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NOVA YORK – Em seu primeiro discurso internacional como presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto dedicou uma parte importante de sua apresentação à situação do mercado de crédito no Brasil. Para ele, a queda da taxa Selic “aumenta a visibilidade” e permite enxergar “as imperfeições do sistema”.
“Estamos longe de uma situação ideal no mercado de crédito”, afirmou Campos Neto no evento XP Investments Conference Brazil: First 100 Days, promovido pela XP em Nova York.
Na avaliação de Campos Neto, o grande problema são os spreads elevados, e isso se deve, principalmente, à dificuldade de recuperar empréstimos quando há inadimplência. Segundo ele, a taxa média de recuperação no Brasil é de apenas 50% e leva-se, em média, 4 anos para que isso aconteça. Em alguns casos, os custos do processo são maiores que o valor recuperado.
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Por essa razão, as modalidades de crédito que contam com algum tipo de garantia, como o consignado, têm juros mais baixos que os demais. “Temos de trabalhar nisso para melhorar as taxas de recuperação de crédito”, disse.
O presidente do BC afirmou ainda que um de seus objetivos no cargo é “democratizar o mercado financeiro”, incluindo mais pessoas e empresas no sistema. Para ele, atualmente, é dada muita importância a quem tem dificuldades para tomar empréstimos. “Isso é importante, mas também é preciso se preocupar com quem tem dinheiro para investir”, declarou. Para ele, os investidores precisam ter acesso a produtos adequados.
Independência do Banco Central
Durante sua palestra, Campos Neto disse ainda que soube hoje (10/4) que o governo enviará ao Congresso em breve um projeto de independência do Banco Central. Ele ressaltou que, quando um país tem um BC independente, os juros tendem a cair, mesmo se as demais condições da economia forem mantidas.
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Zeina Latif, economista-chefe da XP que participa do evento, ressaltou ser interessante ver um presidente do BC brasileiro falar de questões estruturais, e não apenas de política monetária. Campos Neto elogiou a gestão anterior do BC e lembrou que a inflação está dentro da meta e as expectativas estão ancoradas.
Cenário externo é desafio
Campos Neto se mostrou relativamente preocupado com o cenário externo que, para ele, “continua desafiador para os mercados emergentes”.
“O mundo está crescendo menos. A dúvida é se isso é bom ou ruim”, afirmou. A resposta, acrescentou, depende de como isso afeta o fluxo de recursos para mercados emergentes. Se a desaceleração da economia mundial for gerenciável, os fluxos devem continuar.
Mas, se for mais profunda do que se espera, a situação pode se complicar, porque os países têm menos ferramentas para estimular a economia, já que os juros estão baixos. Nesse caso, pode haver menos fluxo de recursos para mercados emergentes.
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