Relatório de emprego nos EUA, falas do Fed, STF x Musk e mais destaques desta 6ª

Confira os assuntos econômicos, corporativos e políticos que devem mexer com os mercados nesta sexta-feira (6)

Camille Bocanegra Felipe Moreira

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Assim como o relatório Jolts na quarta-feira, os dados do Relatório Nacional de Emprego ADP também demostraram que o mercado de trabalho americano vem esfriando. Os números mostraram redução na criação de vagas no mercado privado pelo quarto mês seguido, com 99 mil postos gerados. O dado bem abaixo do consenso, que previa 145 mil novas vagas, pode ser um bom indicativo do que esperar do payroll nesta sexta-feira (6).

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse na quinta-feira que o país ainda tem um “mercado de trabalho bom e saudável”, embora o ritmo de criação de empregos tenha diminuído nos últimos meses. A expectativa é que o dado mostre taxa de desemprego em ligeira queda para 4,2%.

Mas os dados de emprego do setor privado divulgados na quinta-feira mostraram que empregadores contrataram o menor número de trabalhadores em três anos e meio em agosto, com as contratações do mês anterior revisadas para baixo, sugerindo uma possível desaceleração acentuada nas contratações. “Acho que temos uma economia e um mercado de trabalho saudáveis”, disse Yellen.

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Após a divulgação dos dados do setor privado, o rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano recuava para 4,039%, de 4,067% na véspera, enquanto o S&P 500 mostrava acréscimo de 0,06%.

Investidores agora aguardam o relatório do governo mais amplo sobre o mercado de trabalho, que pode ajudar a definir as apostas sobre a magnitude de um corte de juros tido como certo pelo Federal Reserve neste mês, se de 0,25 ponto percentual ou 0,50 ponto. Atualmente, a taxa está na faixa de 5,25% a 5,50%.

De acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, com mais um dado fraco do mercado de trabalho mostrado pela ADP, houve um aumento das expectativas de corte de 0,5 ponto na decisão que será conhecida no próximo dia 18.

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Na quinta-feira, as apostas para um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros subiram para 60% enquanto a probabilidade de um ajuste maior, de 0,50 p.p., ficou em 40% pela ferramenta FedWatch do CME Group. Um mês atrás, a expectativa de redução de 0,50 p.p. era de 80% (ante 15% de chances de corte menor).

O que vai mexer com o mercado nesta 6ª

Agenda

Nesta sexta-feira, o ministro Fernando Haddad se reunirá com Marcos Molina, controlador e presidente dos Conselhos de Administração da BRF e Marfrig, às 10h. Na sequência, se encontrará com João Pedro Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na parte da tarde, tem reunião com Marcelo Marangon, CEO do Citibank. Na diretoria do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, diretor de fiscalização, terá compromisso público 9ª Sessão do Comitê de Decisão de Processo Administrativo Sancionador (Copas), em Brasília, às 10h. Já o presidente Lula participa de cerimônia de inauguração do 1° trecho do BRT Norte-Sul de Goiânia e anúncios de investimentos nos Institutos Federais em Goiás, às 12h.

Brasil

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8h – IGP

EUA

9h30 – Payroll  

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9h45 – Discurso de William, membro do FOMC  

12h – Discurso de Waller, membro do Fed 

Mercados Internacionais

Os índices futuros dos Estados Unidos operam em território negativo, refletindo a incerteza dos investidores em relação ao tamanho do corte da taxa de juros por lá, enquanto aguardam a divulgação do relatório de empregos dos EUA nesta sexta-feira (6). Esse indicador, considerado o mais importante para medir a saúde do mercado de trabalho americano, deve influenciar diretamente na decisão do Federal Reserve sobre os juros na próxima reunião, marcada para 18 de setembro.

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STF x Elon Musk

A contestação do Partido Novo à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a plataforma de rede social X, de Elon Musk, no Brasil leva o caso a outro juiz do tribunal e pode complicar a disputa de alto risco com o império de negócios do bilionário. “Trata-se de liberdade de expressão — queremos que o X volte ao normal no Brasil”, disse à Reuters Jonathan Mariano, procurador federal e candidato do Partido Novo a uma cadeira de vereador no Rio de Janeiro.

