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SÃO PAULO – Uma agenda carregada de notícias e eventos deixa os mercados extremamente voláteis nesta quarta-feira (15). Investidores ficam à espera do Federal Reserve, às 15h (horário de Brasília), enquanto no Brasil as atenções voltam-se para a “lista do Janot”, que já está no STF; na aprovação da “Repatriação 2.0” e na tentativa do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de ontem de tentar reduzir as especulações de atraso na Reforma da Previdência. Segundo o ministro, o governo continua trabalhando com Previdência em abril, não há atraso, e a tal “lista do Janot” não deve afetar as votações no Congresso.
Em meio a esse furacão de notícias, o Ibovespa operava sem uma direção hoje. Às 11h52 (horário de Brasília), o índice subia 0,17%, a 64.778 pontos, depois de ter caído 0,25%, a 64.537 pontos, na mínima do dia.
O sentimento positivo do índice era sustentado pelas ações de commodities, puxadas pela força dos preços do petróleo e minério nesta sessão, mas quem figurava como a maior alta do dia era a Fibria, apesar da leve queda do dólar frente ao real. No mesmo momento, o dólar comercial registrava queda de 0,19%, a R$ 3,1631 na venda.
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Fora do índice, o destaque neste pregão voltava-se novamente para as small caps: as ações da Portobello estendem a disparada da véspera; a ação PN da AES Tietê tem realização após subir 30% em 2 dias; e a Mills acumula queda de 25% em 7 pregões, após o resultado ter decepcionado até os analistas mais pessimistas.
Confira abaixo o que é destaque nesta quarta-feira:
Petrobras (PETR3, R$ 14,40, +0,21%; PETR4, R$ 13,75, +0,96%)
As ações da Petrobras tentam recuperar parte do terreno perdido ontem, quando caíram 5%. As ações reagem hoje ao desempenho positivo do petróleo e uma série de notícias mistas que aparecem no radar da empresa, com atenção em especial para possibilidade de elevação de imposto na gasolina e o aumento das especulações sobre atraso na venda do controle da BR Distribuidora. Hoje, o contrato do petróleo Brent subia 1,41%, a US$ 51,64 o barril, enquanto o WTI avançava 1,55%, a US$ 48,46 o barril.
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Além do petróleo, as 4 notícias que aparecem hoje no radar da Petrobras:
1) A produção brasileira nos campos de petróleo e gás natural do pré-sal operados pela estatal atingiu, em fevereiro, 1,53 milhão de barris de óleo equivalente (boed). O valor representa aumento de 41% em relação a produção de fevereiro de 2016. Em comparação a janeiro deste ano, o volume registrou uma redução de 3%.
2) Segundo a notícia do Broadcast, o ministro José Múcio não pretende liberar a venda do controle acionário da BR Distribuidora a partir do estágio em que se encontra. Outros integrantes da corte, no entanto, estão inclinados a abrir exceção também neste caso. A decisão final do TCU dependerá do entendimento da maioria presente em plenário.
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3) A inflação em queda aumenta pressão por elevação de imposto na gasolina. O processo mais rápido de queda da inflação aumentou a pressão do setor sucroenergético para o governo elevar o PIS e a Cofins da gasolina. O PIS/Cofins incidente da gasolina é hoje de R$ 0,38 por litro e o do etanol é R$ 0,12. O tributo do etanol foi zerado entre abril de 2013 e dezembro de 2016 e a primeira pressão do setor produtivo de etanol e açúcar junto ao governo ocorreu no final do ano passado. Segundo o Broadcast a demanda já chegou ao governo, e vai em linha com as declarações recentes de Meirelles, que não descartou elevação de impostos para cumprir a meta.
4) Segundo o jornal o Estado de S.Paulo, a petroleira negocia com um consórcio de empresas chinesas, liderado pela estatal Sinopec, a venda da fábrica de fertilizantes nitrogenados que começou a construir no município de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul. Na negociação, o consórcio se comprometeu a assumir dívidas que somam R$ 38 milhões com fornecedores. A venda da fábrica, porém, pode esbarrar numa decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). Nesta quarta-feira, 15, o órgão deve julgar se o plano de venda de ativos da estatal terá de voltar à estaca zero. Vale ressaltar também que os papéis da mineradora devem repercutir na bolsa a valorização de mais de 2% nas cotações do petróleo nos mercados internacionais.
