Siderurgia é destaque positivo para CSN (CSNA3) no 3º tri, mas minério afeta números da companhia e da CSN Mineração (CMIN3)

Números das empresas, notoriamente de CMIN3, decepcionaram as estimativas por conta dos preços realizados de minério de ferro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em um dia de queda generalizada para o mercado, as ações da CSN (CSNA3) e da CSN Mineração (CMIN3) também tinham baixa durante boa parte da sessão, ainda que amenizando as perdas. Às 15h55 (horário de Brasília), os ativos CSNA3 caíram 3,44%, a R$ 21,33, enquanto CMIN3 fechou perto da estabilidade, com leve alta de 0,19%, a R$ 5,22.

Porém, além do dia de aversão ao risco do mercado, os números reportados pelas companhias também vieram abaixo do esperado, impactados principalmente pelos preços realizados abaixo do que o esperado no segmento de minério de ferro.

A CSN teve um lucro líquido de R$ 1,325 bilhão no 3º trimestre deste ano, uma retração de 5% na comparação com o mesmo período de 2020. Em comparação com o 2º trimestre, porém, a perda foi maior e atingiu uma queda de 76%, quando somou R$ 5,513 bilhões.

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O Bradesco BBI comentou que os números vieram muito mais fracos do que o esperado na divisão de minério de ferro, até então o maior contribuinte dos resultados da companhia, devido à fraca realização de preços, mas também houve impacto dos custos. Por outro lado, houve solidez no segmento de siderurgia.

“A companhia apresentou fortes resultados em comparação ao seu histórico mais longo, com a siderurgia passando pelo melhor momento de mercado pela queda forte nos custos de matéria-prima e manutenção de preços em patamares recordes sustentado pela escassez de aço e câmbio favorável para o setor. Porém, a contraparte negativa veio em peso, com alta do custos de energia e logística, além de uma queda muito forte nos resultados de mineração que, pela primeira vez desde o início do ‘superciclo’ dos metais básicos, apresentou rentabilidade inferior ao braço de siderurgia da companhia”, aponta ainda a Levante Ideias de Investimentos.

Mesmo com os números um tanto quanto “conflituosos”, o BBI manteve a recomendação de compra para as ações da CSN. “Reconhecemos que os riscos aumentaram nos últimos meses, no entanto, o preço das ações já incorpora uma deterioração
significativa nos fundamentos (basicamente implicando uma correção para os níveis de meio de ciclo já em 2022). Isso é excessivamente pessimista em nossa opinião, já que não esperamos uma interrupção relevante nos fundamentos do aço e do minério de ferro”, apontam os analistas do banco. O preço-alvo é de R$ 67, ou alta de 203% em relação ao fechamento da véspera.

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Após a teleconferência de resultados, os analistas do banco ressaltaram que a CSN  manteve sua perspectiva geral positiva em sua divisão de aço, impulsionada por um crescimento da demanda ainda saudável (embora em um ritmo mais lento em 2022 versus 2021), oportunidades de capturar participação de mercado das importações e um sólido ambiente internacional para o aço.

“Depois de um quarto trimestre sazonalmente mais fraco (com estabilidade de preço do aço no Brasil), pode haver espaço para aumentar os preços no Brasil mais uma vez. Não foi mencionado muito sobre as tendências de custo, mas acreditamos que os custos mais altos do carvão metalúrgico e do coque devem afetar os resultados nos próximos trimestres. No cimento, a empresa permanece construtiva e confiante sobre as perspectivas de sinergia assim que a aquisição da LafargeHolcim for concluída. Por fim, na alocação de capital, a CSN continua comprometida em manter a relação entre dívida líquida e Ebitda abaixo de uma vez, enquanto se concentra em projetos de crescimento de minério de ferro e consolidação de aquisições de cimento”, avaliam os analistas do BBI.

A gestão ainda destacou, no negócio de mineração, os impactos positivos dos maiores volumes de vendas e um impacto muito mais limitado dos preços realizados do minério de ferro para o quarto trimestre.

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CSN Mineração ainda mais afetada

A CSN Mineração (CMIN3), por sua vez, registrou retração de 45% no lucro líquido do terceiro trimestre, que somou R$ 804 milhões.

De acordo com a empresa, a queda poderia ainda ser maior, se não fossem os efeitos positivos do hedge e da variação cambial.

A XP ressalta que que o Ebitda ajustado de R$ 911 milhões foi 54% inferior às estimativas da casa e 52% abaixo do consenso. A margem Ebitda ajustada foi de 33% no trimestre (baixa de 32 pontos percentuais na base trimestral e de 30 pontos na comparação anual).

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Os destaques foram os menores volumes de venda e a forte contração no preço de venda do minério de ferro, a despeito de uma produção estável. O caixa líquido (Caixa – dívida bruta) alcançou R$ 7,2 bilhões (vindo de R$5,9 bilhões no trimestre anterior),  puxado por uma forte geração de caixa no período. O fluxo de caixa livre atingiu R$ 3,925 bilhões em função da elevada redução no capital de giro.

Apesar dos resultados piores, a XP manteve recomendação de compra com preço-alvo de R$ 14 (upside de 169%), destacando os múltiplos abaixo dos pares australianos, considerando seu crescimento para 60 milhões de toneladas de vendas de minério de ferro esperado em 2024, em nossa visão.

O Bradesco BBI também manteve recomendação de compra para ação com preço-alvo de R$ 14, uma vez que acredita que a ação já está precificando uma queda significativa nos preços do minério de ferro em 2022.

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O Morgan Stanley, por sua vez, comentou que o Ebitda reportado pela CSN Mineração veio 20% fraco e manteve recomendação avaliação equalweight (exposição em linha com a média de mercado) para ações da CSN Mineração, e preço-alvo de R$ 7,50, em um cenário mais desafiador para o preço do minério de ferro.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.