Rússia evacua 180 mil pessoas enquanto Ucrânia pode já ter tomado 28 cidades

Ucrânia penetrou ao menos 12 km no território russo e controla uma área de fronteira de pelo menos 40 km de largura, disse um governador regional russo

Bloomberg

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As forças armadas da Ucrânia tomaram controle de 28 cidades e vilarejos na região de fronteira de Kursk, na Rússia, levando um sexto da população local a fugir da incursão, informou o governador regional interino ao presidente Vladimir Putin.

Mais de 120 mil pessoas deixaram suas casas e cerca de 60 mil estão aguardando evacuação, disse Alexey Smirnov a Putin e aos principais oficiais de segurança da Rússia durante uma reunião televisionada nesta segunda-feira (12). As forças ucranianas penetraram pelo menos 12 quilômetros no território russo e controlam uma área de fronteira de pelo menos 40 quilômetros de largura, embora não haja “uma compreensão clara” de onde estão suas tropas, afirmou.

A avaliação franca da escala da intervenção ucraniana levou Putin a interromper o governador, pedindo que ele se concentrasse em “ajudar as pessoas” e deixasse a avaliação da situação no campo de batalha para os militares. A transmissão foi encerrada logo em seguida.

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Putin afirmou que a principal tarefa do Ministério da Defesa era “expulsar o inimigo de nossos territórios e, junto com o Serviço de Fronteira, garantir a proteção confiável da fronteira estatal”.

Ele reconheceu que os combates poderiam se espalhar ainda mais na Rússia, dizendo ao governador da região vizinha de Bryansk que, se a situação estava calma ali agora, “isso não significa que a situação permanecerá a mesma amanhã”.

A Ucrânia continuaria os ataques para tentar desestabilizar a situação política no país, disse Putin. O governo em Kiev estava tentando impedir a ofensiva da Rússia no leste da Ucrânia e estava “esforçando-se para melhorar suas posições de negociação no futuro”, afirmou.

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A Rússia enviou reforços para tentar conter o ataque surpresa da Ucrânia, a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que um exército estrangeiro tomou controle de parte de seu território. É o maior ataque dentro da Rússia desde que Putin ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, que deveria terminar em dias e agora já está em seu terceiro ano.

Funcionários em Kiev têm sido discretos sobre os objetivos de sua operação. O presidente Volodymyr Zelensky disse em seu discurso noturno no sábado (10) que o comandante-em-chefe do Exército, Oleksandr Syrskyi, o mantinha informado sobre “nossas ações para empurrar a guerra para o território do agressor”, sem oferecer mais detalhes.

“Os russos foram barbaramente envergonhados”, disse Matthew Savill, diretor de ciências militares do Royal United Services Institute em Londres. No entanto, “sustentar uma força de qualquer tamanho na Rússia e defender-se contra contra-ataques será difícil, dadas as reservas limitadas disponíveis” para a Ucrânia.

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