Vale (VALE3, R$ 32,15, +3,14%; VALE5, R$ 30,44, +2,73%)
As ações da mineradora sobem forte, em reação à disparada de mais de 5% nos contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian e à valorização de mais de 3% na tonelada à vista negociada no porto de Qingdao, também, na China, que retornou ao nível dos US$ 90.
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Acompanham o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 23,23, +2,61%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 12,53, +0,89%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 6,02, +0,67%), Usiminas (USIM5, R$ 4,71, +1,29%) e CSN (CSNA3, R$ 10,85, +1,12%).
Portobello (PTBL3, R$ 3,06, +9,29%)
As ações da small cap Portobello estendem os ganhos da véspera e atingem hoje seu maior patamar desde junho de 2015. Nos dois dias, a valorização acumulada é de 15%. Na máxima desta sessão, os papéis atingiram alta de 17,50%, a R$ 3,29. A euforia ocorre após a ação ter sido citado como uma “grande oportunidade” na Bolsa no programa semanal Comprar ou Vender, da InfoMoneyTV, da última terça-feira (veja aqui).
Durante o programa, o estrategista-chefe da Eleven Financial, Adeodato Volpi Netto, comentou que as ações da Portobello e Movida podem ser as próximas CSU CardSystem da Bolsa, em referência à sua recomendação no papel CARD3, quando ainda estava perto dos R$ 2,30 no final de 2015. Hoje, essas ações acumulam ganhos de 400% até agora.
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AES Tietê PN (TIET4, 3,32, -11,47%)
Depois de subirem 30% nos últimos 2 pregões, as ações PNs da AES Tietê têm sessão de realização. A euforia em torno desses papéis ocorreu após uma carta divulgada pela Suno Research na última segunda-feira, que apontava que essa ação era a nova aposta do megainvestidor Luiz Barsi na Bolsa (veja aqui).
Vale menção que a classe de ativos que possui mais liquidez da AES Tietê na BM&FBovespa é a unit TIET11, mas ela não seguiu o mesmo movimento que TIET4, assim como a ação ON da empresa, a TIET3. Hoje, a TIET11 sobe 0,81%, a R$ 15,01, enquanto a TIET3 cai 12,00%, a R$ 3,30.
Mills (MILS3, R$ 3,85, -3,99%)
As ações da Mills seguem em derrocada na Bolsa: nos últimos 7 pregões, elas caíram 25%. Hoje, esses papéis atingiram queda de 4,99%, a R$ 3,81, na mínima do dia. O motivo? Um balanço fraco no 4° trimestre, que decepcionou as projeções mais pessimistas.
Segundo o BTG Pactual, os números vieram muito fracos, abaixo das expectativas mais pessimistas, com receita líquida em R$ 75 milhões, queda de 41% na comparação com o mesmo trimestre de 2015, e Ebitda ajustado atingindo sua mínima histórica, com valor negativo de R$ 3,5 milhões, contra resultado positivo de R$ 33 milhões no 4° trimestre de 2015. Mas as notícias ruins não param aí: “Esperamos que os resultados continuem fracos nos próximos trimestres”, comentaram os analistas do banco.
Prumo (PRML3, R$ 8,28, +3,11%)
As ações da Prumo subiram até 5,73%, a R$ 8,49, nesta sessão, após a controladora EIG informar que o “lançamento da OPA da Prumo não depende da aprovação da OPA por Itaú e/ou Mubadala e a permanência destes como acionistas da companhia”, segundo comunicado. A oferta pública tem objetivo de comprar ações em circulação para cancelamento de registro da categoria A e saída do segmento Novo Mercado da BM&FBovespa. Em janeiro, EIG havia condicionado OPA à permanência de Itaú e Mubadala.
