Ações de varejistas têm baixa com alta dos juros futuros e recuo do governo em imposto de importações; Renner (LREN3) cai 4%

Além de companhias de moda, Via e Magazine Luiza também são impactadas por decisões federais nesta terça-feira

Vitor Azevedo

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As ações das varejistas brasileiras tiveram queda nesta terça-feira (18), na esteira do anúncio de que o Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, não irá acabará mais com a isenção da cobrança de impostos em importações entre pessoas físicas até o valor de US$ 50. Além disso, as empresas sofreram também com a alta dos juros futuros, que acompanham a entrega do arcabouço fiscal no Congresso.

Os papéis da Lojas Renner (LREN3) caíram 4,12% (R$ 16,05), os da Via (VIIA3) tiveram baixa de 2,03$ (R$ 1,93) e os do Magazine Luiza (MGLU3), 3,28% (R$ 3,54). As ações da C&A (CEAB3) tiveram baixa de 3,32% (R$ 2,91), da Marisa (AMAR3) desvalorizaram 9,59% (R$ 0,66) e as preferenciais da Alpargatas (ALPA4) caíram 2,95% (R$ 7,24).

Anteriormente, a ideia do governo era acabar com a isenção dos impostos entre envios de pessoa física para pessoa física. O argumento da equipe econômica era que empresas chinesas, utilizando plataformas como a Shein, Shopee e AliExpress, se passam por pessoas físicas para fraudar a cobrança de impostos.

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Agora, após diversas críticas e ajustando a comunicação após o mau recebimento da notícia, o Governo Federal pretende manter a isenção – mas afirma que irá reforçar a fiscalização sobre as vendas nesses sites e aplicativos.

“A taxação de importadoras asiáticas é vista como bastante positiva para o varejo nacional. O volume de importações vem crescendo rapidamente e é uma categoria de competidores com uma vantagem de custo muito grande, baseada no não recolhimento de todos os impostos que o varejo nacional é obrigado a recolher”, explica Ivan Barboza, sócio-gestor do Ártica.

As operações que envolvam pessoas jurídicas não terão isenção, mas o custo de fiscalização pode ser mais alto.

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Apenas no ano passado, Shopee e Shein tiveram faturamento de mais R$ 25 bilhões. A maior taxação dessas empresas acaba sendo vista como uma possibilidade de as companhias brasileiras aumentarem seus faturamentos.

“A concorrência de plataformas de comércio eletrônico transfronteiriças, especialmente Shein, tem sido uma das principais preocupações dos investidores em relação às ações de empresas locais de varejo de vestuário (especialmente com Lojas Renner) nos últimos meses”, disseram os analistas do Goldman Sachs, em relatório divulgado após o anúncio do fim da isenção, na semana passada.

Mais do que a concorrência mais pesada, a não taxação das varejistas chinesas também traz outro problema: o faturamento proveniente da mudança era uma parte relevante do plano de Fernando Haddad para compor as receitas do Governo, que agora terá de buscar outras alternativas. A incerteza impulsiona a curva e juros brasileira.

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“Tanto a alta dos DIs quanto a questão do governo voltar atrás na taxação das encomendas internacionais impactam na queda das varejistas hoje. Além disso, essas empresas geralmente dependem de empréstimos e financiamentos para manter suas operações em funcionamento, e juros altos tornam esses empréstimos mais caros”, diz Fabrício Gonçalvez, Ceo da Box Asset Management.

Por fim, quando o assunto é curva de juros, investidores ainda monitoram também a entrega do arcabouço fiscal no Congresso.