Société Générale usa DeFi para solicitar empréstimo de US$ 20 milhões em criptomoedas

Banco emitiu títulos tokenizados para usar de garantia em empréstimo por meio do protocolo Maker (MKR)

Paulo Barros

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SÃO PAULO – O banco Société Générale, um dos maiores da França, quer provar que o ambiente de finanças descentralizadas (DeFi) pode conversar com o sistema financeiro tradicional e servir de ponte para instrumentos de crédito de nova geração.

Em um novo piloto de caso de uso, a instituição submeteu à organização descentralizada MakerDAO um pedido de empréstimo de US$ 20 milhões garantido em títulos tokenizados, papeis de dívida transformados em ativos digitais na blockchain.

Segundo o banco, a proposta tem o objetivo de “ajudar a moldar e promover um experimento sob a estrutura legal francesa”. A iniciativa vem sendo tratada como o maior movimento de adoção institucional de DeFi da história.

A MakerDAO é uma organização autônoma descentralizada (DAO) que gere e toma as decisões sobre o protocolo Maker (MKR), que oferece empréstimos e rendimentos em criptomoedas em ambiente DeFi. Tomadores depositam ativos digitais como garantia para obter valores também em cripto, segundo taxas dinâmicas determinadas por contratos inteligentes.

Já o pedido do Société Générale, que envolve garantias externas a esse ecossistema, passa por um rito diferente e não será automatizado, mas submetido à aprovação da comunidade.

O empréstimo é mediado entre diversas empresas organizadas dentro de um guarda-chuva jurídico complexo, explicou o banco em comunicado. A ideia é testar a capacidade do DeFi como um aliado para a oferta de serviços financeiros, campo em que o protocolo Maker é pioneiro.

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Segundo o Coindesk, a negociação entre o banco e a MakerDAO vem ocorrendo desde 2020. Embora ambas as partes tenham experiência com smart contratcs, o desafio é encontrar um arranjo jurídico que abranja as especificidades da operação.

A MakerDAO oferece várias identidades jurídicas e modelos regulatórios testados para iniciativas como essa. Nesse caso, um núcleo que lida especificamente com a conexão de ativos reais à blockchain – e que tem seu próprio orçamento – irá preparar a integração do ambiente DeFi com os tokens do banco, que foram emitidos em 2020 com taxa fixa de 0%, vencimento em 2025 e classificação AAA das agências Moody’s e Fitch.

Ao contrário de companhias regulares, que passariam propostas de caráter disruptivo como essa por votação no conselho diretivo, a MakerDAO encaminha projetos recebidos para apreciação de usuários pulverizados – e, na maioria das vezes, anônimos – que têm poder de voto com peso proporcional ao tamanho de suas reservas no token MKR.

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Caso seja aprovado, o empréstimo será concedido em DAI, uma stablecoin emitida pela MakerDAO que busca paridade com o dólar por meio de uma cesta de criptoativos balanceada via algoritmo – por esse motivo, ela é chamada de uma stablecoin algorítmica. Tanto a DAI quanto os tokens emitidos pelo banco são reconhecidos pela legislação francesa.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos