua e realista para os traders.
MoneyLab: Muitas vezes a figura do trader é de certa forma demonizada, como alguém que trabalha pouco, ganha muito e não tem compromisso com as empresas que investe, por exemplo. São pejorativamente chamados de ‘viciados’ no sobe e desce. De onde vem esta visão?
João Homem: A atuação do trader hoje enfrenta desafios que no passado já foram vividos por investidores em renda variável no geral. Após o crash da bolsa em 1929, o investidor passou a ser demonizado. No Brasil, como estamos algumas décadas atrasados, até pouco tempo ainda havia uma visão pejorativa do investidor em bolsa, o que já mudou. Precisamos agora difundir o que de fato é atuar como trader, o que é muito distante do que muitos vendem em redes sociais.
MoneyLab: Isto de alguma forma atrapalha quem atua com seriedade?
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Eduardo Garufi: Tem muita ilusão sendo vendida o que atrapalha sim. Atuar como trader é uma empreitada que pode ser sim lucrativa, ajudar a construir patrimônio e performance, mas não é nem rápido e nem fácil. A ideia de que basta um curso ou algumas dicas para obter sucesso é ruim e prejudica a imagem do ofício. Eu me preocupo com quem está chegando. Precisa ter acesso à mensagem adequada para não criar falsas expectativas.
MoneyLab: Por que muitas vezes a mensagem passada via rede social por algum trade de sucesso pode mais atrapalhar do que ajudar?
João Homem: Existem claro alguns cases de sucesso, mas que, quando divulgados da forma errada, podem prejudicar porque quem está começando busca replicar aquele modelo, achando que é suficiente. É enganoso. O conhecimento que eles passam é essencial, mas também é importante ter capital e começar com o mínimo de alavancagem. A outra parte da equação que leva ao sucesso é a experiência e o investidor precisa sobreviver no começo até realmente aprender como operar o mercado.
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MoneyLab: Quais dicas vocês dão para quem pretende iniciar o ofício de trader? O que é importante saber?
Eduardo Garufi: Ele precisa entender o tamanho do risco que se está disposto a assumir, algo que muitas vezes as lives e cursos baseados na experiência de um trader não mostram. O interessado em atuar como day trader deve ter em mente que é uma empreitada como outra qualquer, com riscos de não dar resultado. Trading para mim é negócio como qualquer outro, como empreender. Por isto ter capital separado para a atividade e tempo para adquirir experiência são essenciais. Se quem está começando depender do resultado do trading para pagar o aluguel ele vai cometer erros e pode não sobreviver.
João Homem: Na trilha ideal que um day trader deve seguir também é importante alinhar expectativa e realidade, evitando cair na sedução muitas vezes vendida pelas redes de um ganho rápido.
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MoneyLab: Em relação aos mitos que atrapalham a visão do ofício de day trader. Qual ou quais na visão de vocês são os mais importantes?
Joao Homem: Tem quem ache que são pessoas que atuam prevendo o futuro, como uma bola de cristal. Errado porque atuamos olhando padrões, pode ser análise fundamentalista ou grafista, percebendo tendências e montando posições. Lidamos com probabilidade, risco e retorno e avaliamos cenários. É uma equação.
MoneyLab: Seguindo a trilha correta, dá para ganhar dinheiro como day trader?
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Eduardo Garufi: Dá para ter performance, mas lembrando que não é um curso apenas que vai ensinar a ser day trader. Existem outras ferramentas importantes que se aprende com a experiência, estando em comunidade e sabendo adequar realidade e expectativa.