Saiba o que é um family office e onde as famílias milionárias estão aplicando

O family office é uma estruturas montadas para famílias com muitos recursos e que precisam de uma assessoria completa

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Quem tem mais dinheiro costuma ter acesso a serviços exclusivos, com assessoria para ajudar nas suas decisões. Com os investimentos, claro, não é diferente. O family office é uma dessas estruturas montadas para famílias com muitos recursos, normalmente donas de grandes empresas, e que precisam de uma assessoria completa, que inclua a parte jurídica, contábil, fiscal e de investimentos.

Enquanto a divisão de fortunas das gestoras de recursos, conhecidas como “wealth management”, se preocupam mais com o asset alocation (alocação dos recursos financeiros de clientes muito ricos) e a divisão de alta renda dos bancos (private banking) disponibiliza alguns produtos e serviços diferenciados, os family offices prestam uma consultoria muito mais completa para as famílias, explica Paulo Colaferro, sócio-diretor da Taler, um Multi Family Office com sede em São Paulo. “Este serviço vai muito além do investimento financeiro”, pontua.

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Como normalmente estas pessoas possuem vários negócios e empresas, são analisados aspectos como a participação societária, a incorporação imobiliária – via produto financeiro ou não – fluxo de caixa e o planejamento sucessório e fiscal. “É uma consultoria completa. Observamos todo o contexto da gestão, não só da alocação de recursos, mas de operação, de governança familiar, de todos estes aspectos pertinentes a decisão do que fazer com o patrimônio. Existem family offices que nem têm a área de asset alocation. Eles terceirizam essa parte e fazem todo o resto do planejamento”, explica.

Onde essas famílias estão investindo
O executivo aponta que as famílias ricas estão tomando consciência de que é necessário mudar a maneira de investir para conseguir retornos maiores, em um cenário de juros baixos. “Temos dito para os clientes que, para você ter um retorno real daqui para frente é preciso tomar mais risco ou é preciso comprometer seu dinheiro por um prazo maior”, afirma. “Aquele negócio de ganhar 10% ou 15% de juro nominal e 4,5% de juro real em investimento com liquidez diária acabou, esse mundo não existe mais”, completa.

Neste contexto, ele aponta que um dos investimentos preferidos dos ricos são os fundos de private equity. “Antigamente você falava de investimento em private equity mas ninguém queria nem ouvir falar. Hoje em dia, quando tem um evento sobre o tema, precisamos fazer duas ou três sessões e mesmo assim a sala fica cheia em todas”, diz.

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Os fundos de private equity investem em empresas de capital fechado, com objetivo de organizar a estrutura da empresa e melhorar os lucros para uma possível captação na bolsa posteriormente.

De acordo com Colaferro, os investidores mais ricos também começam a ficar de em investimentos no setor agropecuário. “Achamos que tem uma ‘perna’ de valorização importante, principalmente em projetos que vão comprar áreas de pastagem para transformá-las em áreas agrícolas. Existe um potencial muito grande de valorização quando você transforma uma área de pasto em uma produtora de grão”, acredita.

Ainda segundo o Colaferro, investimentos na área de logística, principalmente logística agrícola – armazenagem, seleção e secagem de grãos, também têm um bom potencial e estão sendo observados mais de perto pelo family office. “O que se perde hoje da produção no transporte é um absurdo. Então acho que muitos investimento serão canalizados para esta área”, afirma.

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O executivo lembra que muitos projetos como esses que começam não conseguiam concorrer com investimentos mais conservadores, como os títulos públicos, há alguns anos. “O título público pagava 4% de juro real, então um projeto deste tipo precisava pagar muito mais do que isso para o investidor aceitar correr o risco. E hoje não acontece mais isso”, lembra.

Para fazer aplicações deste tipo, a Taler prefere utilizar uma estrutura financeira, devido ao arcabouço regulatório. “Você pode ter mercado secundário e normalmente tem uma gestão . Além disso, muitas vezes você tem os benefícios fiscais neste tipo de estrutura, como é o caso dos fundos imobiliários. Por isso vemos vantagem de entrar em um private equity via FIP (Fundo de Investimento em Participações), ou em um projeto de desenvolvimento imobiliário via fundo”, aponta.

Os fundos imobiliários também têm feito parte da carteira dos investidores. Para ele, esta é uma boa alternativa, mas é importante se atentar para os imóveis que fazem parte da carteira do fundo. “Você precisa avaliar muito bem o que está comprando. Todo mercado que sofre excesso de liquidez, que tem muito dinheiro fácil, acaba sofrendo distorções”, conclui. 

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip