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A Saraiva (SLED3;SLED4), em recuperação judicial, informou que a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que aconteceria na próxima quarta-feira (10), foi adiada, por determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e deverá acontecer no prazo de 21 dias contados da disponibilização, pela companhia, de informações relacionadas à proposta de aumento de capital no valor aproximado de até R$ 25 milhões que é alvo de questionamentos por acionista relevante.
A CVM atendeu à solicitação da segunda maior acionista ordinária da empresa, a empreendedora gaúcha Alyssa Bruscato, detentora de 15,03% do capital social com direito a voto da companhia. Alyssa vinha tentando, sem sucesso, que a Saraiva divulgasse aos acionistas e ao mercado o inteiro teor de um contrato milionário que deu origem a um crédito de um credor pós-concursal, crédito esse que decorria de supostos êxitos alcançados em negociações ocorridas durante a recuperação judicial.
Esse credor é a empresa KR Capital, ligada ao CEO da companhia, Marcos Guedes. Diante disso, membros do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal pediram que fosse feita uma auditoria nos referidos contratos, inclusive com o objetivo de aferir o valor do suposto êxito alcançado. Ocorre, no entanto, que a família Saraiva, controladora da empresa, optou em não fazer.
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“Se esse contrato for verdadeiro e validado, é um desrespeito com os 14 mil acionistas da companhia”, enfatiza Alyssa. “Em nenhum momento do plano de recuperação judicial da empresa esse contrato apareceu, assim como os pagamentos mensais que estão sendo feitos em meio a RJ. Centenas de credores acabaram de receber ações com deságio de 80% e lockup de três anos para conversão de forma irrevogável e irretratável de seus créditos com a Saraiva”, declara.
“Agora querem emitir quase que a mesma quantidade de ações preferenciais que serão entregues à KR Capital, empresa ligada ao atual CEO da Companhia, Marcos Guedes, sem deságio ou lockup, por serviços prestados ao longo de meses”, pondera. “Será que esses credores que optaram em virar sócios da Saraiva sabiam da existência desse contrato e da vontade do Conselho de Administração em transformar a KR Capital, empresa ligada ao atual CEO da Companhia, Sr. Marcos Guedes, no maior acionista individual da Companhia?”, indaga a acionista.
Segundo a investidora, diante da falta de transparência é fundamental que uma auditoria seja realizada na companhia com o objetivo de verificar a correção dos pagamentos realizados, em especial aqueles que possam ter sido feitos à KR Capital, já que a capitalização do crédito detido por ela será apenas parcial. Caso uma ilegalidade seja constatada e comprovada os atuais administradores que estiverem envolvidos deverão ser destituídos e responsabilizados.
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Comunicado da Saraiva
Em nota ao InfoMoney, “a Livraria Saraiva esclarece que a contratação da KR Capital foi realizada em dezembro de 2020 pelo antigo Conselho de Administração independente, sempre em conformidade com os mais rigorosos padrões de governança. A aprovação dos valores a pagar pelos resultados alcançados pela KR foram aprovados à época pelo CA de forma independente.
A KR foi contratada por ser especialista há mais de 20 anos em assessoria para ativos em distress, incluindo recuperações judiciais. Toda a contratação e a prestação de serviços foram firmadas entre as partes sempre alinhadas às melhores práticas de governança.
A companhia ressalta que preza pela transparência de seus negócios e que tanto seus acionistas, como a CVM, são devidamente informados sobre todas as movimentações da empresa.
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Nesta fase final da recuperação judicial, a Saraiva segue com disciplina a execução do seu planejamento, negociando sua dívida pós concursal sistematicamente para redução do impacto de caixa no curto prazo. Até o momento, a renegociação com grande parte dos credores resultou em parcelamento da dívida em longo prazo, sem juros e, em outros casos, na conversão do total da dívida em ações da companhia.
A respeito do adiamento da AGE que seria realizada dia 10/01, a Saraiva informa que deverá ocorrer no prazo de 21 dias e não gera qualquer risco e/ou ameaça ao cumprimento do atual Plano de Recuperação Judicial da Saraiva.”
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