Siderúrgicas sobem preços, mas seguem pressionadas por concorrência chinesa, diz Inda

Reajustes seguem limitados pelas importações

Reuters

Usina siderurgica. (Foto: REUTERS/ Wolfgang Rattay)
Usina siderurgica. (Foto: REUTERS/ Wolfgang Rattay)

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SÃO PAULO (Reuters) – As usinas siderúrgicas iniciaram um novo movimento de alta de preços de aço plano no Brasil, mas os reajustes seguem limitados pelas importações, que apesar de estarem sob a mira de cotas continuam pressionando o desempenho do setor no país, segundo relato do presidente da entidade que reúne distribuidores, Inda, nesta quinta-feira.

A expectativa da entidade para as importações de aço plano no Brasil este ano é de estabilidade sobre o recorde do ano passado ou crescimento de 5%, afirmou o presidente do Inda, Carlos Loureiro, em entrevista à imprensa.

Em julho, as importações de aços planos cresceram 8,4%, para 219,2 mil toneladas, mas no acumulado do ano seguem mostrando alta de 19,8%, a 1,5 milhão de toneladas, segundo os dados do Inda.

“Estamos vendo claramente que o preço chinês vai depender de como vai ser o preço do carvão e do minério (de ferro)”, disse o executivo. “Se continuarem caindo, os preços (de aço) vão continuar recuando”, acrescentou.

O executivo citou dados de preços de laminados a quente no mercado internacional que mostram que a queda nos custos de matéria-prima está sendo repassada para os preços do aço, que segundo Loureiro “já estão abaixo do custo marginal de produção”, o que caracteriza prática de dumping.

“É assustador cair (preço de) minério e carvão e isso ser repassado para os preços da China. Na medida em que a China está em desespero de venda, porque o mercado de lá está encolhendo…eles vão forçar bastante a venda para fora”, disse o presidente do Inda.

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Segundo ele, a CSN foi a primeira usina nacional a anunciar uma nova rodada de aumento de preços após reajustes aplicados em agosto. A companhia vai elevar seus preços em cerca de 5% a partir de setembro, movimento que tende a ser seguido pelas rivais.

O diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, afirmou na semana passada que a companhia iria manter a política de “redução de descontos” nos preços de seus produtos siderúrgicos em meio a uma tentativa de recuperar recuo de margem de lucro.

Mas como o custo de placas para laminação no Brasil segue elevado em relação ao cenário externo, as usinas locais seguirão pressionadas pelas importações, comentou Loureiro. O executivo citou que já está havendo crescimento de importações de produtos fora das cotas, como aço ligado a boro, que apresenta características similares aos produtos incluídos na medida de proteção comercial tomada pelo governo no final de abril.

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Segundo ele, a expectativa em torno das importações este ano decorre da forte base de comparação com o segundo semestre do ano passado e da implementação da política de cotas de importação.

Diante do cenário de instabilidade, os estoques dos distribuidores seguem controlados, disse Loureiro. Em julho, o volume estocado de aço plano pelo setor era de 943,3 mil toneladas, equivalente a 2,8 meses de vendas, aumento de 1,5% ante junho.

“Apesar de todos esses movimentos de preços, os estoques estão se mantendo em níveis interessantes”, disse Loureiro. “Não é racional, indicado, que a gente tente ganhar especulando com estoque”, acrescentou.

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“Esta havendo certa disciplina dos distribuidores, não deixando que o estoque suba demais”, disse o presidente do Inda. “A média de 2,8 está dentro do histórico, que é o número que precisamos para manter nossos mercados abastecidos”, afirmou.

Em julho, as vendas dos distribuidores subiram 8,2% sobre um ano antes, para 335,7 mil toneladas, segundo os dados do Inda, que estima crescimento de 1% em agosto, com viés de alta se o reajuste de preços se firmar e inspirar um possível movimento de antecipação de compras, disse Loureiro.