Eternit (ETER3, R$ 1,35, 0,0%)
A empresa adiou a divulgação do balanço do quarto trimestre de 15 para 17 de março. A teleconferência sobre resultados do quarto trimestre também foi adiada de 16 para 20 de março, segundo comunicado da companhia. Vale ressaltar que na segunda-feira a companhia informou que foi notificada na tarde de sexta-feira (10) de uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho contra a companhia. Entre os pedidos contidos na ação, está o pagamento de R$ 85 milhões a título de danos morais coletivos, o que representa 33% do valor de mercado da empresa, e a substituição da matéria prima dentro do prazo de noventa dias.
Guararapes (GUAR4, R$ 65,30, +2,29%)
A Guararapes, controladora da Riachuelo, registrou um lucro líquido de R$ 252,4 milhões no quarto trimestre de 2016, alta de 59,1% ante o mesmo intervalo de 2015. A receita líquida subiu 5,1% no quarto trimestre, para R$ 1,85 bilhão. O Ebitda, por sua vez, teve alta de 36,8%, a R$ 383,8 milhões.
Anima (ANIM3, R$ 13,70, -2,28%)
A Anima Educação teve prejuízo líquido de R$ 36,4 milhões nos últimos três meses de 2016, mais de seis vezes superior ao prejuízo líquido no quarto trimestre de 2015, de R$ 5,6 milhões. Já a receita foi de R$ 258,5 milhões, alta de 28,6% ante o mesmo trimestre de 2015. O Ebitda entrou em território negativo de R$ 11,7 milhões, ante resultado positivo de R$ 4,6 milhões no quarto trimestre de 2015.
Segundo o BTG Pactual, o resultado veio fraco, abaixo do esperado, embora tenha destacado que a receita líquida tenha vindo melhor, por conta de uma evasão mais controlada (3,6% da base renovável, contra projeção do banco de 4,3%) e um ticket médio líquido maior. Ainda assim, eles comentam que, apesar de um melhor controle marginal de custos (principalmente pessoal), as despesas gerais e administrativas vieram, com destaque negativo para PDD (Provisões para Devedores Duvidosos), que atingiu 6,7% da da receita, frente à projeção de cerca de 5%. Com isso, o Ebitda ajustado ficou em R$ 18 milhões, 22% abaixo da projeção dos analistas e uma queda de 29% na comparação anual. Isso levou o prejuízo ajustado para R$ 8 milhões, contra expectativa de R$ 4 milhões.
Os analistas comentaram que, apesar das iniciativas internas da companhia provavelmente começarem a trazer impactos positivos aos números ao longo de 2017, mantêm visão cautelosa, principalmente enquanto eles não tiverem uma visão mais clara da dinâmica de captação do 1° semestre de 2017. “Acreditamos que os resultados de 2017 serão melhores, mas positivamente impactados por uma base deprimida de lucro. Vemos a empresa negociando a cerca de 11,5 vezes o P/L (Preço Sobre Lucro), com prêmio para Kroton e Ser Educacional”, escreveram em relatório.
Mills (MILS3, R$ 3,89, -2,99%)
A Mills teve um prejuízo líquido de R$ 38,5 milhões no quarto trimestre de 2016, o queda de 33,5% em relação ao resultado negativo de R$ 57,9 milhões no mesmo período de 2015. A receita da empresa caiu 41,3%, passando de R$ 127,9 milhões para R$ 75 milhões.
Small caps
Em relatório, o Bradesco BBI destacou uma lista com as dez small caps preferidas do banco, destacando que o índice de small caps deve se beneficiar da queda da taxa de juros pelo Copom e, consequentemente, pelas melhores perspectivas de crescimento do Brasil. De acordo com os estrategistas do banco, é hora de comprar small caps, que devem se beneficiar mais do cenário do que as large caps. A lista contém: CESP (CESP6, R$ 17,91, +0,22%), Copasa (CSMG3, R$ 48,61, -1,88%), Duratex (DTEX3, R$ 8,10, -2,29%), Energisa (ENGI11, R$ 22,99, +0,09%), Gol (GOLL4, R$ 8,63, -0,35%), Iguatemi (IGTA3, R$ 32,42, -0,43%), a Iochpe-Maxion (MYPK3, R$ 15,35, -0,52%), Magazine Luiza (MGLU3, R$ 172,45, -0,32%), Metalurgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,97, -0,17%) e Sanepar (SAPR4, R$ 11,98, +0,34%).