“Shutdown”: o que é e quais as consequências da paralisação que está abalando o governo dos EUA

Governo dos EUA está paralisado desde o dia 22 de dezembro e já chega ao seu segundo maior "shutdown" da história

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – “Shutdown” é um termo que tem se tornado cada vez mais comum ouvir nos Estados Unidos. Em dois anos no poder, Donald Trump já enfrenta este evento pela segunda vez e, apesar do mercado desta vez não estar sendo muito impactado, isto tem grande impacto na vida das pessoas e quanto mais tempo durar, pior vai ficando.

Basicamente, um “shutdown” é a paralisação do governo e isso ocorre porque o orçamento do atual ano fiscal não foi aprovado. Neste cenário, o governo não pode mais se comprometer com nenhum gasto, levando a um congelamento dos serviços e atividades governamentais até que o orçamento seja aprovado.

Desta vez, o orçamento emperrou por conta do famoso muro na fronteira do México prometido por Trump desde a sua campanha eleitoral. Ele quer que um projeto que destina mais de US$ 5 bilhões financiar a construção entre no orçamento deste ano.

A questão é que os democratas não aceitam e defendem que é necessário reforçar a segurança da fronteira e não construir um muro. Com isso, os serviços do governo estão parados desde o dia 22 de dezembro, já sendo o segundo maior “shutdown” da história do país, com 19 dias (e contando), perdendo apenas para a paralisação durante o governo de Bill Clinton, durando 21 dias em 1995.

Cerca de 800.000 funcionários federais foram afetados pela paralisação e diversos serviços, incluindo até sites governamentais e os parques nacionais, estão sem funcionar. Isso porque as agências da administração do governo estão sem recursos, sendo que os funcionários não estão recebendo pagamentos.

Reação do mercado
Em outras vezes o “shutdown” teve bastante impacto no desempenho da bolsa, mas desta vez o assunto tem ficado de lado enquanto os investidores ficam de olho, entre outras coisas, na negociação entre EUA e China para um acordo sobre a guerra comercial. Mas isso pode mudar em breve.

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Trump tem batido o pé e já disse estar preparado para que a paralisação dure “meses ou até anos” se precisar. Do outro lado, os democratas também estão se mostrando inflexíveis sobre o orçamento, o que sinaliza que o “shutdown” pode realmente durar bastante.

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A questão é que isso tende a afetar cada vez mais a economia norte-americana. Nesta quarta, a agência de rating Fitch afirmou que pode até cortar a nota AAA dos EUA se esta questão se estender demais. 

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“Se esta paralisação continuar até 1º de março e o teto da dívida se tornar um problema vários meses depois, talvez precisemos começar a pensar sobre a estrutura política, a incapacidade de aprovar um orçamento … E se tudo isso é consistente com o AAA”, afirmou James McCormack, chefe global de ratings soberanos da Fitch, em evento em Londres.

Em geral, este cenário poderia até favorecer o mercado brasileiro, que tende a registrar uma entrada de fluxo estrangeiro com o investidor saindo da tensão dos EUA.

Porém, por enquanto isso não tem acontecido, primeiro porque não está havendo uma reação ao “shutdown”, mas também porque o “gringo” quer ver decisões mais concretas do governo de Jair Bolsonaro antes de realmente apostar no Brasil.

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Para a população, os efeitos da paralisação são drásticos desde o primeiro dia, mas o mercado financeiro não tem se importado com os serviços parados. A questão é que se Trump e os democratas sustentarem sua briga por meses, isso poderá ter duras consequências para a maior economia do mundo.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.