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Responsável pela produção de quase 20% do que é fabricado no Brasil e com mais de 2,5 mil empresas, de pequeno a grande porte, o setor de móveis do Rio Grande do Sul busca alternativas para manter seus negócios, enquanto contabiliza os prejuízos materiais e humanos, após as enchentes reduzirem o ritmo dos negócios.
Com as estradas bloqueadas, tráfego parcial ou desviado, os problemas logísticos atingiram em cheio as empresas. Basicamente, a cadeia da indústria moveleira utiliza a infraestrutura rodoviária para recebimento de matéria-prima e entrega de móveis, sofás e outros mobiliários.
Toda essa complicação já atinge, inclusive, o mercado de móveis em outras localidades do país. “O principal problema que identificamos atualmente é o impacto logístico e na cadeia de suprimento, dada a dificuldade no transporte de insumos, bem como na distribuição de produtos acabados”, afirma Irineu Munhoz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel).
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“Esta ruptura pode ter impactado ou vir a impactar o ritmo de produção em algumas empresas. No entanto, é importante destacar que a maioria das indústrias moveleiras gaúchas trabalha com estoque de matérias-primas, o que tem permitido uma certa resiliência frente a esses desafios”, ressalta.
Setor de móveis: Infraestrutura rodoviária é essencial
Munhoz diz que as empresas que possuem centros de distribuição em outros estados estão conseguindo manter seu faturamento e entrega, utilizando essas estruturas para evitar interrupções significativas.
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“Já as empresas com centros de distribuição localizados exclusivamente no Rio Grande do Sul, como é o caso de empresas de menor porte, estão buscando rotas alternativas para escoar a produção e conseguirem gradativamente realizar suas entregas, embora com prazos possivelmente mais longos”, acrescenta ele.
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Reflexo no preço final
Para a entidade, é crucial que as operações continuem e que os empregos sejam preservados. “Entendemos que as enchentes tenham prejudicado o fornecimento de certas matérias-primas e os custos de transporte, fatores que podem se refletir nos preços finais dos produtos”, reconhece o presidente da Abimóvel.
O executivo considera essencial ações de prorrogação de tributos, apoio financeiro emergencial e a busca por rotas logísticas alternativas para garantir o funcionamento pleno do importante centro moveleiro do sul do país.
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Estradas dilaceradas
Felipe Menegaz Werpp, diretor da Hasam Móveis e presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário (Sindmobil), que engloba os municípios de Gramado, Canela, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula, também considera que o maior desafio, no momento, é a logística na região.
“Estradas do Rio Grande do Sul estão dilaceradas. Tudo que nos rodeia ou está alagado ou está esburacado ou deslizado. A questão de recebermos matéria-prima está bem complexo”, disse.
“Percurso de 100 quilômetros virou trajeto de 300 quilômetros. Os materiais chegam, mas de forma lenta e com custo maior. O frete tem feito com que o custo aumente”, complementa.
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Venda para outros estados
Hasam Móveis mantem fábrica e loja em Gramado. Ele reconhece que a situação vai refletir no produto final. “Além da matéria-prima, custa mais para chegar no distribuidor e, daí, custa mais para o cliente”, diz.
A empresa vende para fora do Rio Grande do Sul, incluindo Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, mas também tem uma clientela forte em Porto Alegre, Novo Hamburgo e na região onde se localiza.
“Porto Alegre hoje não está consumindo nada de nosso produto, mas pode-se dizer que tem toda a reconstrução da cidade, vai precisar de móveis, mas vai depender muito do recurso federal”, afirma.
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“E também tem o cliente. Quando vê uma tragédia como essa, todo mundo ‘tira o pé’”, acrescenta. A Hasam Móveis tem feito ação de ajuda aos atingidos com as chuvas.
Segundo Werpp, a empresa já distribuiu 150 kits de diferentes mobiliários (balcões, cômodas, guarda-louça, entre outros) e está produzindo mais 150 kits.
Ele disse que no começo da campanha, há duas semanas, chegou a contar com voluntários e boa ajuda financeira, mas a campanha “perdeu força”: “No início todo mundo ajuda. Agora não tem”.
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Interrupção de entrega
José Luiz Dias Fernandez, da Móveis German e ex-presidente da Abimóvel, mantém fábrica em Anápolis (GO) e seis lojas em Brasília.
“Com relação à fábrica, tenho alguns insumos e matérias-primas que vem do Rio Grande do Sul. Tivemos alguma interrupção (de entrega) nos primeiros 15 dias. As empresas que não foram atingidas, estão com problemas de logística”, afirma.
“Muitas delas pararam de produzirem um primeiro momento, mas, por sorte, existia estoque”, ressalta. “Mas pediram prazo maior de entrega”, diz.
Ele conta que as empresas no Rio Grande do Sul são, em sua maioria, de Bento Gonçalves, maior polo moveleiro do Estado. E, por estarem localizarem-se na região serrana do Estado, o problema maior foi com os funcionários, que tiveram casas alagadas e estão voltando gradualmente a trabalhar.
Aumento de 30% a 50% do trajeto
Sobre as transportadoras, o ex-presidente da Abimóvel afirma que elas têm tido dificuldades de sair do Rio Grande do Sul, tendo que fazer trajetos mais longos até chegar a Florianópolis ou Curitiba, para fazer transbordo de produtos.
“Eles dizem ter aumento de 30% a 50% da quilometragem até os grandes centros”, afirma. No primeiro momento, ele não crê em impacto de preço nos produtos da indústria de mobiliário.
“Não creio em impacto até porque o mercado não está aceitando. O varejo está muito ruim na região. Se aumentar o preço, só agrava a situação”, finaliza.