Simpar (SIMH3) acelera investimentos, mas lucro recua 72% no 3º trimestre de 2022, para R$ 111 milhões

Controladora da Vamos, Movida, JSL injetou R$ 13 bilhões em 12 meses para aproveitar momento de retração da atividade e buscar mais market share

Rikardy Tooge

Caminhão da JSL, companhia do grupo Simpar (Divulgação)
Caminhão da JSL, companhia do grupo Simpar (Divulgação)

Publicidade

A Simpar (SIMH3), holding que controla a Vamos (VAMO3), Movida (MOVI3) e JSL (JSLG3), reportou nesta quarta-feira (9) lucro líquido de R$ 111 milhões no terceiro trimestre deste ano, o que representou uma queda de 72,2% em relação a igual período de 2021.

Segundo a companhia, a queda anual foi um “impacto transitório” que refletiu o cenário de forte inflação o que, por consequência, fez o Banco Central realizar um forte aperto monetário, trazendo a taxa Selic de 4,25% ao ano em junho de 2021 para 13,75% ao ano.

Por outro lado, a alavancagem (que considera a dívida líquida sobre o Ebitda) da holding apresentou leve recuo na comparação anual, de 3,6 vezes para 3,5 vezes. Apesar do nível de endividamento permanecer praticamente estável, a empresa apontou investimentos 46% maiores em um ano, com Capex líquido de R$ 3,2 bilhões.

Investimento pesado

Nos 12 meses até setembro, o investimento líquido (subtraindo a venda de ativos) foi de R$ 13 bilhões, um crescimento de 94%. A Simpar afirma que boa parte do que foi investido ainda não se converteu em receita, uma vez que a implementação desses novos ativos demanda, em média, 90 dias para que possam gerar caixa.

“Nos últimos seis meses, investimos cerca de R$ 6 bilhões e apenas uma fração disso já retornou ao nosso caixa. Ainda há pelo menos R$ 4 bilhões que ainda não “trabalharam” a nosso favor. A fotografia do trimestre pode não ser a melhor, mas nosso filme está muito bonito”, explica ao InfoMoney Denys Marc Ferrez, vice-presidente executivo de finanças da Simpar.

Denys Marc Ferrez, CFO da Simpar: investimento em ritmo acelerado (Divulgação)
Denys Marc Ferrez, CFO da Simpar: investimento em ritmo acelerado (Divulgação)

O executivo reforça que a estratégia do grupo foi acelerar os investimentos em um momento em que empresas de menor porte encontram dificuldades em captar recursos. “Muitas empresas menores acabam parando seus investimentos e de captar clientes, o que para nós é uma oportunidade”, acrescenta.

Continua depois da publicidade

Ebitda recorde

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi recorde e alcançou R$ 1,94 bilhão, ante R$ 1,17 bilhão do 3T21 (alta de 66%). Por outro lado, a margem Ebitda (que leva em conta o indicador sobre a receita líquida) recuou 2,6 pontos percentuais, de 38,4% para 35,8%.

A receita líquida somou R$ 6,9 bilhões, com crescimento de 74,4% no mesmo comparativo, enquanto a receita bruta foi recorde: de R$ 4,37 bilhões para R$ 7,58 bilhões, apontando uma expansão de 73,4% entre os trimestres.

“Mantivemos foco intenso em precificação para aplicar o correto repasse do aumento de custos e dos juros – tema prioritário deste trimestre para garantir a rentabilidade neste e nos próximos períodos”, afirmou a companhia, em comunicado.

Continua depois da publicidade

Vamos, Movida e JSL

Ferrez considera que o trimestre das três empresas da holding listadas na Bolsa – leia-se Movida, JSL e Vamos – foi positivo.

No caso da Movida, do ramo de locação de automóveis e que apresentou lucro de R$ 93,7 milhões (queda de 64%), a avaliação é de que a empresa está em um processo de readequação de mix de frota e ajuste de margens.

A JSL, de transporte logístico, o lucro foi 38% menor, chegando em R$ 42,2 milhões. A avaliação é de que o pior momento já passou. “O mercado achou que teríamos problemas com os contratos de longo prazo, mas é uma empresa que passou por momentos de hiperinflação e sempre soube muito bem repassar os custos”, pondera o CFO.

Continua depois da publicidade

Já a Vamos, de locação de caminhões e maquinário, teve o desempenho mais positivo, com lucro de R$ 150 milhões, um crescimento de 35%. “A Vamos faz parte de um mercado em que não havia concorrência, estamos sendo precursor de um mercado que até então era incipiente.

Além das companhias de capital aberto, a Simpar é dona da Automob (de venda de automóveis), CS Infra (empresa de concessões de infraestrutura), CS Brasil (de serviços) e do banco BBC Digital. No ano, os papéis SIMH3 recuam cerca de 10%.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br