Movida (MOVI3) lucra R$ 93,7 milhões no 3º tri, queda anual de 63,9%; empresa mira em veículos mais baratos

Resultado foi impactado por despesas financeiras, que avançaram com a alta dos juros

Mitchel Diniz

Edmar Lopes, CFO da Movida
Edmar Lopes, CFO da Movida

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A Movida (MOVI3), empresa de locação e venda de veículos seminovos, reportou lucro líquido de R$ 93,7 milhões no terceiro trimestre de 2022, queda de 63,9% na comparação anual. Em relação ao segundo trimestre deste ano,  o resultado foi 49,8% menor. Por se tratar de uma empresa intensiva em capital, o resultado foi impactado por despesas financeiras, que avançaram com a alta dos juros.

Por outro lado, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 925,3 milhões. A cifra é 51% maior que a registrada em mesmo período no ano passado e representa também um avanço de 2,2% em relação ao Ebitda do segundo trimestre de 2022.

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A receita líquida da companhia entre julho e setembro deste ano, por sua vez, ficou em R$ 2,615 bilhões, alta de 66,1% em bases anuais.

“É a primeira vez em que a receita anualizada bate os R$ 10 bilhões. Isso implica em uma mudança muito importante de patamar para a companhia. Conseguimos posicionar a Movida em uma escala substancialmente diferente da que ela tinha quando começou a pandemia”, disse Edmar Lopes, CFO da Movida, em entrevista ao InfoMoney.

Do montante total da receita, R$ 1,2 bilhão veio da locação de veículos, segmento que avançou 65%. O rent-a-car (RAC) também gerou Ebitda de R$ 789,1 milhões.

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No terceiro trimestre, o preço médio da diária de locação bateu recorde, segundo a Movida, chegando a R$ 139,20. Isso representa um avanço de 44% em relação ao valor cobrado um ano atrás.

O volume de diárias cresceu em proporção semelhante, avançando 38%, e chegando a 8,6 milhões no período.

A empresa acredita que ainda há espaço para continuar repassando preços. “Os juros seguem elevados e o preço do carro está maior do que era antes da pandemia, então precisa desse repasse”, disse o CFO.

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Lopes explica que a mobilidade e o turismo internos podem atender àqueles que não conseguem pagar por uma viagem ao exterior no final do ano, em um período de férias sem as restrições da pandemia.

A Movida encerrou o trimestre com uma frota de 213 mil carros, 26,4% a mais que um ano antes. Desse total, 105 mil são do segmento RAC e 108 mil em gestão e terceirização de frotas (GTF).

“Agora que a indústria automobilística voltou a produzir carros populares, a Movida começou a comprar veículos mais baratos. Com isso, a gente vai ter um ciclo mais favorável em termos de fluxo de caixa, pois o esforço para renovação de frota é muito menor”, explicou Lopes.

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Ainda que a entrada de novos veículos pela indústria impacte na depreciação da frota da Movida, o valor dos ativos segue em patamares maiores que os de antes da pandemia.

A receita líquida de GTF atingiu R$ 473,3 milhões no terceiro trimestre, alta de 64,3% na comparação anual. O número refletiu aumento no número de contratos e no ticket médio.

Em seminovos, a companhia vendeu 20 mil carros no período, com ticket médio de R$ 70,7 mil. A receita líquida alcançou R$ 1,4 bilhão, com crescimento de 67%.

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O terceiro trimestre de 2022 marcou ainda a entrada da empresa no mercado internacional com a aquisição da Drive on Holidays, locadora de veículos de Portugal, com uma frota de 3 mil veículos. Segundo o CFO, trata-se de uma aquisição pequena, mas com potencial para ganhar relevância daqui a cinco anos.

“Portugal é um mercado de moeda forte, com potencial de retomada do turismo, um país próximo com pouca concorrência”, disse Lopes.

Também foi no terceiro trimestre que a Movida passou a ofertar serviços de rastreamento e assistência com sua marca SAT. A empresa decidiu internalizar essa tecnologia e atividades, antes delegadas a terceiros, a partir do ganho de escala da companhia.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados