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O risco de uma contaminação do mercado de criptoativos após o colapso do projeto Terra (LUNA) voltou ao centro do debate entre especialistas do setor em meio ao receio de que o Three Arrows Capital (3AC), um dos maiores hedge funds cripto, tenha se exposto demais ao risco e esteja próximo de ficar insolvente.
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O 3AC existe desde 2012, mas chamou a atenção após investir pesado em diversos projetos cripto famosos, como Ethereum (ETH), Aave (AAVE), Solana (SOL), Avalanche (AVAX) e Axie Infinity (AXS), entre outros. Em dado momento, o fundo cripto chegou a administrar US$ 18 bilhões em ativos.
Com a queda dos mercados cripto nos últimos meses, no entanto, começaram a vir à tona pistas de que grande parte desse capital estava alocado em investimentos extremamente arriscados e altamente alavancados. Em abril, as criptos do fundo já valiam US$ 3 bilhões.
O Three Arrows Capital tem investimento em vários criptoativos, e especialistas suspeitam que eles podem ter sido usados como garantia para tomar empréstimos em plataformas centralizadas e em protocolos DeFi, que rodam em smart contracts (e liquidam automaticamente posições com pouca garantia).
“O que a gente teve de relato até agora é que o Three Arrows Capital depositou criptoativos em garantia, tomou empréstimos e usou esse dinheiro para outras operações. Por exemplo, é possível depositar Bitcoin em garantia e tomar dólar emprestado, e com esse dólar comprar mais Bitcoin, o que configura a alavancagem”, explica Samir Kerbage, diretor de tecnologia da Hashdex, em participação no Cripto+ (assista a íntegra no player acima).
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Um dos problemas do Three Arrows Capital ficou evidente quando as criptos do ecossistema Terra (Luna) evaporaram do mercado em maio. Em entrevista ao Wall Street Journal na semana passada, Kyle Davies, cofundador da 3AC, admitiu que a empresa tinha US$ 200 milhões em Luna, e que a situação do projeto pegou o fundo “desprevenido”.
Há ainda a suspeita de que o fundo tenha depositado empréstimos no protocolo Anchor, que entregava 20% de retorno anualizado em Terra USD (UST), uma stablecoin que foi a zero no mês passado após entrar em colapso.
Investidores temem que, se isso for verdade, o dinheiro da 3AC depositado ali também virou pó, eliminando os valores que deveriam servir para pagar as contrapartes dos créditos tomados. “Como o preço do Bitcoin caiu bastante, essas contrapartes [são obrigadas a] liquidar a posição deles, pegar a garantia que ele depositou e vender para transformar em dólar e quitar o empréstimo”, conta Kerbage.
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“Depois que os problemas começam a aparecer, fica óbvio o nível de exposição ao risco que eles tinham. Existe algo clássico no mercado que é a necessidade de gerenciar o risco de crédito. Se você está emprestando dinheiro pra alguém ou se está investindo em plataformas DeFi, precisa fazer esse trabalho”.
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Segundo o especialista da Hashdex, o grande risco imposto pelo caso da Three Arrows Capital é a ocorrência de uma cascata de liquidações que pode afetar outros players e resultar em mais uma queda forte dos mercados.
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“Quando você tem um evento de liquidação, há um volume muito alto de garantias sendo vendidas ao mesmo tempo no mercado. E essas entidades que emprestaram dinheiro para o Three Arrows Capital têm todo incentivo de fazer isso o mais rápido possível, independentemente do impacto de preço”.
Analistas com quem o InfoMoney CoinDesk conversou nos últimos dias apontam que a última forte queda do Bitcoin e do Ethereum já foram, em parte, resultado de liquidação de posições de grandes players que operavam com alta alavancagem em plataformas de empréstimos. No entanto, ainda não se sabe se essas liquidações já terminaram, e se ainda podem infectar agentes que até agora não foram expostos a esse risco – porque têm um preço de liquidação bem mais baixo, por exemplo.
“Existe um risco sistêmico de todos esses problemas de liquidez, desde o Terra (Luna), depois Celsius [Network, que bloqueou saques] e agora o Three Arrows, e ainda relatos de outras plataformas de lending [empréstimos] tendo problemas de liquidez. A preocupação que existe no mercado é se esse risco pode se alastrar e causar um risco sistêmico e causar uma liquidação em massa”, ressalta Kerbage.
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“A gente não sabe ainda a extensão dessas liquidações e o efeito sistêmico, se alguém emprestou dinheiro para a Three Arrows Capital e pode quebrar também, de outros players serem contaminados por essa falência, e se tornarem insolventes. Tem esse risco de curto prazo”.
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