Revisão de gastos, Caged, Campos Neto, balanço da Nvidia e mais destaques desta 4ª

Confira os assuntos que vão mexer com os mercados nesta quarta-feira (28)

Camille Bocanegra Felipe Moreira

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A expectativa do mercado com a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) era de alívio das preocupações relacionadas à dinâmica inflacionária. Mesmo com melhoras em relação ao apresentado anteriormente, o dado não foi o suficiente para arrefecer as preocupações do Banco Central, muito menos as do mercado.

O dia até poderia ser de ganhos, com o Ibovespa renovando a máxima intraday acompanhando a movimentação positiva da Vale (VALE3) após indicação de novo CEO e alta do minério de ferro. Mas a bolsa brasileira fechou em ligeira queda de 0,08%. As taxas dos DIs demonstraram que o olhar do investidor ainda se volta para os juros, em especial, para a probabilidade de alta da taxa Selic em setembro.

“As leituras de curto prazo foram benignas. O IPCA (índice oficial de inflação) de agosto vai ser bom, com grande chance de deflação no mês, mas ao mesmo tempo temos um ambiente de desancoragem de expectativas e de mercado de trabalho muito forte”, avaliou o economista-chefe do banco BMG, Flavio Serrano à Reuters. “Este é o principal dilema do BC”.

Profissionais têm avaliado que as declarações recentes de dirigentes do BC, em especial do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, tornaram inevitável uma alta da Selic em setembro.

Isso porque o diretor tem repisado que a desancoragem de expectativas preocupa e que a instituição subirá a Selic se necessário. Em reação, a curva a termo tem precificado chances cada vez maiores de alta da Selic. Na análise de especialistas, as falas deixam, sim, o BC refém de uma alta nas próximas reuniões.

Nesse contexto, os olhares se voltarão para comentários do presidente do BC, Roberto Campos Netos, em evento do Santander, e para reunião do Ministério do Planejamento, com coletiva na sequência. O governo federal abordará, com jornalistas, o processo de revisão de gastos.

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Lá fora, a divulgação do resultado da Nvidia pode gerar uma movimentação de mais de US$ 300 bilhões em ações, de acordo com operadores do mercado de opções dos Estados Unidos (EUA). O preço das opções mostra que os operadores preveem um movimento de cerca de 9,8% nas ações da empresa na quinta-feira, um dia após a divulgação do resultado, segundo dados da empresa de análise ORATS.

Os resultados da Nvidia, cujos chips são amplamente vistos como o padrão ouro em inteligência artificial, também têm grandes implicações para o mercado mais amplo. As ações subiram cerca de 150% no acumulado do ano, respondendo por cerca de um quarto do ganho de 18% do S&P 500 no período.

“Por si só, ela tem contribuído enormemente para a lucratividade geral do S&P 500”, disse Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers. “É o Atlas que está sustentando o mercado”.

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O preço das opções sugere que os operadores estão mais preocupados em perder um grande movimento de alta da Nvidia do que em serem prejudicados por uma grande queda. Os operadores estão atribuindo uma chance de 7% de que as ações subam mais de 20% até sexta-feira, enquanto dão apenas 4% de probabilidade de uma venda superior a 20%, de acordo com uma análise de dados de opções da Susquehanna Financial.

O que vai mexer com o mercado nesta 4ª feira

Agenda

Nesta quarta-feira, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, falará na Conferência Anual Santander, às 10h. O evento é aberto à imprensa e por transmissão online também. Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC, falará em evento na Alemanha. Já Fernando Haddad se encontrará com presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), às 17h, para debater sobre regime de tributação em bases universais.

Brasil

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8h: FGV: Sondagem da indústria (ago)

14h30: MTE: Caged

14h30: BCB: Fluxo Cambial

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14h30: Tesouro: Relatório Mensal da Dívida Pública*

*A divulgação estava marcada para hoje mas, devido a movimentações de servidores, foi adiada.

EUA

8h: Índice MBA de hipoteca

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11h30: Variação de estoques de petróleo EIA semanal

19h: Raphael Bostic, do Fed, fala em evento

Mercados Internacionais

Os índices futuros de Nova York amanhecem perto da estabilidade nesta quarta-feira (28) à espera da resultados da gigante de tecnologia Nvidia (NVDC34). Os números a serem divulgados após o fechamento podem servir como barômetro para o mercado de inteligência artificial (IA).

Na visão da Bloomberg Inteligence (BI), a companhia pode ter um resultado significativo e aumentar sua perspectiva para o terceiro trimestre, pois continua a aproveitar o momento da inteligência artificial. Por outro lado, qualquer decepção com os resultados certamente agitará os mercados, dado o peso da Nvidia nos índices americanos.

