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Nos Estados Unidos, o assunto da crescente dívida pública tem sido evitado pelos dois candidatos, o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris. Enquanto isso, na América Latina, as moedas locais se desvalorizaram ao longo desse ano, exatamente por conta dessa preocupação fiscal.
Francisco Nobre, economista da XP, que participou nesta quinta-feira (17) do programa Morning Call da XP, diz que a dívida em relação ao PIB cresce rapidamente nos Estados Unidos, sem que o assunto seja tratado com a seriedade que deveria.
“A agenda dos dois candidatos tende a ser ambiciosa, registrando resultados fiscais negativos. Portanto, déficit fiscal. A dívida nos Estados Unidos está elevada e perspectiva é de que continue crescendo muito ao longo dos anos”, disse.
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Juros globais mais altos
“Então, esse é um problema que o próximo presidente, seja quem for, vai ter que endereçar em algum momento”, acrescentou, ressaltando que os juros globais mais altos pressionam ainda mais a dívida americana.
“Aqui, que é uma região emergente, os ativos locais tendem a ser mais impactados por questões fiscais. Essas preocupações veem aumentando não só no Brasil, mas em outros países da América Latina”, explicou.
Para o economista, pelo lado da inflação, vê-se certa melhora no geral, com números vindo um pouco mais baixos, com um processo de desinflação acontecendo de forma mais consistente, mas ainda acima da meta.
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América Latina com déficits fiscais
“Quando a gente olha para o Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, os governos têm uma agenda de gastos bastante ambiciosa e a perspectiva é que registrem déficits fiscais ao longo dos anos”, comentou.
“Isso, combinado com uma taxa de juros que deve continuar em patamar alto por algum tempo, mesmo com o ciclo de flexibilização, deixa o custo da dívida elevado”, destacou.
“E quando a gente olha para as perspectivas para todos esses países, a dívida continua crescendo”, complementou.
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Mas, segundo Francisco Nobre, o destaque negativo é o Brasil, onde não só o nível da dívida é mais elevado em relação a outros países, mas “a perspectiva do ritmo de piora também é mais acelerado”.
Segundo o analista da XP, o risco fiscal vem sendo refletido muito nos ativos ao longo do ano.
“Quando a gente vê a performance das moedas latino-americanas, elas foram muito negativas ao longo do ano muito explicado pela preocupação fiscal”, afirmou. “Ajustar o risco é crucial para a perspectiva da economia’, disse.