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Na 44ª edição do programa Carteiros do Condado, no canal Stock Pickers, Guilherme Anversa, sócio e gestor da XP Advisory, apontou a sombra que o país vive do risco de dominância fiscal.
“Basicamente, isso quer dizer que pode chegar um momento em que o Banco Central fica incapaz de subir juros”, explicou ele. Em linhas gerais, isso quer dizer que se torna ineficaz ação da autoridade monetária por conta da dominância da política fiscal do governo sobre a inflação.
“Esse é um risco que vai começar a aparecer mais nas mesas de discussão. E a partir do momento em que a política monetária deixar de funcionar, o CDI passa a não ser a melhor opção para proteger seu patrimônio”, diz ele.
Relatório da LDO de 2025 prevê mais exigências para a meta fiscal
Até agora, para a meta fiscal, o governo vem trabalhando com uma margem de tolerância prevista no arcabouço fiscal, de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2025, isso significa um déficit de até R$ 30,9 bilhões
Foco da América Latina em 2025 vai mudar da inflação para o fiscal, diz estudo da XP
Além do crescimento econômico modesto e o processo lento de desinflação, outro ponto em comum entre os países da região é a dificuldade para alcançar uma consolidação fiscal; Argentina é considerada exceção
Títulos atrelados ao IPCA
“Ter títulos atrelados ao IPCA acaba servindo como uma solução melhor para um ambiente de dominância fiscal, de um nível de inflação mais alto”, afirma.
Guilherme Anversa participou do programa Carteiros do Condado ao lado de Davi Fontenele, analista de investimentos da XP Advisory. A apresentação é de Lucas Collazo.
No programa, Davi Fontenele apresentou dados da indústria de fundos de crédito privado no país. “Quando a gente pensa nos retornos dos fundos de crédito em período de stress do mercado, a dispersão aumenta”, diz o analista.
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Segundo ele, se calcular como renderam os fundos high grade, que são os mais tradicionais da indústria de créditos, desde 2019, vê-se elevada diferença de retornos ano a ano, chegando em 2023 a 2,26% e em 2024, até novembro, a 1,36%.
“Em 2025, potencial do juro chegará a 15%. Então, é um ano que precisa de cautela. É esperada que a dispersão de retorno aumente, falando especificamente do fundo high grade”, afirma.
Fundos de infraestrutura
Uma classe de ativos protagonista de 2024 na indústria foram os fundos de infraestrutura. Davi Fontenele cita que foram 851 lançamentos esse ano, contra 172 em 2023 e 77 em 2022.
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“Talvez não se tenha um 2025 tão forte como foi em 2024 (na indústria de fundos de infraestrutura), mas continuará, segundo nossas expectativas, nos holofotes, principalmente por conta da questão tributária”, diz.
Guilherme Anversa destaca que os fundos de infraestrutura no Brasil são isentos de imposto de renda e acabam ficando mais atrativos em relação a outros ativos. “Ele tem uma grande vantagem”, destaca.
O gestor explica que nessa classe de ativos há R$ 151 bilhões sob gestão. Segundo ele, o valor muito alto é motivo de diversos questionamentos do mercado, mas ele cita um gargalo conhecido na economia brasileira.
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“A gente tem um gap de infraestrutura no Brasil muito grande. O bom dessa classe de ativos de oferecer o benefício (de não pagamento de imposto de renda) é que ele vai ser o dinheiro que ajudará a financiar a infraestrutura do país. É um país muito carente nos mais diferentes segmentos de infraestrutura”, ressalta.