Ritmo de aumento do preço da carne desacelera, frente a uma demanda menor

Embora consumidor encontre carne mais cara, ritmo de aumento de preços está caindo, indício de diminuição da demanda

Flavia Furlan

Supermercado no Rio de Janeiro (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Supermercado no Rio de Janeiro (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – O preço da carne já subiu 10,24% este ano para o consumidor, de janeiro a junho, mas está desacelerando, porque o brasileiro está deixando de comprá-la.

De acordo com o economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas), André Braz, embora o consumidor encontre a carne mais cara, o ritmo de aumento de preços está diminuindo. “E isso é indício de que a diminuição da demanda já pode estar limitando o repasse de preços ao consumidor”, informou à InfoMoney.

Sobre a elevação do preço da carne, ele afirmou ser reflexo da febre aftosa, que aconteceu há quatro anos e incentivou o abate de gado reprodutor. “Até o bezerro ganhar peso para abate, leva tempo”, explicou o economista. Ele ainda apontou, como motivo para o encarecimento, um mercado exportador mais atrativo, que reduz o abastecimento interno.

Ele ainda disse que quem vende para o varejo sente que o “fôlego para novos aumentos de preços ao consumidor já está diminuindo”.

Preço da carne

No primeiro semestre deste ano, enquanto a carne de primeira registrou até diminuição de preços, a de segunda aumentou consideravelmente nos açougues. O motivo para isso? “A carne de segunda cresceu mais porque houve mais espaço para exportação deste tipo de carne”, disse Braz.

Mesmo com maior encarecimento, a carne de segunda continua sendo mais barata do que a de primeira. Veja, na tabela abaixo, o encarecimento das carnes no primeiro semestre deste ano e no acumulado dos últimos 12 meses:

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Tipo Inflação 1º semestre Inflação 12 meses
Alcatra sem variação 26,18%
Contra-filé -0,48% 27,63%
Picanha -0,88% 29,95%
Acém 28,91% 58,73%
Costela 17,94% 42,56%
Fígado 32,53% 48,31%
Carne moída 19,96% 45,01%
Músculo 21,98% 52,07%
Carnes em geral 10,24% 37,59%

Fonte: FGV
Em vermelho, carne de primeira

No mês de junho, o economista ressaltou que não houve nenhuma variação negativa de preços da carne. A menor variação ficou com a maminha, de 2,63%, e a maior, com o fígado, de 13,73%. No mês, as carnes encareceram 8,05%.

Análise

De acordo com Alerta Setorial divulgado nesta segunda-feira (21), pela consultoria integrada Tendências, a oferta nacional de carne continua fortemente influenciada pela redução de abate dos bovinos, o que tende, no curto prazo, a elevar os preços.

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A consultoria afirma que a queda de 10% no abate trimestral implicou uma elevação de quase 19% nos preços no mercado interno ao longo do primeiro semestre. “Como o consumo interno e as exportações seguem firmes, os preços têm mostrado bastante vigor”, diz o Alerta Setorial.

A Tendências informou que não espera mudança deste quadro ainda neste ano, somente a partir de 2009, quando haverá discreta evolução na oferta de bovinos.

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