Rispar quer virar 1º banco digital do Brasil com cheque especial em Bitcoin

Empresa já oferece empréstimos com garantia na criptomoeda e agora traça plano para criar tripé com investimentos e conta digital

Paulo Barros

(Shutterstock)
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Instituições financeiras tradicionais já estão se aventurando pelo mundo das criptomoedas, mas são as fintechs que seguem testando as fronteiras da inovação tecnológica em finanças. O exemplo mais recente é o da Rispar, uma startup com sede em São Paulo que planeja se tornar o primeiro banco digital do país com oferta de crédito mais barato garantido com Bitcoin (BTC).

A oferta de crédito em Bitcoin não é nova no Brasil. A própria Rispar oferece o serviço há cerca de um ano. Pela Internet, quem tem a criptomoeda pode fazer o depósito em uma carteira da empresa, e obter crédito em reais na conta no dia seguinte. Embora a operação ainda seja pequena, o negócio já acumula oito mil clientes e R$ 25 milhões em BTC colateralizado – ou seja, depositado por clientes para garantir empréstimos.

A ideia agora é dar o próximo passo e atuar no tripé crédito, investimento e conta digital, usando o Bitcoin como base para conceder limite imediato, sem construção de score nem consulta a birôs de crédito como Serasa e SPC.

“Ao transferir Bitcoin para nossa plataforma, ele dá [ao cliente] um limite de crédito atrelado à conta digital, como um cheque especial. Você pode usar o crédito para cartão de débito, para parcelar compras, como achar melhor”, explica Rafael Izidoro, CEO da Rispar, que lembra que o crédito é concedido até um limite de 50% o valor de mercado do Bitcoin depositado.

Izidoro defende que o momento de mercado ruim para as criptomoedas não é um problema, pois torna a solução teoricamente mais atrativa para aquele investidor que comprou Bitcoin por um preço mais alto e não deseja vender agora. Em vez de realizar o prejuízo, ele pode depositar o BTC na conta digital para levantar capital com juros mais baixos, seja para gastos do dia a dia ou para comprar mais criptomoeda.

O mercado de crédito em Bitcoin ainda é pequeno na comparação com o de exchanges, como são chamadas as corretoras de criptos. Captando o interesse do investidor que vê uma criptomoeda disparar de preço da noite para o dia e quer surfar a onda para lucrar rápido, é esse tipo de negócio que normalmente faz as maiores captações do setor, junto com a mineração.

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A Rispar, no entanto, se movimenta na esperança de que o crescimento do segmento de crédito seja uma questão de tempo e de amadurecimento do mercado. “Eu faço um paralelo com a XP, por exemplo, que começou lá atrás com investimentos e, ao longo do tempo, criou outros produtos, como conta digital e cartão. [O mercado de crédito em Bitcoin] ainda não é tão maduro a ponto de surgirem diversos players, mas quando chegar nesse momento, a gente já está bem posicionado”, aponta o CEO.

Regulada pelo Banco Central, a Rispar vai usar um aporte de valor não revelado realizado pela Buena Vista Capital para alavancar o novo projeto, que começará com crédito só com Bitcoin, mas poderá expandir para outras criptos como Ethereum (ETH) e Solana (SOL). Uma versão piloto da conta digital está prevista para o final de junho e começo de julho, e o lançamento público para o segundo semestre.

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Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas