Siderúrgicas disparam até 6% e Petrobras sobe 2% em dia de ajuste; Gol despenca 10%

No radar ainda esteve a derrocada dos papéis da JB Duarte, que cumpriram a "profecia" negativa e despencaram até 50% um dia após seu grupamento de ações de 100 para 1

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A terça-feira (16) foi de muita volatilidade para a Bolsa, com o Ibovespa tendo operado durante a tarde com ganhos, mas perdendo forças no final do pregão, fechando próximo da estabilidade, com leve queda de 0,02%, a 47.007 pontos. Hoje o mercado seguiu na expectativa da reunião do Federal Reserve, que termina amanhã, além de digerir a decisão da Rússia de elevar os juros de 10,5% para 17%.

Para o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, a sessão desta terça foi de ajuste, com papéis como os do setor siderúrgico, além de Petrobras e Vale, subindo após um período de quedas. Mesmo assim, ele ressalta que o movimento de valorização ainda é muito marginal perto das quedas de mais de 50% dos papéis em 2014. O analista ressalta que os números para as siderúrgicas não são animadores, já que ainda mostram deterioração tanto do setor, quanto da economia em um geral.

Notícias vindas do exterior de que a China pode cortar os incentivos fiscais nas exportações chinesas de aço também impulsionam os papéis, com destaque para Usiminas (USIM5, R$ 4,95, +8,08%), CSN (CSNA3, R$ 4,94, +6,24%), Gerdau (GGBR4, R$ 8,64, +6,40%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 10,20, +5,37%). Importante acrescentar que os papéis ordinários da Usiminas (USIM3, R$ 10,95, +5,80%) também fecharam com valorização. Para o analistas, a notícia é positiva, já que reduziria a pressão sobre o preços.

Na ponta negativa do índice os papéis da Gol chamaram atenção, fechando com desvalorização de 11% e liderando as perdas da carteire teórica da Bolsa. Apesar da queda do preço do petróleo, o dólar em alta afeta as ações da companhia, que respondem por cerca de 65% do custo da companhia.

Fora do Ibovespa, destaque para os ativos da Brasil Brokers (BBRK3, R$ 2,25, -1,32%), que hoje chegaram a subir 1,32% em meio à notícia de que o BTG Pactual elevou a recomendação dos papéis de neutra para compra. Além dela, a JB Duarte também chamou atenção do investidor, já que a “profecia” negativa anunciada nesta terça-feira de fato foi cumprida: a produtora de bambu e eucaliptos agrupou as ações ordinárias e preferenciais na razão de 100 para 1, tirando as cotações de ambas da incômoda região abaixo de R$ 0,10. Contudo, nesta sessão ambos mergulham em queda, repetindo o movimento visto em 2013 quando a empresa já havia feito um grupamento na mesma proporção.

Confira abaixo as principais movimentações da Bovespa hoje: 

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Petrobras (PETR3, R$ 8,70, +2,11%; PETR4, R$ 9,38, +2,18%)
As ações da Petrobras tiveram dia de montanha-russa na Bovespa, passando de queda de 6% na abertura a fechamento com valorização. Nesta sessão, os papéis chegaram a subir 8% no caso dos preferenciais. No radar da companhia, está ainda o adiamento da divulgação de resultados, na última sexta-feira, e que pode comprometer futuras captações no exterior, além de especulações sobre quem seria o substituto de Graça Foster caso ela deixe o comando da estatal.

Vale destacar que, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, a Petrobras está reduzindo investimentos na exploração e direcionando foco para desenvolver campos de petróleo já descobertos, disseram duas pessoas com conhecimento direto sobre o assunto. O corte acontecerá em campos com atraso de cronograma, disse uma das fontes. A empresa envolvida em escândalos também planeja vender ativos e paralisar investimentos nas refinarias Premium I e Premium II no Nordeste estão entre as medidas para não precisar emitir dívida no mercado internacional em 2015, disse uma das fontes.

Vale (VALE3, R$ 19,35, +3,53%; VALE5, R$ 16,60, +3,75%)
Os papéis da Vale também fecharam entre os ganhos do Ibovespa em meio à alta do dólar e a expectativa de novos estímulos na China após os dados ruins do gigante asiático.

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No noticiário da Vale, o Morgan Stanley reduziu o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts) da mineradora em 45%, passando de US$ 14,70 para US$ 8,10. As estimativas para o preço do minério de ferro para os próximos anos foi reduzida: foi para US$ 79 a tonelada em 2015 e a projeção de preço para período entre 2016-2019 é agora de US$ 75 a tonelada. Ontem, o Credit Suisse também havia reduzido o preço-alvo dos papéis da Vale. 

Além disso, destaque para o noticiário chinês, com o resultado do PMI chinês, mostrando uma confirmação de que a segunda maior economia do mundo desacelera. Com isso, a expectativa é de que haja mais medidas de estímulo pelo banco chinês. 

Suzano (SUZB5, R$ 10,92, +2,54%) e Fibria (FIBR3, R$ 30,30, +1,71%)
Em um dia de forte aversão ao risco e com o dólar futuro com fortes ganhos, as ações da Suzano e da Fibria tentam registrar alta. As ações do setor se beneficiam da alta da moeda estrangeira dado o seu caráter exportador.

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HRT (HRTP3, R$ 4,93, +9,80%)
Outras petrolíferas também sofreram com a queda do preço do petróleo. Destaque para HRT que, após caírem mais de 20% somente na sessão de ontem, hoje fecharam com fortes ganhos. Vale lembrar que a petroleira pré-operacional chegou a registrar desvalorização de 45% nos últimos cinco dias. 

Usiminas (USIM3, R$ 10,95, +5,80%; USIM5, R$ 4,95, +8,08%)
Nesta sessão, as ações da Usiminas, principalmente as PNA, subiram forte. Além da alta do dólar, os papéis USIM5 são destaque de alta após terem se descolado dos papéis ON, que subiram bem mais forte nas últimas sessões. 

A Nippon Steel, que divide com o grupo Ternium Techint o controle da Usiminas, pediu à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que investigasse atos do grupo Ternium envolvendo disputa no Conselho de Administração da companhia. Em comunicado enviado à imprensa, a Nippon afirma que a “Ternium Techint não age em favor dos melhores interesses da Usiminas”. Vale ressaltar que as siderúrgicas também registram fortes baixas neste período de “sell-off” do Ibovespa. 

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O movimento de descolamento entre a USIM3 e a USIM5 se dá em meio à disputa societária entre a Ternium e a Nippon Steel.

Gol (GOLL4, R$ 12,55, -10,29%)
As ações da Gol fecharam com fortes baixas, apesar da forte baixa do petróleo nesta sessão. Apesar da queda do preço do petróleo, o dólar em alta afeta as ações da companhia, que respondem por cerca de 65% do custo da companhia. 

Educadoras
As ações do setor de educação apareceram entre as maiores quedas do Ibovespa hoje. Entre os destaques, os papéis da Kroton (KROT3) caíram 4,14%, a R$ 15,98, e Estácio (ESTC3) recuou 4,36%, a R$ 24,15.   

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Eneva (ENEV3, R$ 0,35, +16,67%)
As ações da Eneva dispararam hoje depois de forte queda na semana passada com a notícia de que a empresa entrou em recuperação judicial. Ontem, a geradora de energia convocou uma assembleia geral extraordinária, para 30 de dezembro, às 11h (horário de Brasília), na qual os acionistas poderão votar a ratificação do pedido de recuperação judicial, ajuizado no dia 9 de dezembro.  

JBDuarte (JBDU3, R$ 4,48, -44,00%; JBDU4, R$ 3,67, -38,83%)
Na primeira sessão pós-grupamento, as ações da JBDuarte cumpriram “profecia” anunciada nesta terça-feira e despencaram na Bovespa. As ações JBDU3 e JBDU4, que fecharam a última sessão a R$ 0,08 e R$ 0,06, respectivamente, passaram a valer R$ 8,00 e R$ 6,00, nesta ordem, na abertura do dia, mas logo voltaram a despencar, chegando em sua mínima do dia desvalorização de até 50%.

Vale lembrar que a mesma empresa realizou em maio de 2013 um grupamento de ações na razão de 100 para 1 – ou seja, cada 100 ações da empresa tornariam-se apenas 1, e o valor de face de cada papel seria multiplicado por 100. O intuito desta operação seria basicamente trazer ao acionista da JB Duarte a possibilidade de negociar estes papéis no mercado, já que nas cotações de R$ 0,01 a briga “oferta x demanda” praticamente inexiste. O problema foi que passados 19 meses do grupamento, os papéis JBDU4 praticamente voltaram ao valor mínimo de Bolsa, tendo fechado esta segunda-feira (15) valendo R$ 0,06.

O motivo para esse “retorno” aos tostões reflete a manutenção do cenário negativo da empresa: após iniciar sua história produzindo produtos químicos para a indústria têxtil e veterinários, a empresa centenária mudou seu foco de produção para produtos sustentáveis após o “boom” das commodities entre os anos 90 e 2000. Após algumas tentativas falhas de novos negócios, a JB Duarte decidiu apostar sua atuação na plantação de bambu e eucalipto, na tentativa de ajudar no crescimento de um novo mercado no País. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.