Reunião do Copom, “payroll” nos EUA, balanços de Petrobras, Bradesco e Apple: o que acompanhar na semana

Tudo o que o investidor precisa saber antes de operar na semana

Mitchel Diniz

Logo do Banco Central na fachada da sede (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Logo do Banco Central na fachada da sede (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Publicidade

Por fim chega a tão aguardada semana de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a quinta em 2023. O Banco Central do Brasil começou a elevar os juros da economia em março de 2021. Na próxima quarta-feira (3), mais de dois anos depois, deve realizar o primeiro corte. Isso é o que prevê os 46 bancos e casas de análise ouvidos pela Refinitiv. A maioria, 78% dos consultados, acredita numa redução da Selic em 0,25 ponto percentual. Os demais fizeram uma aposta mais ousada, prevendo corte de 0,50.

O Itaú compartilha da opinião da maioria. Acredita que o BCB vai dar início ao ciclo de alívio monetário de forma cautelosa, dado que o núcleo e as expectativas de inflação continuam acima da meta, além da resiliência da atividade econômica e do mercado de trabalho.

“Na nossa visão, o balanço de riscos para a inflação vai continuar sendo descrito como simétrico e as autoridades devem manter expectativas de risco de desancoragem”, diz relatório escrito por Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.

Continua depois da publicidade

Segundo ele, o Copom deverá indicar que vai conduzir a política monetária de acordo com a meta, avaliando a estratégia de política mais adequada para que essa convergência ocorra.

Assim, também vai ser importante monitorar o relatório Focus desta segunda-feira (31), com as previsões dos economistas para inflação, juros e Produto Interno Bruto (PIB) para 2023 e os próximos anos.

O Bradesco também aposta em um corte de 0,25 ponto percentual na quarta-feira e espera outras reduções em maior magnitude nas reuniões de setembro, novembro e dezembro, levando a Selic a 12% no final do ano.

Continua depois da publicidade

Na agenda de indicadores econômicos, o principal destaque é a produção industrial do mês de junho, dado a ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (1). O consenso Refinitiv aponta para uma variação mensal de 0,3%.

A balança comercial do mês de julho também vai ser divulgada na terça e a média das projeções do mercado aponta para um superávit de US$ 8,223 bilhões.

A primeira semana de agosto no Brasil também vai ser mercada pela retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, com o fim do recesso. Assim, voltam à pauta a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, que depende de votação na Câmara dos Deputados para receber a sanção do presidente Lula.

Continua depois da publicidade

Temporada de resultados do 2º tri ganha fôlego

Na agenda corporativa, o foco está nos resultados trimestrais das companhias listadas na Bolsa. Empresas de peso da carteira do Ibovespa vão divulgar seus números. O mais aguardado é o balanço da Petrobras (PETR3;PETR4), na quinta-feira (3), após o fechamento da Bolsa.

O Bradesco BBI projeta um lucro líquido de US$ 6,7 bilhões (-9% no trimestre), explicado por um impacto não caixa da valorização do real no trimestre. Enquanto isso, o FCFE (Fluxo de Caixa Livre) deve voltar a ser sólido.

O BBA, por sua vez, espera que a empresa reporte um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 12,4 bilhões, apresentando uma redução de 14% na comparação trimestral, devido a menores preços de petróleo e margens (rentabilidade) de refino.

Continua depois da publicidade

E assim como nos últimos trimestres, as atenções vão se voltar aos dividendos distribuídos pela companhia.

Na mesma noite de quinta-feira, o Bradesco (BBDC4) divulgará seus resultados do segundo trimestre. O consenso Refinitiv prevê lucro líquido de R$ 4,544 bilhões para o banco no segundo trimestre. A cifra é 35,46% menor que a registrada um ano antes, mas supera o lucro de R$ 4,280 bilhões dos três primeiros meses de 2023.

A média das projeções do mercado aponta ainda para receita líquida com juros de R$ 16,878 bilhões, menor que os R$ 18,371 bilhões do primeiro trimestre e dos R$ 19,163 bilhões de um ano antes.

Continua depois da publicidade

“Esperamos que o banco confirme que o segundo trimestre de 2023 foi o pico da inadimplência”, afirmam os analistas do Itaú BBA. Contudo, a casa ainda prevê uma recuperação lenta para o banco em 2023, com riscos de que o guidance seja revisado pela administração.

A semana ainda vai trazer os balanços de EcoRodovias (ECOR3), Klabin (KLBN11), Suzano (SUZB3), CSN (CSNA3), TIM (TIMS3), Ambev (ABEV3), Lojas Renner (LREN3), dentre outros. Confira o calendário completo aqui.

Dados do mercado de trabalho são destaque nos Estados Unidos

Depois que o Federal Reserve decidiu por retomar o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, as atenções se voltam para os indicadores do mercado de trabalho, um dos principais geradores de inflação do país.

A maratona de dados começa na terça-feira com o relatório JOLTS, de vagas em aberto – o consenso Refinitiv prevê 9,620 milhões em junho, número levemente inferior ao registrado em maio (9,824 milhões).

A pesquisa ADP, de criação de empregos no setor privado, vai ser divulgada na quarta-feira (2) e a média da projeção de mercado aponta para 188 mil novas posições, menos da metade das 497 mil de junho – dado que surpreendeu e azedou o humor dos investidores.

Ambos os indicadores aquecem a divulgação do dado principal: o payroll do mês de julho, que vai ser apresentado pelo Departamento de Trabalho dos EUA na sexta-feira (4). O consenso Refinitiv prevê a criação que 200 mil empregos formais tenham sido criados no mês passado e que a taxa de desemprego, mais uma vez, tenha se mantido em 3,6%.

Na seara corporativa, a temporada de balanços do trimestre encerrado em junho continua e o grande destaque fica mais uma vez com as big techs. Na quinta-feira, saem os resultados da Apple (AAPL34) e da Amazon (AMZO34), após o fechamento  do mercado.

O consenso Refinitiv prevê lucro líquido reportado de US$ 18,718 bilhões para a Apple no terceiro trimestre fiscal de 2023, encerrado no último mês de junho. A cifra é menor que os US$ 24,160 do trimestre anterior, mas 66,33% maior que o resultado de um ano antes. A média das projeções do mercado aponta para receitas de US$ 81,561 bilhões, menor que os US$ 94,386 bilhões obtidos nos três primeiros meses deste ano.

Para a Amazon, o consenso Refinitiv prevê receitas de US$ 131,467 bilhões e lucro líquido reportado de US$ 3,760 bilhões.

Decisão do Banco Central inglês é destaque na Europa; atenção PMIs na China

Depois que o Banco Central Europeu decidiu por elevar os juros da economia do bloco em mais 25 pontos-base, a expectativa é que o Bank of England (BoE) vá pelo mesmo caminho em sua reunião de política monetária, que termina na quinta-feira. Assim, os juros básicos ingleses passariam a 5,25% ao ano.

O PIB preliminar da zona do Euro no segundo trimestre vai ser divulgado já nesta segunda-feira e a previsão é que desacelera em relação ao começo do ano, confirmando o que o BCE apontou na última semana. No mesmo dia também vai ser divulgado o índice de inflação do bloco, com expectativa de moderação, ainda que os preços continuem em patamares elevados.

Na Ásia, em meio a expectativas de estímulos à economia chinesa, uma leva de indicadores de atividade são esperados para os próximos dias, com índices de gerentes de compras (PMIs) que ainda tendem a se manter em território contracionista.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados