Santander evita crédito pessoal e aposta em cartão pela principalidade do cliente

CEO diz que banco "não sofre por spreads" e acredita que é possível crescer de forma rentável, mesmo com mix de menor risco

Mitchel Diniz

Logo do Santander em agência da Cidade do Mexico 15/06/2024 REUTERS/Raquel Cunha
Logo do Santander em agência da Cidade do Mexico 15/06/2024 REUTERS/Raquel Cunha

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Não é porque está se reaproximando dos patamares históricos de rentabilidade que o Santander Brasil (SANB11) abandonou totalmente sua postura mais conservadora em relação à concessão de crédito sem garantia. Ainda que empréstimos dessa modalidade tragam retornos maiores às instituições financeiras, por conta do maior risco, a subsidiária do banco espanhol não tem planos de aumentar sua participação em seu portfólio. Pelo contrário. 

“Não quero demonizar ou colocar uma marca em cima do crédito pessoal, não é isso”, afirmou Mario Leão, CEO do Santander Brasil, em coletiva de imprensa sobre os resultados do banco no segundo trimestre de 2024. “Mas o crédito pessoal tem diferentes nuances. Aquele derivado de reorganização [financeira] eu quero diminuir, sim”, admite o executivo.

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Segundo Leão, o banco não quer depender do crédito pessoal sem garantia para conquistar clientes novos.  Além do risco, não é esse o produto que fideliza e torna o Santander o principal banco daquele tomador de empréstimo. 

“O produto ‘clean’ [sem garantia] em que eu tenho que concentrar meus esforços para ganhar o que vem junto com o que chamamos de principalidade é o cartão de crédito”, explica o CEO. 

A base de clientes no cartão de crédito do Santander Brasil cresceu 6% no segundo trimestre em relação a um ano antes. Na mesma base de comparação, as receitas com cartões expandiram em mais de 13,4%, para R$ 1,33 bilhão. Nos últimos dois anos, com a inadimplência elevada, esse segmento vinha perdendo força dentro do balanço da instituição financeira.

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Antes da coletiva, na teleconferência com analistas, Leão já tinha respondido que o banco deseja depender menos do crédito pessoal. E ainda que isso comprometa os spreads da instituição financeira, o CEO acredito que é possível crescer com rentabilidade. 

“O mix deve derivar para menos risco, mas se isso reduzir o spread, não vamos sofrer. Não vamos abrir mão de crescer com rentabilidade”, afirmou o executivo. 

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O retorno sobre capital (ROAE) do banco atingiu 15,5% no segundo trimestre, com crescimento de 4,3 pontos percentuais em relação a um ano atrás. “Nossa rentabilidade cresceu percentualmente até mais rápido do que o próprio resultado”, observa Leão. “É um ciclo de retomada, de nova visão de portfólio e passo consistente na direção certa”. 

Respondendo à pergunta de um jornalista sobre o impacto reduzido dos resultados do banco nos preços das ações, o CEO disse não direcionar sua gestão para o preço do papel. 

“Com certeza não estou satisfeito com o preço da ação […]. Acredito que há uma recuperação importante para acontecer pela frente, não dá para saber quando. Mas, direcionalmente, a nossa ação deveria se recuperar, pois as nossas operações merecem”, afirmou Leão.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados