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A temporada de resultados para os bancões já começou negativa, com o Santander Brasil (SANB11) apresentando números do quarto trimestre de 2022 (4T22) que ficaram abaixo do esperado pelo consenso de mercado. Isso apesar das projeções já estarem baixas para o banco, uma vez que já se esperava um “efeito” da Americanas (AMER3) no balanço (o Santander é um dos mais expostos à dívida da companhia) e por já apontarem anteriormente uma grande diferença para alguns pares do setor.
O banco divulgou na manhã desta quinta-feira (2) um lucro líquido de R$ 1,689 bilhão para o quarto trimestre do ano passado, queda de 46% em relação ao trimestre anterior, já que as provisões para perdas com empréstimos aumentaram 18,6% no período.
O resultado final ficou aquém das expectativas, já que a média de previsões para o lucro do banco no período apontava para R$ 2,86 bilhões no quarto trimestre, segundo dados da Refinitiv.
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O início de sessão para o Santander Brasil foi volátil, com as ações abrindo em queda. Às 10h03 (horário de Brasília), as units SANB11 caíam 2,67%, a R$ 26,62, para depois entrarem em leilão. Após saírem do leilão, os ativos amenizaram as perdas e passaram a ter leve alta, ganharam força e subiram cerca de 3% no intraday, mas logo voltaram a operar entre leves perdas e ganhos no fim da manhã e fecharam com leve alta de 0,18%, a R$ 27,40. Porém, também vale destacar que, na véspera, as units já tinham caído forte (5,5%), já sinalizando a expectativa por números ruins. Apesar do desempenho tímido dos papéis na sessão pós-balanço, analistas de mercado seguem céticos com SANB11.
Sobre o balanço do 4º tri, ao mencionar provisões, o banco não citou diretamente o caso Americanas, mas destacou um “evento subsequente” no crédito de atacado que afetou essa linha do resultado, sem mencionar o valor provisionado (o que também aconteceu na teleconferência). Segundo lista de credores, o Santander Brasil tem R$ 3,65 bilhões a receber da varejista.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) foi de 8,35% no 4T22, uma queda de 7,3 pontos percentuais no trimestre. Em 2022, o índice ficou em 16,3%, 4,9 pontos percentuais abaixo em relação a 2021.
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Confira o calendário de resultados do 4º trimestre de 2022 da Bolsa brasileira
“Na nossa visão, o Santander apresentou resultados fracos no 4T22, sendo fortemente impactado pelo provisionamento da dívida da Americanas, que prejudicou os resultados do banco”, apontaram em relatório Renan Manda e Matheus Guimarães, analistas da XP.
Os analistas avaliaram que, por um lado, a abordagem mais seletiva do banco na concessão de crédito ao longo de 2022 resultou em um crescimento mais lento de sua carteira de crédito (alta de 5,8% na base anual), pressionando sua margem financeira bruta (NII) no 4T22 para R$ 12,5 bilhões (queda trimestral de 0,6%). Por outro lado, essa abordagem cautelosa permitiu ao banco manter sob controle suas taxas de inadimplência, com a inadimplência aumentando ligeiramente para níveis ainda saudáveis em 3,1%.
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A XP reiterou visão conservadora sobre a ação, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 34 por unit.
O Itaú BBA apontou que os resultados foram fracos no 4T22, mas o lucro ficou em linha com suas estimativas.
Além do impacto da Americanas nas provisões, o banco citou as fracas tendências operacionais como um dos pontos ruins do balanço do Santander.
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A margem bruta total caiu 1% no trimestre devido aos spreads mais baixos e resultados de tesouraria ainda negativos (R$ 1,3 bilhão negativos). As receitas de serviços recuperaram, avançando 7% no trimestre, com melhores tendências em seguros e cartões; contudo, ainda assim ficaram aquém dos números esperados pela casa.
A inadimplência esperada de 90 dias aumentou 10 pontos-base no trimestre, para 3,1%; que os analistas estimam que teria sido de 40 pontos-base sem atribuições relevantes de carteira.
“Esperamos uma reação negativa das ações, apesar do já fraco desempenho das ações dos bancos durante a semana”, avaliou o BBA em relatório antes da abertura do mercado. Os analistas destacaram que uma leitura para outros bancos conecta principalmente o Bradesco (BBDC4) com rating underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), que deve apresentar desafios semelhantes, enquanto espera-se que o Banco do Brasil (BBAS3) apresente um conjunto de resultados totalmente diferente devido à diferente qualidade de crédito e dinâmica da margem de lucro.
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Leia também: Santander não revela provisionamento para Americanas, mas diz que operações de risco sacado vão continuar
O Credit Suisse, por sua vez, apontou que o lucro ficou 27% abaixo do esperado pela casa, estimando uma provisão de R$ 1,1 bilhão por Americana, mas com destaque negativo principalmente para o NIM (Net Interest Margin, ou margem líquida de juros) abaixo do esperado.
O Morgan Stanley também citou o NIM decepcionante, com queda trimestral de 1%; “a gestão da companhia apontou que a mudança de mix para empréstimos de menor risco é parcialmente culpada”, apontou o banco.
O banco americano também avaliou que a empresa adicionou cerca de R$ 1 bilhão em provisões para perdas com empréstimos neste trimestre citando um “evento subsequente” e relaciona à Americanas, mas aponta ser difícil entender qual é a exposição real, quanto está provisionado e até que ponto esse aumento das provisões ajuda a cobrir a exposição total.
Mas reforçou: “o salto nas provisões de fato parece ser impulsionado pela Americanas, já que o restante dos números de inadimplência parece bom: o índice de inadimplência foi de 3,1%, contra 3,0% no 3T22 e o índice de inadimplência do consumidor ficou estável em 4,3%. Os empréstimos renegociados tiveram o menor aumento trimestral dos últimos 12 meses”, avalia.
O Citi também fez suas estimativas para o “impacto Americanas” na instituição financeira e, mesmo sem ele, o ROE do Santander seria ainda um fraco 11%. Apesar dos números a princípio controlados de inadimplência, os analistas da casa destacam ser preciso ter atenção quanto ao “NPL formation” (a variação do saldo de créditos em atraso), que foi de 4,3% no terceiro trimestre para 5,6% no quarto trimestre, incluindo um portfólio vendido de R$ 600 milhões. Isso indica deterioração na qualidade dos resultados, em um ritmo mais rápido.
“De uma forma geral, o resultado reforça nossa visão de que o período de ROE de 20% do Santander ficou para trás e a principal questão é qual é o novo ROE sustentável para o banco”, avalia o Citi. Esse cenário deve pressionar os papéis por um bom tempo, apontam os analistas. Desta forma, mantêm recomendação neutra para o ativo, com preço-alvo de R$ 29.
Na avaliação do Bradesco BBI, o Santander Brasil apresentou tendências predominantemente negativas no 4T22, com tendência negativa na margem com clientes, devido a uma abordagem de crédito mais conservadora.
“Embora as provisões tenham tido um aumento sólido, acreditamos que as provisões adicionais relacionadas ao segmento de Atacado poderiam ter sido maiores, devido à exposição de crédito do banco no caso. Apesar da deterioração de apenas 10 pontos-base no consolidado, acreditamos que o índice de NPL foi novamente distorcido por volumes significativos de renegociação e uma venda de carteira ativa de cerca de R$ 1,4 bilhão”, apontam os analistas do banco.
Os analistas do BBI apontam ainda que as despesas operacionais foram pressionadas pelo reajuste salarial, o que levou a uma contração significativa do lucro antes de impostos. O banco manteve recomendação neutra para os papéis.
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