BRF (BRFS3) tem prejuízo líquido de R$ 136,8 milhões no 3º trimestre de 2022, aquém da expectativa do mercado

Resultado foi 50,6% melhor do que o registrado em igual período do ano passado, quando o prejuízo alcançou R$ 277 milhões

Rikardy Tooge

Sadia: marca de referência da BRF é uma das mais desejadas pelo mercado (Divulgação/BRF)
Sadia: marca de referência da BRF é uma das mais desejadas pelo mercado (Divulgação/BRF)

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A BRF (BRFS3) registrou prejuízo líquido de R$ 136,8 milhões no terceiro trimestre de 2022, informou a dona das marcas Sadia e Perdigão nesta quarta-feira (9). O resultado foi 50,6% melhor do que o registrado em igual período de 2021, quando o prejuízo foi de R$ 277 milhões.

Porém, o desempenho foi na contramão do consenso Refinitiv com analistas, que tinha a expectativa de um lucro de R$ 64,83 milhões. A empresa destacou, porém, que o resultado do último trimestre foi melhor do que os dois últimos, quando a BRF reportou prejuízos de R$ 468 milhões no 2T22 e de R$ 1,58 bilhão no primeiro trimestre do ano.

O novo CEO da BRF, Miguel Gularte, que assumiu o cargo no fim de agosto, disse que, apesar da última linha do balanço ser negativa, a sequência de resultados começa a desenhar um horizonte melhor para a companhia. “O desafio para 2023 é manter esta mesma performance de modo que ela possa impactar de forma positiva todos os indicadores, inclusive o lucro líquido”, disse Gularte, durante coletiva de imprensa.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da BRF foi de R$ 1,32 bilhão no 3T22, uma queda de 6,3%, mas bem próximo do consenso do mercado, de R$ 1,34 bilhão. A margem Ebitda foi de 9,4%, com queda de 2 pontos percentuais.

Já a receita líquida somou R$ 14,1 bilhões, alta de 13,4% em comparação com o mesmo período do ano passado. Neste indicador, o resultado superou a expectativa dos analistas, que era de R$ 13,8 bilhões de receita.

‘Ajuste nos ponteiros’

Gularte reconheceu que os desempenhos negativos da BRF no decorrer de 2022 reforçam a necessidade de melhora na operação. Na visão dele, é necessário um ajuste em todos os pontos da cadeia de atuação da BRF.

“Nós temos que tornar a empresa mais ágil e capitalizar vantagens, desde o controle da mortalidade de animais até a logística e a execução comercial. Temos Sadia e Perdigão, que são marcas ícones, e um plano claro que devemos priorizar”, defendeu o CEO.

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O executivo também deixou claro que pretende imprimir ritmo próprio a sua gestão. “Eu não venho para desentortar nada [em referência a uma declaração de Abílio Diniz quando comandou a BRF], eu tenho histórico e sei como fazer”, acrescentou Gularte, que até agosto comandou a gigante de carne bovina Marfrig – companhia que hoje é controladora da BRF.

Vendas no Brasil

No mercado brasileiro, responsável por cerca de 60% do faturamento da BRF, a receita líquida foi de R$ 6,8 bilhões (alta de 6%), com Ebitda ajustado de R$ 458 milhões, com queda de 48%.

Gularte lembrou que o desempenho da BRF no país é muito ligado à conjuntura econômica e que a inflação e o menor acesso das famílias ao Auxílio Brasil de R$ 600 evitaram uma expansão maior nas vendas do mercado interno.

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“O mercado não dimensionou de forma exata [a entrada do auxílio]. Se esperava que os R$ 600 teriam o mesmo impacto do início da pandeia, só que o alcance foi menor”, disse o executivo, acrescentando que a empresa precisa melhorar os processos de execução comercial. “Não vamos renunciar nenhum volume ou share, vamos seguir trabalhando para ocupar espaço”.

Exportação

Já o segmento internacional da BRF foi responsável por uma receita líquida de R$ 6,54 bilhões, aumento de 20% se comparado ao mesmo período do ano passado, com destaque para o as exportações realizadas para a China, Japão e Coreia do Sul.

O CFO da companhia, Fabio Mariano, apontou que os números foram resultado de uma boa estratégia de preços praticados no exterior somado a habilitação de novas plantas no exterior. “Nós trabalhamos muito bem nosso portfólio, privilegiando as regiões que apresentavam o melhor preço. Trabalhamos bem o mercado externo e é nossa prioridade aumentar as alternativas [de mercados]”, concluiu.

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Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br