Setor de saúde: diante de “pressão alta”, veja quais ações são apostas de analistas

Setor segue pressionado e enfrenta cenário desafiador, mas analistas enxergam tendências positivas e algumas apostas

Camille Bocanegra

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O setor de saúde ainda segue com um cenário desafiador, de acordo com analistas. A “pressão alta” ainda segue, com custos mais altos, juros elevados e perdas de beneficiários. Ainda assim, as tendências para alguns nomes são positivas no longo prazo e podem indicar expansão de operações.

“As empresas ainda têm custos elevados que ainda não sabemos onde vão parar. Esses custos se tornaram bem elevados, desde a época da pandemia. Isso não vem ajudando em nada o desempenho das empresas”, afirma Caritsa Moreira, analista da VG Research.

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Além disso, a analista destaca que mudanças no consumo de segurados trouxe aumentos para sinistralidade e, por consequência, redução de receita e de desempenho, no geral. As pressões no resultados observadas no primeiro trimestre de 2024 devem se manter, tanto por questões inerentes ao setor quanto pelo panorama macroeconômico ainda desafiador. Nesse aspecto, a analista destaca a pressão que a taxa de juros ainda elevada exerce sob o setor.

“Consideramos como um setor defensivo quando comparado a outros setores como varejo e commodities, entretanto, possui seus desafios como qualquer um”, pondera Fernando Henrique Magalhães, analista da Levante Inside Corp.

A principal projeção que Magalhães destaca, no longo prazo, é o potencial de oferta de cuidados para envelhecimento da população.

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Qual é a melhor ação de saúde?

Diante deste quadro, qual é a melhor ação de saúde? Para analistas, a resposta é: depende.

Para Magalhães, a Oncoclínicas (ONCO3) se destaca como uma das apostas por apresentar estratégia de crescimento alinhada com eficiência operacional.

Assim, de acordo com o analista, é possível considerar a expansão das operações orgânicas somada à manutenção de ticket médio visto como “resiliente”, mesmo em ambiente mais desafiador.

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Em sua visão, o potencial do nome compensa a apresentação de resultados abaixo do esperado no último trimestre.

“A principal projeção do setor é o aumento da necessidade de serviços de saúde com o envelhecimento da população, o que resulta em um papel de extrema importância para os prestadores de serviços privados nos próximos anos, gerando assim um bom potencial de crescimento para essas empresas”, pondera.

Pela análise de métricas como preço sobre lucro (P/L), a Hapvida (HAPV3) se destaca como uma das mais baratas do setor. A companhia é uma das principais escolhas para bancos como Goldman Sachs, que reiterou a recomendação de compra para o papel após queda forte. A operadora apresenta relação negativa de 89 vezes o P/L.

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Farmácias

Na outra ponta, no setor de farmácias, a Pague Menos (PGMN3) poderia ser considerada uma das mais caras do segmento. O papel apresenta relação de 55 vezes o preço sobre o lucro. Mas também apresenta o melhor dividend yield (taxa de retorno em dividendos) de todo o setor de saúde, em 22,6% nos últimos 12 meses.

No cálculo de valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EV/EBITDA na sigla em inglês), a companhia apresenta relação de 9,34 vezes.

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Quais são os riscos para o setor?

Os fatores que impactam o setor ainda estão presentes e podem ser riscos para o futuro. Magalhães elenca que as mudanças na procura de consumidores, variação de custos de serviços médicos e regulamentação do setor são pontos que podem trazer mais desafios para os papéis de saúde.

A maioria dos planos é empresarial, diretamente afetado pela atividade macroeconômica, ou seja, quando costuma haver corte de benefícios de saúde ou demissões maiores, o setor sofre impactos”, explica.

Mesmo que haja a manutenção dos contratos, a dependência de reajustes aprovados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ainda que sirvam apenas como parâmetro para os contratos empresariais, trazem impactos.

O principal aspecto é a dificuldade de reajustes cobrirem a inflação médica, um dos principais riscos do segmento e grande limitador de rentabilidade.

No setor de medicina diagnóstica, os laboratórios enfrentam os mesmos fatores, como

crescimento populacional, cenário econômico e dependência de investimentos públicos e privados.

“Trata-se também de um segmento que necessita de novas tecnologias constantes, o que exige um alto investimento em PD&I”, conclui o analista.

Confira as principais métricas para o setor de saúde:

EmpresaP / LEV / EBITDAP / VPADividend Yield
Blau (BLAU3)7,314,420,863,4%
Diagnósticos da América (DASA3)-1,799,470,290,0%
Fleury (FLRY3)15,737,311,514,0%
Hapvida (HAPV3)-89,5611,060,570,0%
Kora Saúde (KRSA3)-2,876,770,430,0%
Hospital Mater Dei (MATD3)13,317,971,071,6%
Oncoclinicas (ONCO3)13,978,491,280,0%
Pague Menos (PGMN3)55,059,340,5522,6%
Qualicorp (QUAL3)-4,898,110,315,4%
Raia Drogasil (RADL3)42,7718,027,401,0%
Rede D’Or São Luiz (RDOR3)23,188,732,551,9%
Fonte: Estudo realizado pela Investing.com, em 26 de junho de 2024

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Entenda os principais indicadores fundamentalistas

Índice de preço sobre lucro (P/L)

É um índice usado para avaliar se o preço das ações de uma empresa está caro ou barato. O preço analisado é sempre o valor por ação que está divulgado na bolsa em um certo momento. Já o lucro é o ganho líquido por cada uma das ações neste mesmo período.

Um P/L alto pode indicar que a ação está cara em relação ao seu lucro, enquanto um P/L baixo pode indicar que está barata. No entanto, é importante comparar o P/L com o de outras empresas do mesmo setor e considerar o crescimento esperado dos lucros.

Enterprise Value (EV/Ebitda)

O Enterprise Value é a soma do valor de mercado das ações de uma companhia com a dívida líquida dessa empresa. O valor é obtido ao multiplicar o número de ações emitidas pelo preço da ação em determinado momento.

EM síntese, o EV/Ebitda ajusta o valor de mercado da empresa pelo seu endividamento e caixa, oferecendo uma visão mais completa. Um EV/Ebitda baixo pode indicar que a empresa está subvalorizada.

P/VPA

O P/VPA corresponde ao preço de uma ação dividido pelo valor patrimonial correspondente a ela, sendo esse o indicador que diz o quanto os investidores estão dispostos a pagar pelo patrimônio líquido da empresa.

Assim, quando o P/VPA for inferior a 1, isso significa que a empresa está avaliada abaixo do seu valor patrimonial, sendo considerada barata, enquanto acima de 1 é o contrário. Já se estiver próximo de 1 deduz-se que está com preço preço justo em relação aos seus ativos.

DY (Dividend Yield)

É o retorno sobre o dividendo, em porcentagem, sobre o valor pago pelo papal, calculado pela divisão entre o provento esperado e o preço atual da ação.

De modo geral, pode-se dizer que quanto mais alto é o dividend yield, melhor para o acionista, pois maior será a rentabilidade com dividendos do investimento. Essa análise, no entanto, deve ser feita com cuidado.

Uma ação que esteja muito desvalorizada por apresentar um dividend yield alto, o que não significa que ela será sempre um bom investimento. O indicador, porém, é bastante eficiente para comparar ações de negócios estáveis, como as elétricas.

O que é melhor observar nas estatais: Dividendo ou Valuation Barato?

Dividendos:

Valuation Barato: