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SÃO PAULO – Um dos marcos na história recente, os atentados terroristas ocorridos há exatos oito anos nos Estados Unidos trouxeram dor e pânico. Além das perdas inéditas para os mercados financeiros, muitos veem nas entrelinhas daquela crise as raízes dos problemas atuais.
Perto de lamentar o aniversário da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, o mundo é forçado a recordar a tragédia ocorrida nas torres gêmeas do World Trade Center, não muito longe da famosa Wall Street – rua em que a NYSE (bolsa de valores de Nova York) se localiza na ilha de Manhattan.
Os eventos daquela terça-feira, 11 de setembro de 2001, deram fim à vida de 2.752 pessoas, marcando uma importante inflexão na postura dos Estados Unidos – à época presidido por George W. Bush -, que conduziria o país à polêmica “Guerra contra o Terror”. Tudo acompanhado ao redor do mundo em tempo real.
Reação dos mercados
Se ao atingir o World Trade Center em Manhattan, os terroristas buscavam o coração dos mercados financeiros, seu objetivo pode se considerar cumprido. O pânico levou não somente à suspensão dos negócios, como ao fechamento da NYSE por quatro dias. No Brasil, o circuit breaker foi acionado e a bolsa paulista interrompeu suas atividades mais cedo, levando o Ibovespa a acumular perda de 9,18%.
Na semana seguinte ao atentado – entre 17 e 21 de setembro – o Dow Jones perdeu mais de 14%. Para se ter uma ideia da magnitude das perdas, a queda registrada em 15 de setembro de 2008, quando o mercado tomou conhecimento da quebra do Lehman Brothers, foi de 4,4%.
O evento marcou a história pelo pânico gerado; mas é preciso lembrar que a tendência no mercado de ações já era negativa. Após atingir o pico de 1.431 pontos em março de 2000, o índice MSCI World iniciou sua queda livre com o estouro da bolha das empresas de tecnologia e internet, sofrendo forte depreciação até bater no fundo de 738 pontos, em setembro de 2002.
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Crise e estabilidade
Após a crise financeira global entre 2000 e 2002, os EUA registraram o último período de recessão antes do atual, ocorrido no ano de 2003. A partir deste momento, a economia global iniciou um vigoroso ciclo de expansão, que somente viria a ser interrompido pelo estouro da bolha nos mercados de imóveis e crédito norte-americanos.
Ao longo deste período, muitos entendem que o mundo viveu sob um fenômeno econômico chamado de “grande moderação”, por conta da estabilidade atingida nas principais variáveis macroeconômicas – como juro, inflação e desemprego – nas mais importantes economias.
Para muitos, boa parte da recuperação econômica pós 11 de setembro se deve à política monetária expansionista de Alan Greenspan, à época presidente do Federal Reserve. Contudo, a permanência dos estímulos por tempo excessivo também estaria na base da crise atual.
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A estabilidade econômica teria deturpado a avaliação de risco dos agentes financeiros, ao mesmo tempo em que as facilidades para obtenção de crédito levaram os norte-americanos a endividar-se excessivamente, colaborando para o colapso sistêmico vivido recentemente.
Guerra do desequilíbrio
Mas uma nova ameaça exigia uma nova estratégia, ao menos na opinião dos líderes norte-americanos. A resposta dos EUA aos ataques terroristas esteve consolidada na perseguição de redes e organizações terroristas baseadas em países como o Afeganistão, cujos governos eram acusados de conivência e colaboração.
A questionada luta norte-americana custou a vida de milhares de soldados e bilhões de dólares, deixando o país em situação fiscal cada vez mais frágil, agravada recentemente pelos pacotes de estímulo à economia e o resgate do sistema financeiro desde 2008.