Na semana passada, Moraes ordenou o bloqueio do X em seu sexto maior mercado, depois que a plataforma, antigo Twitter, não cumpriu ordens de bloquear algumas contas acusadas de espalhar “notícias falsas” e mensagens de ódio que o juiz disse serem uma ameaça à democracia. Ele também congelou os ativos da empresa de banda larga via satélite Starlink, de Musk, para possível uso no pagamento de multas impostas ao X.

Musk, que chamou Moraes de “ditador”, o acusou de “fechar a fonte número 1 da verdade no Brasil”. O X fechou seus escritórios no país devido ao que chamou de “censura” do ministro do STF.

Corporativo

Vale (VALE3)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira ter a expectativa de fechar um acordo até o começo de outubro com Samarco e suas sócias, Vale (VALE3) e BHP, para reparação e compensação pelos rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho (MG).

Em entrevista à Rádio Vitoriosa de Uberlândia, o presidente frisou que o acerto deverá levantar recursos para “recuperar o que foi estragado, para cuidar do povo”. “Até o começo de outubro a gente vai resolver a questão do acordo com a Vale para resolver o problema de Mariana e de Brumadinho”, disse o presidente à rádio.

“É uma coisa que se arrasta há dez anos. Vários compromissos, várias tentativas de fazer acordo, várias decisões judiciais… e a Vale não cumpre. Agora vai ter que cumprir”, disse.

O rompimento da barragem em Mariana, da Samarco — uma joint venture da Vale com a BHP –, há quase nove anos, deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce em toda a sua extensão, até o mar do Espírito Santo.

Economia

Câmbio

 O Banco Central informou que dará início, a partir desta sexta-feira, a leilões diários para a rolagem de US$ 15,1 bilhões em swaps cambiais tradicionais que expiram em 1º de novembro, em um total de 302.008 contratos.

O BC informou que, como de costume, os lotes ofertados poderão ser alterados a cada dia e que as propostas acatadas podem eventualmente ser inferiores à oferta, a depender das condições de demanda, sem prejuízo do objetivo de rolagem integral do vencimento.

No contrato de swap cambial tradicional, o título paga ao comprador a variação da taxa de câmbio acrescida de juros. Em troca, o BC recebe a variação da taxa Selic. A operação equivale à injeção de dólares no mercado futuro. A primeira operação de rolagem dos contratos de novembro ocorrerá das 11h30 às 11h40 desta sexta-feira. Serão ofertados 12.000 contratos com vencimentos para 05/03/2025 e 01/08/2025.

Expectativas de inflação

Em evento durante a tarde, o diretor de Política Monetária do BC, Diogo Guillen, reforçou que a autarquia precisa conduzir a política monetária de forma a levar as expectativas de inflação de volta ao centro da meta de 3%, acrescentando que elas continuam desancoradas.

Questionado sobre indicações recentes do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que o começo da alta da taxa básica Selic seria “gradual”, Guillen disse ser normal que o gradualismo ocorra em inícios de ciclos. Ao mesmo tempo, pontuou que a comunicação mais recente do BC traz indicação de um início gradual de um novo ciclo.

No mercado, uma das leituras das declarações de Campos Neto e de Guillen é a de que a probabilidade maior é de alta de 25 pontos-base da Selic em setembro. Perto do fechamento a curva precificava 90% de probabilidade de alta de 25 pontos-base e 10% de chance de aumento de 50 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 78% e 22%, respectivamente.

No exterior, a expectativa agora recai na divulgação do relatório “payroll” sobre o mercado de trabalho dos EUA na manhã de sexta-feira. No fim da tarde os yields seguiam em queda firme.

Riscos fiscais


As instituições financeiras passaram a ver os riscos fiscais como os mais relevantes para a estabilidade financeira no Brasil nos próximos três anos, segundo pesquisa do Banco Central divulgada nesta quinta-feira. Realizada de 29 de julho a 12 de agosto, a Pesquisa de Estabilidade Financeira (PEF) indicou que 41 das 100 instituições consultadas apontam os riscos fiscais como os mais importantes. No levantamento anterior, de maio, foram 27 de 100 instituições.

O risco relacionado ao cenário internacional é o segundo mais importante, com 23 de 100 citações. Em maio, este era o risco mais importante na visão das instituições, com 38 indicações. Em relação à percepção sobre o fiscal, conforme o BC, os destaques foram preocupações com a trajetória da dívida pública e com os impactos da política fiscal nos preços dos ativos e na política monetária.