Corporativo

Ambev (ABEV3)

A Ambev anunciou nesta terça-feira que o executivo Carlos Lisboa se tornará presidente da companhia a partir do início do próximo ano, no lugar de Jean Jereissati, segundo comunicado ao mercado.

Lisboa atualmente preside a região “Middle Americas Zone (“MAZ”) na Anheuser-Busch InBev, controladora da Ambev, sendo membro do conselho de administração da cervejaria brasileira.

Jereissati, que é presidente-executivo da Ambev desde 2019, vai assumir o posto de Lisboa na MAZ, afirmou a Ambev.

Economia

Novo presidente do BC

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na terça-feira que sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que indicasse o nome do futuro presidente do Banco Central entre agosto e setembro após ter conversado sobre o tema com o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. Em evento promovido pelo banco Santander, Haddad disse que não poderia dar uma data para o anúncio, mas reforçou que Lula está “com essa informação na cabeça” e acredita que o mandatário vai avaliar “com generosidade” a recomendação.

Semana que vem, não

O plano do governo previa a indicação ao comando do BC ainda em agosto para que o Senado fizesse a sabatina e a votação do nome na primeira semana de setembro, quando haverá um esforço concentrado de votações no plenário da Casa. O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, porém, já avisou que não irá sabatinar o indicado na próxima semana.

“Na semana que entra não vai ser, isso aí eu garanto”, disse Vanderlan Cardoso (PSD-GO) à Reuters na noite de segunda-feira. “Temos que ter o momento oportuno, em que as discussões entre Senado e governo estejam melhores, agora estamos em um momento um pouco delicado”. Cardoso destacou a necessidade de melhora do clima político após o governo não cumprir acordo com parlamentares.

Meta Fiscal

Haddad afirmou, também, na noite desta terça-feira que o esforço feito pelo governo no segundo semestre permitirá o cumprimento da meta fiscal de 2024.

A meta do governo é de resultado primário zero este ano, mas com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar do otimismo em relação ao cumprimento da meta em 2024, Haddad citou uma série de desafios a serem enfrentados pelo governo para equilibrar as contas públicas, como as despesas bilionárias contratadas sem fontes de compensação.

Um dos desafios citados por ele foi a aprovação do novo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb), que “multiplicou os aportes da União”.

Tesouro adia divulgações

O Tesouro Nacional informou na terça-feira que não fará nesta semana, como originalmente previsto, a divulgação dos relatórios da dívida pública federal e do resultado primário, com dados relativos ao mês de julho. Segundo o órgão, o adiamento foi necessário por conta das movimentações das carreiras de servidores do Tesouro, que negociam com o governo melhores condições salariais.

Não há confirmação das novas datas para a apresentação dos documentos, de acordo com o Tesouro. Pelo calendário inicial, o relatório da dívida pública seria divulgado na quarta-feira e os dados do resultado primário, na quinta.

Taxação de big techs

O Ministério da Fazenda trabalha para propor ao Congresso Nacional ainda neste semestre a taxação das gigantes da tecnologia, as big techs, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. Caso a taxação seja aprovada ainda neste ano, pode ajudar a compor as receitas do governo no ano que vem. Nesse cenário, a Fazenda não espera mais do que R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões em arrecadação adicional, de acordo com um auxiliar do ministro Fernando Haddad.

Política

Menos STF?

As propostas que facilitam o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), limitam as decisões monocráticas do Supremo e permitem ao Parlamento suspender decisões da Corte avançaram nesta terça-feira (27) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

Outra proposta que avançou foi a que inclui a “usurpação de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo no rol dos crimes de responsabilidade dos ministros do STF”. As quatro propostas foram lidas com votos favoráveis dos respectivos relatores.

Vazamento

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, rejeitou, nesta terça-feira (27), um pedido para que o ministro Alexandre de Moraes fosse impedido de atuar nas investigações preliminares sobre o vazamento de mensagens de seus auxiliares no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O pedido de impedimento havia sido apresentado pela defesa de Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Os advogados do ex-auxiliar de Moraes também pediram que a investigação sobre as mensagens vazadas fosse arquivada.

Privatização

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma visita à Telebrás na terça-feira para fazer um discurso de críticas às privatizações e uma defesa das empresas estatais, afirmando que “tem coisas que têm que ser inexoravelmente do Estado”. Em sua fala, Lula fez críticas à privatização da Eletrobras e mencionou também a venda da Sabesp, companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo.

Ele fez uma defesa da Petrobras, afirmando que, diante da dificuldade de privatizar a empresa, buscou-se vender seus ativos separadamente para “desmontar o corpo” da empresa. O presidente também fez uma crítica à pulverização do controle da Vale, mineradora privatizada na década de 1990, comparando a companhia a um “cachorro de muito dono” que, segundo ele, “morre de fome, morre de sede porque todo mundo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou”.

(Com Reuters)