Sem repassar custos, Renner pressiona rentabilidade e derruba ação, diz analista

O balanço do quarto trimestre de 2024 trouxe mensagens de cautela para esse ano; XP ajustou estimativas e o preço-alvo sofreu redução

Augusto Diniz

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Danniela Eiger, head de varejo da XP, participou do Morning Call da XP nesta segunda (24) e disse que no quarto trimestre de 2024 (4T24) a Renner (LREN3) teve resultado “que ficou a desejar” especificamente na rentabilidade de produto, fazendo o preço da ação cair desde a divulgação do balanço, na quinta (20).

“Foi um ponto que deu uma decepcionada nos investidores, veio abaixo do que a gente tinha e isso traz um pouco de desconforto e incerteza em relação ao que que esperar para a frente”, disse.

Câmbio

Segundo a analista, um dos motivos que levou a rentabilidade para abaixo do esperado foi o fato de eles não repassarem o aumento de custo decorrente do câmbio.

“E isso ocorreu, na nossa visão, porque o consumidor está com a renda mais comprometida e a Renner não vai ter tanto espaço para aumento de preço de um produto mais discricionário”, comentou.

 “O que se observa é que está se vendo um cenário de decisão (da Renner) de não repassar a pressão de custos para o preço (ao consumidor) e isso deve ser verdade também para 2025”, avaliou.

No caso da Renner, ela ressaltou também que tem um componente com relação às expectativas. “Quando se olha os resultados (do 4T24), do ponto de vista de crescimento, ele veio bastante alinhado com o que a gente tinha. Ele teve venda nas mesmas lojas perto dos 9%, que não é um resultado ruim, principalmente por conta do cenário”, destacou.

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Margens menores

Mas, de acordo com a analista, o investidor tem expectativa alta com o forte investimento que a companhia vem fazendo na construção de um centro de distribuição automatizado, que deveria trazer uma melhora de rentabilidade por conta do ganho exponencial de eficiência. “Existem algumas alavancas nesse centro de distribuição que os investidores esperam ver resultados”, apontou.

Outro ponto negativo no balanço, de acordo com Danniela Eiger, foi relacionado ao pagamento de bônus no 4T24 acima das expectativas, que acabaram pressionando a margem Ebitda.

Por conta disso, a XP revisou em relatório as estimativas com margens brutas menores, pelos efeitos negativos de ajuste a valor presente (AVP). O preço-alvo da ação também caiu de R$ 15 para R$ 14 para o final de 2025. A casa manteve recomendação neutra para a companhia.

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“A própria companhia comentou que está vendo desafios importantes em 2025 em consumo, reforçando nossa visão cautelosa”, afirmou. “A revisão que fizemos para esse ano é de ajuste do lucro. A gente está 15% abaixo do consenso de mercado”, comentou.

Eiger disse ainda que a XP tem visão cautelosa em um quadro de juros altos e inflação subindo, para empresas que o consumidor sente primeiro no bolso o cenário econômico apertado.