Auxílio-gás e regras fiscais

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta quinta-feira que o governo está revisando o projeto de lei que muda regras do auxílio-gás, ressaltando que o desenho feito pela pasta respeitará todas as regras fiscais vigentes.

Em entrevista à imprensa, Ceron afirmou que há um sentimento no governo de que é preciso rever alguns pontos do texto, que foi anunciado neste mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de ampliar o acesso ao benefício para mais de 20 milhões de famílias até 2025, ante 5,6 milhões que recebem o auxílio atualmente.

“O Tesouro, com todo o governo, está debruçado para encontrar uma solução que não gere uma sensação de descumprimento de algum regramento”, disse o secretário.

Novas medidas para receita

O secretário do Tesouro Nacional disse também que o governo está pronto para apresentar novas medidas de ampliação da arrecadação caso sejam observadas frustrações de receitas.

Ceron afirmou que essa análise das receitas será feita nas próximas semanas e, se necessário, a apresentação das medidas será feita em conjunto com o relatório bimestral de receitas e despesas, que tem divulgação prevista para o dia 20 deste mês.

“Nós temos medidas preparadas para caso, na avaliação do relatório bimestral, notarmos que ainda há necessidade de medidas para compensar frustrações de receita”, disse.

Ceron citou como exemplo o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que tem tido arrecadação “substancialmente aquém das previsões iniciais”, o que eventualmente exigirá um reforço compensatório nas receitas, segundo ele.

Limite de despesas

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que a proposta de limitar o crescimento de todas as despesas públicas pelo teto do novo arcabouço fiscal está “em debate” e “amadurecendo dentro do governo”.

Se a ideia prosperar e ganhar o aval de Lula, despesas como Previdência e pisos com saúde e educação teriam de se sujeitar ao limite geral da regra fiscal, que trava o crescimento das despesas em 2,5% ao ano acima da inflação.

‘Quero ter sorte para baixar os juros’

Em participação na abertura da 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quinta-feira que quer ter “sorte para baixar os juros”.

Política

Eleições em São Paulo

A disputa pela Prefeitura de São Paulo segue com três candidatos tecnicamente empatados na liderança, segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta. O deputado federal Guilherme Boulos (Psol) tem 23%, seguido pelo influenciador digital Pablo Marçal (PRTB) e pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), ambos com 22%.

Sem candidatos para Senado e Câmara

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que não tem candidato nem para a presidência do Senado e nem da Câmara, e que a escolha dos nomes para o comando das Casas nos próximos dois anos cabe aos partidos e aos parlamentares.

“O presidente Lula, o presidente do Brasil não tem candidato a presidente da Câmara. A presidência da Câmara é da responsabilidade dos partidos políticos e dos deputados federais; a presidência do Senado é da responsabilidade dos senadores e dos partidos políticos que compõem o Senado”, disse Lula em entrevista à Rádio Vitoriosa, em Uberlândia (MG).

“Espero que a Câmara eleja o melhor, que o Senado eleja o melhor, para que a gente tenha dois anos de governo muito, muito, muito virtuoso a partir do ano que vem” acrescentou. Oficialmente, a disputa pelos comandos das duas Casas ainda não começou. Mas já existem movimentações nos bastidores. O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve anunciar seu apoio a um candidato nos próximos dias.

Lula afirmou que não são os presidentes da Câmara e do Senado que precisam dele, mas o oposto.

Dívida de Minas Gerais

Na entrevista à rádio, Lula também comentou esperar que o governo federal comece a receber a dívida de Minas Gerais. Há uma negociação entre a União e estados devedores para estabelecer uma nova forma de pagamento das dívidas.

“Espero que a gente comece a receber a dívida de Minas Gerais. E nós estamos fazendo um acordo porque a gente também não quer prejudicar o estado. A gente não quer deixar o estado não funcionando. A gente quer fazer um acordo em que a gente possa receber o atrasado, mas a gente cuidar de o estado ter dinheiro para investimento para fazer as coisas que são necessárias para o povo de Minas Gerais”, afirmou o presidente da República.

Silvio Almeida

A ONG Me Too Brasil afirmou nesta quinta-feira (5) que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. As mulheres que apresentaram as denúncias solicitaram anonimato à organização.

Em nota, a Secretaria de Comunicação reconhece a gravidade das denúncias e diz que o ministro foi chamado a prestar esclarecimentos na CGU. Almeida diz que as denúncias contra ele são falsas.

(Com Reuters, Estadão)