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Pouco mais de três meses atrás, as ações do Grupo SBF (SBFG3), dono da Centauro e da operação da Nike no Brasil, desabaram quase 26% na sessão pós-balanço (em 8 de agosto), com endividamento e maior necessidade de capital de giro se destacando entre as principais preocupações após o resultado.
Já na sessão desta terça-feira (14), após o resultado do terceiro trimestre de 2023 (3T23), o movimento foi diametralmente oposto: os papéis saltaram 22,63%, a R$ 9,81.
A companhia reportou lucro líquido ajustado de R$ 55,3 milhões no período, montante 61,4% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2022. A receita líquida alcançou R$ 1,793 bilhão entre julho e setembro, representando uma alta de 22% em relação ao mesmo período de 2022.
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Conforme destaca o Bradesco BBI, os resultados foram surpreendentes, impulsionados pela maior alavancagem operacional, com os números ficando acima das suas expectativas e do consenso da receita ao lucro.
O consumo de caixa melhorou sequencialmente, de quase R$ 136 milhões no 2T23 para R$ 40 milhões no 3T23, assim como o endividamento (3,0 vezes a relação Dívida Líquida/Ebitda, ante 3,4 vezes no 2T23).
Os analistas apontam que as principais linhas melhoraram sequencialmente, embora ainda sob pressão. O crescimento anual das vendas líquidas de 22% foi uma recuperação frente aos 8,9% no 2T23 e acima das projeções da casa, impulsionado principalmente pela recuperação do canal atacadista Fisia (Nike), que reverteu da contração de 20,6% no 2T23, para uma alta de 18,4% no 3T23, e na aceleração do canal digital (que teve crescimento acelerado de 41,3% no 2T23 e de 62,9% no 3T23) devido à migração para o 3P e preços agressivos.
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“A expansão da margem Ebitda ajustada de 2,40 pontos percentuais (pp) ficou 2,00 pp acima de nossas expectativas, impulsionada principalmente pela alavancagem operacional e despesas gerais e administrativas controladas (aumento de 9%, enquanto as receitas aumentaram 22%), o que mais do que compensou a compressão da margem bruta de 1,60 pp (devido principalmente a remarcações de estoque)”, aponta.
Isso levou ao lucro líquido de R$ 55,3 milhões, que foi substancialmente melhor do que a sua estimativa de R$ 17 milhões.
Na visão dos analistas do banco, o resultado deixa espaço para que as estimativas de lucros sejam revisadas para cima.
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“As novas indicações positivas dos fundamentos, combinadas com melhores perspectivas de capital de giro em direção ao 4T23 podem, pelo menos por enquanto, trazer algum alívio para a tese”, apontam.
Por outro lado, o BBI pondera que a consistência continua a ser fundamental e espera que os investidores continuem monitorando a capacidade da empresa de melhorar de forma sustentável a conversão de caixa tanto em termos de capital de giro como de rentabilidade.
“Os resultados do 3T23 nos levaram a revisar nossos lucros para 2024 para cima em 5% —e agora estamos 13% acima do consenso e, mesmo assim, vemos SBFG3 sendo negociada a 6,1 vezes o múltiplo P/L, o que é um desconto significativo para os pares (quase 48%). Se a empresa mostrar consistentemente o seu caminho de desalavancagem e de relançamento do crescimento do lucro nos próximos trimestres, o espaço para uma potencial reclassificação será significativo”, aponta.
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Assim, manteve recomendação de compra e elevou o preço-alvo para R$ 14,00 ao final de 2024 (de R$ 13,00).
A XP destaca ser interessante notar que: i) os estoques da Fisia atingiram um ponto de inflexão e devem levar a despesas de royalties mais normalizadas, no futuro; ii) a empresa finalizou a migração da Fisia para o centro de distribuição de Extrema-MG, o que deve contribuir para reduzir os custos nos próximos trimestres; iii) a alavancagem diminuiu, embora a empresa espere que ela diminua ainda mais para níveis históricos no 4T, devido à sazonalidade habitual e a menores compras; e iv) a SBF destacou que a concorrência permanece difícil tanto para a Centauro quanto para a Fisia, frente aos altos estoques de diferentes players em todos os canais.
“O Grupo SBF registou resultados do 3T23 melhores, com um EBITDA acima do esperado devido à diluição das despesas e à alavancagem operacional. Mantemos nossa recomendação de Compra, com preço-alvo de R$ 10 por ação”, aponta a casa.
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O BTG Pactual também tem recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 12. O banco ressalta a recuperação da receita, com vendas agressivas e aumento de preços da Fisia. “O Grupo SBF apresentou forte recuperação em seus números operacionais, superando nossas estimativas, embora o capital de giro continue sendo um ponto de atenção”, reforça.
A Eleven também ressalta que a companhia apresentou resultados trimestrais com bons sinais de melhora. Contudo, mantém recomendação neutra.
“Ainda enxergamos riscos de execução na reestruturação com foco em rentabilização e um desempenho fraco na operação de Centauro. Além disso, a alavancagem financeira de 2,98 vezes a Dívida Líquida Ajustada/Ebitda (ex-IFRS) também deve continuar pressionando a última linha, apesar da queda de juros”, avaliam os analistas.