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A três dias das eleições, investidores da bolsa brasileira estão mais atentos do que nunca ao noticiário político, de olho em falas que possam impactar as companhias listadas, o câmbio e as taxas de juros. No entanto, grande parte dos riscos ligados à eleição já foram precificados há algum tempo, dizem analistas.
Para os especialistas, o que vem afetando mais no desempenho da bolsa – que na última semana se desvalorizou mais de 3%, assim como em outros ativos – é a piora do cenário externo, em meio a um ambiente de inflação acima das metas dos principais bancos centrais, os levando a aumentar a dose dos juros, gerando risco de recessão global.
“Na nossa visão, o mercado já está posicionado há algum tempo. Ninguém deixa para a última semana, últimos dias, há não ser que exista uma mudança grande nas pesquisas”, disse Ricardo Campos, diretor executivo da Reach Capital. “Não vimos, também, por enquanto, grandes mudanças de preços baseadas nas eleições”.
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Para o gestor, o provável, até então, é que as eleições brasileiras irão para o segundo turno. Na última pesquisa Datafolha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou com 47% das intenções de voto e o atual presidente Jair Bolsonaro, com 33% – o que levaria a disputa para o segundo turno.
“De qualquer forma, quem se eleger dependerá muito da composição do Congresso, que hoje tem uma força muito maior do que no passado”, acrescenta Campos. “Ambos candidatos devem trabalhar com um novo modelo fiscal e provavelmente os dois trabalharão com aumento de impostos no ano que vem, mas sem grandes exageros.”
Turbulência com estatais: Petrobras e BB
Para ele, porém, é possível que as ações estatais sofram mais, no caso de vitória de um ou outro candidato. “No geral, entretanto, a resposta tem sido boa”, define.
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Ontem, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) foram impactadas após Lula defender uma intervenção na política de preços da companhia.
Em entrevista exibida na véspera para uma emissora de televisão, o candidato voltou a sinalizar mudanças. “A Petrobras faz prospecção de petróleo em real, ela refina em real. Ela precisa, então que o preço seja em real”, disse Lula.
João Beck, economista e sócio da BRA, destaca que as estatais são as empresas que, nas últimas semanas, vêm sofrendo mais, com investidores “pesando a participação em alguns papéis”.
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“Faz duas semanas que investidores institucionais pesam alguns papéis de empresas com maior ligação ao governo, como Petrobras, Eletrobras (ELET3;ELET5) e Banco do Brasil. Outras apostas de queda ocorrem em subsidiárias e empresas com participação do BNDES, como a BB Seguridade (BBSE3) e a Copel (CPLE6)”, pontua Beck.
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Segundo o especialista, uma mudança presidencial, que é possível, aumenta o risco de descontinuidade das políticas de governança, até então implementadas nas estatais – sendo que o Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula, tem algum histórico de má gestão nessa frente.
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No caso da Petrobras, como já mencionado, Lula defendeu a revisão da política de preço. Quanto ao Banco do Brasil, o ex-presidente já afirmou que é necessário uma visão social, para além dos lucros.
Para o cenário macroeconômico, no entanto, o especialista da BRA também vê qualquer um dos candidatos eleitos enfrentando certa resistência no congresso.
“Com alta rejeição, qualquer que seja o presidente eleito terá dificuldade de negociação com o congresso na pauta fiscal”, expõe Beck. “Para a macroeconomia há ainda incertezas quanto a uma nova “âncora fiscal” que substituirá o teto de gastos, e como o governo arrumará recursos para financiar sua agenda de gastos e investimentos. Tais incertezas fiscais deixa o mercado mais avesso ao risco”.
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Os dois especialistas afirmam que parte do mercado aguarda o desenrolar das eleições para fazer alocações – mas que, mais do que as eleições brasileiras, há de se levar em conta a taxa de juros ainda alta e também o cenário externo, que é de muita incerteza.