Sair da Bolsa? História mostra que janeiro é o 2º melhor mês pra investir em ações

Levantamento do histórico do Ibovespa mostra que o índice de referência brasileiro costuma ter em média um rendimento de 3,72% após desconto da inflação

Paula Barra

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SÃO PAULO – Mesmo depois de um 2013 amargo, quando o Ibovespa acumulou perdas de 15,5%, e com perspectivas nada otimistas para este novo ano, o início de 2014 pode se mostrar atrativo para os investidores da Bovespa. É o que pelo menos mostra o histórico do índice brasileiro de ações.

As estatísticas mostram que janeiro é o mês que o Ibovespa apresenta o segundo melhor desempenho do ano, com média histórica após desconto da inflação de 3,72%, de acordo com dados retirados do Almanaque do Trader, escrito por Alexandre Wolwackz e Bernardo Reckziegel, da Leandro & Stormer.

A análise não para por aí. A influência do mês é tanta na bolsa que pode ser observada também em um fenômeno conhecido como “efeito janeiro”, no qual o primeiro mês pode mostrar se valerá a pena ou não investir na bolsa. O conceito por trás da estratégia é simples: compram-se ações no início do ano e, se a bolsa subir em janeiro, mantém-se o investimento; se cair, a posição é encerrada no início de fevereiro, retornando ao mercado somente em janeiro do ano seguinte. Os resultados dessa estratégia foram testados na Bovespa de 1980 até 2011 e mostra um salto da rentabilidade anualizada média após o desconto da inflação de 10,25% para 14,59% ao ano.

Outro fenômeno parecido, mas que tem implicações especialmente no mercado norte-americano é o do “cinco primeiros dias de janeiro”. Isto é, se os cinco primeiros dias de janeiro forem positivos, então é provável que o resto do ano também seja; se os cinco primeiros dias forem negativos, então uma queda nas cotações torna-se o cenário mais provável. Entretanto, esse estudo é mais indicado para os Estados Unidos, com 85% de acerto no Dow Jones. Ao estudar a estratégia no Brasil, Wolwackz e Reckziegel não conseguiram encontrar nenhuma relação causal entre a primeira semana de negociação e o fechamento do ano, embora a correlação pareça ser sustentada quando o mês inteiro é analisado. 

Segundo eles, alguns estudos sugerem que grande parte do “momentum” existente nos primeiros dias do ano pode ser atribuído ao desempenho das ações de segunda e terceira linha – o que mostra que as ações small caps tendem a registrar um bom desempenho nos primeiros dias de janeiro. Do período de 1995 até 2011, essas ações apresentaram uma rentabilidade anualizada nos cinco primeiros dias de janeiro de 2,06%, enquanto o Ibovespa rendeu em média 1,64% no anualizado em todo o primeiro mês do ano. No mês inteiro, as small caps subiram em média 3,38% na Bovespa.

Não se sabe exatamente o porquê o mês de janeiro exerce tanta influência sobre o comportamento do mercado de ações, mas a literatura especializada apresenta duas justificativas para esse comportamento atípico, mostra o almanaque. A primeira é relacionada ao comportamento dos players institucionais. O número de recomendações de compra historicamente diminui perto do final do 4° trimestre e aumenta no início do ano; a segunda é atribuída à venda de ações (principalmente small caps) para compensação no imposto de renda.

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Embora mostre certa consistência ao longo da série analisada, deve-se ter em mente que a maré favorável do início do ano é apenas um padrão e não uma certeza no mercado. Mas como comparação, em 2013, o Ibovespa registrou queda de 1,95% em janeiro e finalizou o ano com baixa de 15,5%; em 2012, quando o Ibovespa subiu 11,13% em janeiro, no acumulado do ano ele mostrou ganhos de 7,39%.

Os 5 melhores e 5 piores janeiros do Ibovespa (de 1968 até 2011):

Os cinco melhores Os cinco piores
Ano Desempenho
no mês 
Ano Desempenho
no mês 
1994 +97,24% 1987 -23,33%
1991 +88,74% 1972 -13,59%
1992 +84,40% 1995 -10,77%
1990 +63,09% 2005 -7,05%
1988 +52,84% 2008 -6,88%