Setor de saneamento tem alívio sobre votação de MP dos ministérios, mas risco não foi totalmente mitigado

Relator da MP dos ministérios recusou em parecer emenda que poderia enfraquecer agência reguladora do setor, mas ela ainda pode ser votada

Equipe InfoMoney

Água é tratada na Companhia Ituana de Saneamento (Divulgação/Prefeitura)
Água é tratada na Companhia Ituana de Saneamento (Divulgação/Prefeitura)

Publicidade

Na última terça-feira (22), em relatório, o Itaú BBA havia destacado um possível acontecimento que poderia ameaçar os investimentos no setor de saneamento.

O banco havia destacado que Eduardo Braga (MDB-AM), senador da coligação do governo federal, incluiu a Emenda 081 na Medida Provisória 1.154 (MP 1.154) de criação de ministérios, prevendo a criação de um Departamento de Regulação sob o Ministério das Cidades para ajudar a estabelecer normas regulatórias para o segmento de saneamento.

Conforme destacou o BBA, caso se concretizasse, a emenda seria muito negativa, uma vez que criaria um quadro regulatório altamente complexo, já que tanto a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) quanto o Departamento de Regulação mencionado seriam os responsáveis por estabelecer as novas normas regulatórias. Assim, caso aprovado, empresas, municípios e/ou qualquer outro interessado poderiam recorrer à Justiça caso encontrem normas conflitantes, tornando o setor imprevisível para investimentos, enquanto uma ANA fraca reduziria a atratividade para investimentos no setor, apontaram.

Os analistas ainda lembraram que a MP 1.154 deve ser votada até 1º de junho. Se não for votada até o prazo, se tornará ineficaz, gerando caos administrativo para o governo.

Contudo, na véspera, o BBA destacou que o relator desta MP, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), leu seu parecer e rejeitou a Emenda 081, gerando alívio para o setor.

“Esta é, em nossa opinião, uma notícia positiva, uma vez que a emenda teria um impacto negativo significativo no setor e criaria grande turbulência no quadro regulatório”, apontam os analistas.

Continua depois da publicidade

O BBA também aponta que, apesar das recentes tentativas do governo federal de enfraquecer a ANA e derrubar pontos-chave do novo quadro regulamentar, as iniciativas ainda parecem carecer de apoio do Congresso.

O banco lembra que, diante da falta de apoio do Congresso para alterar o Marco Regulatório do Saneamento, o governo federal publicou os decretos 11.466 e 11.467, que não se adequaram ao novo marco regulatório. O Presidente da Câmara recentemente pediu que o governo federal alterasse os decretos. Porém, diante da ausência de mudança, Arthur Lira colocou o decreto legislativo 111/2023 (PDL 111) à votação, que foi aprovado pela Câmara dos Deputados com expressiva maioria, revogando os decretos editados pelo governo. O Projeto de Lei agora será enviado ao Senado para aprovação.

Contudo, os analistas alertam que o risco não foi totalmente mitigado. Enquanto a probabilidade de inclusão da emenda na MP 1.154 parece baixo, ele não é inexistente, avaliam os analistas. “O relatório foi lido hoje  (ontem) pelo relator, mas foi concedido um prazo adicional de 48 horas para novas discussões antes de ser enviado à Câmara dos Deputados para votação. Assim, ainda existe o risco de que a emenda seja incluída no relatório, ou que seja submetida a votação em separado na Câmara dos Deputados como emenda pendente”, aponta.