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A Rumo (RAIL3) anunciou na última segunda-feira (25) um acordo com o DP World Group (DP) para construção de um novo terminal para movimentação de grãos e fertilizantes no Porto de Santos. O acordo estabelece 30 anos de operação, durante os quais a DP operará o terminal.
Segundo comunicado, o novo terminal terá capacidade anual para movimentar até 12,5 milhões de toneladas (9 milhões de toneladas de grãos e 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes). O projeto tem investimento estimado em R$ 2,5 bilhões, que deverá ser financiado por meio de empréstimos e potenciais parcerias estratégicas.
O Bradesco BBI avalia a transação como positiva para a Rumo, pois espera que este novo terminal garanta a capacidade portuária necessária para a Fase 2 do projeto Lucas do Rio Verde. A fase de construção pode durar 30 meses, o que significa que deverá retomar as operações até 2028.
Pelos termos do negócio anunciados, a Rumo será responsável por 100% dos R$ 2,5 bilhões em investimentos. Com base nas tarifas médias e margens Ebitda(Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) informadas pela CLI Sul e Hidrovias Brasil Santos, o banco estima que a Rumo poderia atingir uma taxa interna de retorno (TIR) real desalavancada de 10%, adicionando R$ 487 milhões em valor presente líquido (VPL), ou R$ 0,30 por ação ordinária. O BBI disse não esperar que a Rumo levante capital para financiar este novo projeto.
O JPMorgan também classifica o anúncio como positivo, uma vez que o investimento necessário para execução do projeto deve provocar pressão limitada sobre a avalancagem financeira da companhia de logisitica.
Supondo que a Rumo investirá no novo terminal por conta própria, e os R$ 2,5 bilhões divididos em três anos a partir de 2025, a alavancagem ficaria em 2,3 vezes dívida líquida sobre Ebitda, incluindo também os investimentos de Lucas do Rio Verde (LRV). Ou seja, estaria em conformidade com a faixa que a empresa indicou como ideal de 2,0-2,5 vezes a dívida líquida/Ebitda durante o Dia do Investidor do ano passado. Portanto, analistas do JPMorgan que a alavancagem permanecerá sob controle, limitando a necessidade de uma oferta de capital próprio para financiar o projeto.
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O Morgan Stanley comenta que a transação é estrategicamente importante para reduzir o risco do valor do projeto de expansão do LRV e tem impacto limitado na alavancagem, já que o Capex total é de apenas 0,3 vezes o Ebitda para 2024.
Além disso, o Morgan Stanley vê a transação agregada aos acionistas em 4 vezes Ebitda, abaixo das recentes transações de terminais portuários em 6 e 7 vezes Ebitda e abaixo dos múltiplos de negociação da Rumo.
Na mesma linha que BBI e JPMorgan, a XP Investimentos considera o anúncio positivo, tendo em vista que acrescenta capacidade significativa de descarga em Santos para a Rumo (uma grande preocupação operacional, uma vez que investe em nova capacidade ferroviária com seu projeto de VLT).
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A XP também acredita que é uma oportunidade para Rumo trazer à mesa um parceiro que contribua tanto financeiramente e com originação de demanda (possivelmente um cliente/trading), além de esperar uma TIR de 10% para o projeto (real, desalavancada), embora o foco não seja investir neste projeto de forma isolada.
O time de análise da XP não vê este novo terminal como um projeto independente da Rumo. Analistas acreditam que o projetado está ligado à sua estratégia global de crescimento ferroviário e ajudará a gerar valor além do seu potencial. Diante disso, a Rumo espera extrair uma TIR de 10% (real, desalavancada) somente do projeto.
Os bancos consultados reiteraram visão positiva com a ação. O JPMorgan e Morgan Stanley mantiveram avaliação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para Rumo, com preço-alvo de, respectivamente, R$ 28,50 e R$ 30. BBI também reitera classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para Rumo e preço alvo para o final de 2024 de R$ 29,00.