Produção menor deve apoiar preços de açúcar e etanol; compre São Martinho, diz BofA

Oferta limitada no Brasil deve favorecer preços do açúcar e etanol

Felipe Moreira

São Martinho (Foto: Divulgação)
São Martinho (Foto: Divulgação)

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O Bank of America (BofA) reiterou recomendação de compra para ação da São Martinho (SMTO3) e preço-alvo de R$ 37, após a empresa afirmar uma perspectiva positiva para os preços do açúcar e do etanol nos próximos doze meses, devido à oferta limitada vinda do Brasil.

Segundo a empresa, a moagem de cana na região Centro-Sul deve atingir cerca de 590 milhões de toneladas em 2024/25, queda 9,5% na base anual, dado o clima seco, e as condições adversas no período de entressafra devem levar a volumes de moagem ainda menores em 2025/26. O mix de açúcar deve ser maior na base anual, provavelmente mantendo a produção estável na comparação ano a ano, enquanto a produção de cana-etanol deve diminuir em relação a 23/24.

Embora a moagem de cana deva diminuir no próximo ano, os produtores maximizarão o mix de açúcar. Em 2024/25, o mix de açúcar está em 48,9%, queda de 60 bps na base anual, já que os incêndios florestais em agosto forçaram um mix maior de etanol. Dessa forma, o mix em 25/26 deve se aproximar de 50%.

Nesse cenário, segundo relatório, a São Martinho acredita que o mercado global de açúcar deve estar com uma pequena suboferta, apoiando preços médios em US$ 22 a 23, contra a curva de preço futura em US$ 18 a 19/lb. A Índia continua sendo um curinga, mas se o programa de etanol for implementado, o mercado pode ficar ainda mais apertado.

Em termos de preços, o BofA lembra que a cotação do etanol caiu 10% entre agosto e meados de setembro, à medida que a produção acelerou após os incêndios florestais. A cana queimada tem menos sacarose, produzindo menos açúcar. Perto de 6 milhões de toneladas de cana foram afetadas pelos incêndios e foram usadas para produzir etanol (500 milhões de litros).

No entanto, os preços já se recuperaram 8% e a São Martinho acredita que há risco de alta em relação aos níveis atuais.

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Para analistas, a paridade com a gasolina deve passar para 70% durante a entressafra (versus atuais 65%), dada a oferta e demanda apertadas, enquanto a produção de etanol de cana pode cair 1% a 2% na base anual em 25/26, mantendo os preços em um nível mais alto.

Com relação ao etanol de milho, a São Martinho está analisando a expansão da usina Boa Vista em Goiás, conforme declarado anteriormente pela gerência. A empresa vê o custo de produção em R$ 1,8 por litro (30% a 40% abaixo do etanol de cana), contra preços do etanol em R$ 2,7 por litro.

Além disso, conforme BofA, seu acesso à biomassa (do bagaço de cana) é uma vantagem competitiva fundamental. A venda do contrato de cogeração da São Martinho expira em 2026 e eles seriam capazes de usar o excesso de energia para abastecer o brownfield de etanol. O principal risco para o projeto, na visão deles, são os preços do petróleo.

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Por outro lado, a administração da São Martinho acredita que o crescimento esperado da indústria de etanol de milho no Brasil, de atingir 15 bilhões de litros até 2032 (contra 7,5 bilhões em 2024), parece otimista, já que a disponibilidade limitada de biomassa para usinas independentes (concorrência de cavacos de madeira com outras indústrias, como celulose e papel), provavelmente será um gargalo importante e deverá pressionar as margens dos produtores.